Terceiro ciclo do ensino básico vai ter menos disciplinas

Publico | 2009-12-22

A partir do próximo ano, vai existir menos dispersão nas escolas. Atualmente, os alunos do 3.ciclo têm 13 disciplinas.

O 3. ciclo do ensino básico terá um novo currículo já a partir do próximo ano letivo, anunciou ontem a ministra da Educação, Isabel Alçada. O número de disciplinas vai ser diminuído, embora se mantenha a mesma carga horária. Deste modo, explicou Alçada, os alunos terão “mais tempo” para poderem trabalhar cada disciplina. Haverá “menos dispersão”, acrescentou. Atualmente, os alunos do 3. ciclo têm 13 disciplinas, várias delas correspondentes a áreas não curriculares.

“Se perguntarem aos alunos quantas cadeiras têm, muitos deles não saberão responder. E os pais também não”, lembrou a ministra durante a sua primeira audição na Comissão de Educação da Assembleia da República. No conjunto, o que se tem proposto em termos de aprendizagens “não é, muitas vezes, compreendido por quem está nas escolas”, frisou, defendendo que é necessário reanalisar a “articulação curricular” entre disciplinas, “tornar os programas mais claros” e adotar instrumentos de avaliação que permitam aferir o “progresso das escolas, das turmas, de cada aluno”. Para esta reforma será essencial o estabelecimento de metas de aprendizagem por ano, que sejam tidas como exequíveis pelos alunos, disse.

Sobre as negociações em curso com os sindicatos, e respondendo a perguntas dos deputados, a ministra da Educação insistiu que as boas classificações serão mesmo sujeitas a quotas e que a progressão na carreira ficará, em determinados escalões, dependente da abertura anual de vagas. A ministra lembrou que este é o regime em vigor na administração pública. Durante uma sessão que se prolongou por quase quatro horas, Alçada frisou também que, contrariamente ao que se passa noutras profissões, no que respeita aos índices salariais dos professores “não há uma desigualdade muito grande em relação a outros países europeus”. “Neste momento de crise, não é defensável em termos de interesse público que uma profissão tenha uma posição de benefício em relação a outras profissões ou carreiras”, acrescentou. Em declarações aos jornalistas, disse, contudo, estar com “bastante esperança” de que seja possível alcançar um acordo – “total ou parcial” – com os sindicatos sobre o novo estatuto da carreira e o modelo avaliação de desempenho. A próxima ronda está marcada para amanhã.

Imigrantes que estudam têm documentos

Correio da Manhã | 2009-12-19

Projeto ‘SEF vai à escola’ arrancou ontem na escola básica 2/3 Damião de Góis, em Marvila.

O projeto ‘SEF Vai à Escola’, apresentado, ontem, na Escola Básica 2/3 Damião de Góis, em Marvila, Lisboa, “vai chegar a todas as escolas” para “unir a integração ao sucesso escolar”, disse a ministra da Educação, Isabel Alçada.
‘SEF Vai à Escola’ tem como objetivo atribuir ou renovar os documentos de autorização de residência de cidadãos estrangeiros que estão a frequentar estabelecimentos de ensino reconhecidos.

O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, também presente na apresentação do projeto, sublinhou que a iniciativa pretende “regular a imigração ilegal, lutar contra o auxílio à imigração ilegal, contra o tráfico de pessoas e apostar fortemente na integração”.

Por sua vez, o diretor-geral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Manuel Palos, explicou que “a ideia é atrair os alunos imigrantes à escola, garantindo-lhes que a sua situação e a dos pais será regularizada”.

Ministério quer alterar plano de estudos do ensino básico

Público | 2009-12-17

O Ministério da Educação quer fazer alterações no plano de estudos do ensino básico e vai mexer no número de disciplinas para que haja uma maior articulação das áreas curriculares. O número de horas também vai sofrer mudanças, revelou a ministra Isabel Alçada na abertura do seminário O impacto das avaliações internacionais nos sistemas educativos, no Conselho Nacional de Educação (CNE), ontem, em Lisboa.

O Ministério da Educação quer fazer alterações no plano de estudos do ensino básico e vai mexer no número de disciplinas para que haja uma maior articulação das áreas curriculares. O número de horas também vai sofrer mudanças, revelou a ministra Isabel Alçada na abertura do seminário O impacto das avaliações internacionais nos sistemas educativos, no Conselho Nacional de Educação (CNE), ontem, em Lisboa.

Isabel Alçada está preocupada com o trabalho na sala de aula. Além das competências básicas na área da leitura, escrita, Matemática e Ciências, também as Tecnologias de Informação e Comunicação são consideradas essenciais, avançou a ministra, acrescentando que a tutela está a dar grande atenção ao currículo, de maneira a resolver problemas e promover melhores resultados escolares.

Além do “ajustamento do plano de estudos” para o básico, outra das ações prioritárias é estabelecer metas de competências para cada ano de escolaridade – esta foi a primeira medida anunciada por Alçada. Esta é também uma das medidas que a maior parte dos países com bons resultados no estudo PISA (que avalia a literacia na língua materna, Matemática e Ciências dos alunos do 15 anos dos países da OCDE) já adotou, revela o estudo Opções educativas setoriais de alguns países integrados no PISA, coordenado por Glória Ramalho e encomendado pelo CNE, ontem apresentado.

O estudo mostra as opções educativas de seis países bem posicionados no PISA (Austrália, Canadá, Finlândia, Japão, Reino Unido e Irlanda) e da vizinha Espanha, escolhida pela proximidade. O objetivo não é “copiar”, mas a comparação pode servir de inspiração para que se mudem algumas práticas, defende Ana Maria Bettencourt, presidente do CNE.

Para Isabel Alçada, os estudos internacionais permitem “clarificar a situação de Portugal face aos seus parceiros” e “criar um padrão que permita apreciar se o sistema educativo nacional está a ser desenvolvido de forma correta”.

Andreas Schleicher, da OCDE, considera que, por vezes, não é preciso gastar mais dinheiro para ter melhor educação. Os países bem colocados têm currículos claros, metas estabelecidas, bons professores e escolas com autonomia, mas também têm avaliação, conclui.

Ministra defende educação sexual como arma contra a sida

LUSA/Sol | 2009-11-28

A ministra da Saúde defendeu a introdução da educação sexual nas escolas como uma forma de sensibilizar as crianças e os jovens para a prevenção do VIH para reduzir o crescimento de novos casos, e lamentou a existência de tabus em relação ao assunto.

«A sexualidade é algo que faz parte da vida humana e deve ser falada nas escolas, com os professores, e em casa com os pais», disse hoje Ana Jorge, à margem da inauguração do Centro de Apoio Domiciliário e Aconselhamento Psicossocial da Abraço no Porto.

Ana Jorge considerou prioritário reforçar a prevenção primária da infeção VIH, realçando que «no dia em que deixe de ser tabu falar da sida, as pessoas ficam mais atentas e aderem mais ao processo de prevenção primária».

Em declarações aos jornalistas, a ministra da Saúde lamentou que «falar da sida continue a ser um tabu», referindo os protocolos que existem com o ministério da Educação para «envolver os professores e os alunos a vários níveis de ensino, chamando a atenção para a prevenção primária».

«Temos que intensificar esse trabalho de ações concertadas para sensibilizar as crianças e os jovens», acrescentou.

Para Ana Jorge, «Portugal tem vindo a ter uma grande evolução do problema, mas ainda há muito trabalho a fazer», considerando que a redução da taxa de mortalidade levou à desvalorização dos riscos. «Hoje, morre-se menos mas não se pode descuidar a prevenção primária. O facto de a sida ser uma doença crónica levou a que muitas pessoas com comportamentos de risco a desvalorizem e não se protejam», defendeu.

Ana Jorge falava à margem da inauguração do Centro de Apoio Domiciliário e Aconselhamento Psicossocial da Abraço no Porto, um espaço com o objetivo de responder às necessidades dos utentes do Grande Porto.

Em declarações à Agência Lusa, a presidente da Abraço, Margarida Martins, afirmou que este novo centro (nas instalações do ex-centro de saúde de Aldoar), funcionará em paralelo com o Centro de Apoio de Gaia e com a Casa de Acolhimento do Porto.

As instalações, que foram cedidas pela Câmara do Porto, destinam-se a apoiar todos os seropositivos e suas famílias.

Neste centro, disse Margarida Martins, vai ser possível dar apoio de emergência social, distribuir alimentos, encaminhar doentes, entre outros serviços.

Sociedade Portuguesa de Filosofia espera que a disciplina volte a ser valorizada

LUSA/Sol | 2009-11-18

O presidente da Sociedade Portuguesa de Filosofia, Ricardo Santos, lamentou hoje os «golpes sofridos» por esta disciplina nos últimos anos e manifestou esperança de que a nova equipa do Ministério da Educação volte a valorizá-la.

«Internacionalmente, a Filosofia está em grande expansão. Em Portugal não é tão visível», afirmou Ricardo Santos, para quem a disciplina no ensino secundário sofreu «golpes sérios de desvalorização, com a eliminação do exame geral», tendo «quase desaparecido do 12. ano», o que acaba por ter reflexos no Ensino Superior.

Porém, a universidade continua a ser «o lugar privilegiado da filosofia», admitiu.

«A vertente que mais se desenvolveu nos últimos anos foi a investigação, graças ao apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Há aqui um salto, tanto em quantidade como em qualidade», reconheceu.

A Filosofia para crianças, acrescentou, «está em crescendo», com muita procura no ensino privado como disciplina de enriquecimento extra-curricular.

«Também tem havido considerável procura de cursos livres para adultos», mas ainda assim o responsável lamenta que os portugueses desconheçam os filósofos nacionais.

Apesar de as revistas e livros de filosofia se irem multiplicando, «falta traduzir muita coisa e era preciso mais gente a escrever divulgação», defendeu.

Na véspera do Dia Mundial de Filosofia, que se assinala quinta-feira, Ricardo Santos defendeu que esta tem «um contributo importante» para dar nas diversas áreas da sociedade.

Gostava que houvesse mais parcerias e maior intervenção dos filósofos no espaço público: «São coisas que têm acontecido, mas devem ser reforçadas».

«Em Portugal, a imagem corrente do que é um filósofo está distorcida. Os filósofos profissionais portugueses não são conhecidos da população», lamentou.

Apesar de desejar ver a Filosofia acarinhada institucionalmente, Ricardo Santos afirma-se apologista dos pequenos passos.

«O que há a fazer para melhorar as condições terá de ser feito todos os dias no espaço de trabalho de cada um».

A filosofia, recordou, é «um contributo essencial para ajudar as pessoas a pensar melhor», logo para uma sociedade melhor, embora os resultados não tenham visibilidade imediata.

«é um ganho operacional na nossa própria capacidade intelectual», resumiu, lamentando que se tenha «desinvestido» na disciplina.

«O que precisávamos agora é que o Ministério da Educação revertesse aquilo que foi o movimento de desvalorização da disciplina e que vai no sentido oposto ao que se passa noutros países», lamentou, manifestando esperança na equipa liderada por Isabel Alçada, porque «muito depende disso».

CONFAP quer antecipar orientação vocacional para 5. e 6. anos

Correio da Manhã | 2009-11-14

Profissões para miúdos de 10 anos.

A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) propôs ontem à ministra da Educação, Isabel Alçada, que a orientação vocacional dos alunos seja antecipada do 9 para os 5 e 6 anos de escolaridade, ou sejam, para quando as crianças têm 10 e 11 anos de idade. A Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) não concorda, considerando ser demasiando cedo para as crianças.

“Faz parte de uma reforma curricular do 3 ciclo que pretendemos que seja aplicada. As escolas precisam de antecipar para o 2 ciclo a orientação vocacional dos alunos, mantendo níveis de exigência elevados. Deve ser antecipada para o mais cedo possível”, afirmou Albino Almeida ao CM, explicando: “Agora, essa orientação, existe no 9 ano e nós achamos que deve começar já no 5 ou 6 ano. Esta alteração deve ser acompanhada da definição das metas de aprendizagem para cada ano que, inclusive, já foi anunciada pela ministra”.

Estas medidas estão todas inseridas num cenário de reforma curricular do 3 ciclo. “A orientação vocacional antecipada permitirá que os alunos sejam bons pedreiros, padeiros, assim como são bons médicos, engenheiros ou advogados. Não por castigo, mas porque a sua orientação vocacional os dirige para esse campo”, sustentou Albino Almeida, acrescentando: “As crianças não aprendem todas da mesma maneira. As escolas têm de ser auxiliadas na definição do percurso educativo de cada um dos alunos.

Por sua vez, Maria José Viseu, da Cnipe, considera que a antecipação da orientação vocacional para o 2 ciclo é prematura: “Estamos a falar de alunos com 9 e 10 anos. Não me parece que os encarregados de educação concordem em definir uma profissão para os filhos com essas idades”.

Da reunião com Isabel Alçada, Maria José Viseu realça a integração da Cnipe nas discussões educativas como confederação consultiva. “Na governação da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues isso nunca aconteceu, apesar das inúmeras solicitações da nossa parte”, realçou a dirigente, revelando o teor de algumas propostas realizadas ao longo do encontro: “Alertámos para a necessidade de revisão do estatuto do aluno, responsabilizando mais os pais na disciplina dos filhos. Outro aspeto que entendemos preocupante é a falta de pessoal auxiliar educativo e a educação especial”.

Educação Sexual “não é só conversas”

Correio da Manhã | 2009-11-08

Congresso em Braga.

O congresso sobre ‘Sexualidade e educação para a felicidade’, que ontem terminou em Braga, concluiu que a disciplina de Educação Sexual nas escolas “não se pode resumir a meras conversas sobre sexo e métodos contracetivos”.

Os participantes no II Congresso Internacional de Pedagogia, promovido pela Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, defendem que “a educação para a sexualidade deve ser uma temática transversal a várias disciplinas”.

Segundo o psicólogo clínico Eduardo Sá, “criou-se uma banalização inquietante do sexo. Por vezes acho graça a algumas telenovelas em que se fala de sexo como se fosse uma coisa perfeitamente irrisória”.

Sexualidade mal ensinada é prejudicial

Lusa/Correio da Manhã | 2009-11-06

Educadores devem estar bem preparados, defende sexólogo.

O sexólogo Nuno Monteiro Pereira alertou ontem que a educação sexual mal ensinada nas escolas pode ser prejudicial para as crianças, defendendo que os educadores têm de estar “perfeitamente à vontade” com a sua sexualidade para não transmitirem ideias erradas. “A educação sexual nas escolas é importante, mas também é questionável”, disse o especialista, a propósito das V Jornadas de Sexologia da Universidade Lusófona, em Lisboa.

Para o clínico, o facto de se falar muito de sexo não significa que se saiba de sexualidade. “Determinar por decreto que se passa a ensinar sexualidade pode ser arriscado”, afirmou, justificando que “há tantas nuances que, se a educação sexual não for muito bem feita, pode ser contraproducente”. Nuno Monteiro Pereira considera que a escolha dos educadores é essencial, pois “têm de estar perfeitamente à vontade, para não induzirem em erro as suas próprias insuficiências e dificuldades”.

Sexualidade mal ensinada nas escolas pode ser prejudicial

LUSA/Sol | 2009-11-05

O sexólogo Nuno Monteiro Pereira alertou hoje que a educação sexual mal ensinada nas escolas pode ser prejudicial para as crianças, defendendo que educadores têm de estar «perfeitamente à vontade» com a sua sexualidade para não transmitirem ideias erradas.

«A educação sexual nas escolas é importante, mas também é questionável», disse à agência Lusa o especialista, a propósito das V Jornadas de Sexologia da Universidade Lusófona, que estão a decorrer em Lisboa.

Para o médico, o facto de se falar muito de sexo, não quer dizer que se saiba de sexualidade.

«Determinar por decreto que se passa a ensinar sexualidade pode ser arriscado», sublinhou, justificando que «há tantas nuances que, se a educação sexual não for muito bem feita, pode ser contraproducente».

Nuno Monteiro Pereira adiantou que os modelos de educação sexual aplicados nalguns países «não têm mostrado os resultados teóricos esperados».

«A questão é se falham porque não se conseguiu pôr em efeito ou porque na verdade o modelo está mal construído», comentou.

Por outro lado, para educar numa «área tão complexa» é preciso arranjar educadores que «têm de estar perfeitamente à vontade com a sua própria sexualidade para não induzirem em erro as suas próprias insuficiências e dificuldades», defende.

«Escolher educadores numa área tão íntima é o primeiro e principal problema e, a esse nível, nunca vamos conseguir ter a certeza de que não vamos gerar problemas», sustenta.

Para Nuno Monteiro Pereira, o ensino da sexualidade depende muito da sensibilidade, mas também das culturas: «Ensinar a sexualidade no Norte do país não é exatamente o mesmo que no Sul porque as culturas e as realidades são diferentes».

«Eu nunca poderia dizer qual é o modelo que defendo porque ainda não vi um modelo que minimamente me despreocupasse, antes pelo contrário», concluiu.

Sobre a saúde sexual dos portugueses, o médico assegurou que «está boa»: «quando comparada com outros países pode dizer-se que está tão ou mais saudável em termos de qualidade e quantidade».

Nuno Monteiro Pereira lembrou que a «sexualidade é uma parte muito importante da vida de cada pessoa», havendo uma «série de fatores que perturbam a situação», como «desinformação e revistas que dão informação um pouco fantasiosa e criam mitos que depois originam disfunções sexuais».

A própria doença e o stress são fatores que desencadeiam perturbações na sexualidade a nível conjugal e individual, acrescentou.

Alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos está a 35 mil jovens de distância

Público | 2009-04-27

José Sócrates falava numa conferência de peritos, no Centro Cultural de Belém, depois de o reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, e de uma diretora de um agrupamento de escolas do concelho de Almada terem levantado dúvidas sobre a validade do objetivo do Governo de fixar a escolaridade obrigatória nos 12 anos.

“Estamos em condições de dar uma resposta cabal aos problemas que sempre tivemos no nosso sistema educativo, mas sem a arrogância de pensarmos que em poucos anos vamos resolver tudo e viver tranquilos para o resto das nossas vidas”, declarou Sócrates, numa resposta indireta às intervenções mais críticas que tinha ouvido da parte de peritos.

No caso do alargamento da escolaridade obrigatória até aos 12 anos, o primeiro-ministro estimou em cerca de 35 mil o número de jovens que abandonam antes dos 18 anos o sistema educativo. “Esta decisão resulta de uma maturidade já atingida e, por isso, chegamos à conclusão que este é o momento para avançar. Temos as condições para o fazer, porque faltam mais 35 mil alunos na escola num total de 1,2 milhões”, apontou.

“Temos todas as condições para isso, quer em meios humanos, quer em meios físicos. O que nos resta é atrair 35 mil jovens, porventura os mais difíceis, mas vale a pena não desistir do objetivo”, acrescentou. Para José Sócrates, os 35 mil jovens em falta no sistema escolar “podem ser perfeitamente integrados na escola”.

De acordo com José Sócrates, as obras que estão a ser realizadas a cargo do Governo em escolas secundárias (cerca de 200) e em 400 centros escolares pelas autarquias, a par de uma política de apoio às famílias com a atribuição de bolsas de estudo no secundário, criaram uma oportunidade “para se fixar uma nova ambição: o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos”.

“Essa nova ambição tem de ser acompanhada pela adoção de medidas responsáveis, que não criem a frustração de um eventual falhanço no cumprimento da meta. Estamos bem conscientes das dificuldades e dos desafios inerentes ao sistema, mas temos a obrigação de responder a estes desafios”, sustentou.

Primeiros seis anos de escolaridade mais importantes
Momentos antes, o reitor da Universidade de Lisboa tinha pegado numa tabela apresentada pelo Ministério da Educação sobre taxas de escolarização para sublinhar que, entre os anos letivos de 2005/2006 e 2007/2008 a taxa dos jovens na escola com 18 anos tinha descido de 67,4 para 65,4 por cento.

António Nóvoa apelou aos membros do Governo presentes na sessão para que “atuem” sobre “o essencial”, os primeiros seis anos de escolaridade, medida que defendeu ser mais importante do que fixar objetivos nos 12 anos de escolaridade.

Depois de apontar deficiências no Ensino Secundário e de contestar a forma como os professores primários têm sido tratados pelos últimos executivos, o reitor da Universidade de Lisboa advogou ainda que alguns países europeus sem uma escolaridade obrigatória tão longa apresentam melhores resultados do que Portugal em termos de escolarização.

Na resposta, a ministra da Educação referiu que os dados da tabela mencionada pelo reitor da Universidade de Lisboa não traduziam com rigor a percentagem total de jovens com 18 anos a frequentar a escola. Maria de Lurdes Rodrigues alegou que cerca de 20 mil jovens estão em cursos profissionais, mas que não há ainda dados que permitam desagregar esses jovens por idades entre os 16 e os 18 anos.

Mesmo assim, a ministra da Educação admitiu que existe alguma estagnação no que respeita à frequência escolar de jovens com 18 anos, adiantando que a prazo será necessária uma reestruturação do Ensino Secundário em Portugal – ponto que disse já estar a ser estudado pelo Ministério da Educação.

Alargamento de escolaridade vai pôr mais 30 mil alunos no secundário, estima Governo

Lusa | 2009-04- 23

Ministra quer evitar o abandono escolar tornando a escola atrativa. Capacidade das escolas e número de professores são suficientes, diz ministra

O Governo estimou hoje em cerca de 30 mil o aumento do número de alunos no ensino secundário tendo em conta o alargamento da escolaridade obrigatória e garantiu que instalações e professores são atualmente suficientes para suportar este crescimento.

“A capacidade das escolas, o número de professores e o equipamento são suficientes” para suportar o crescimento do número de alunos no secundário, afirmou a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, em conferência de imprensa, em Lisboa.

A governante lembrou que estão em execução melhorias na rede de estabelecimentos de ensino secundário, sobretudo nas zonas onde “a pressão” do número de alunos é maior.

O Governo aprovou hoje em Conselho de Ministros, na generalidade, uma proposta de lei para alargar de nove para 12 anos a escolaridade obrigatória, ou seja, os jovens entre os seis e os 18 anos terão de frequentar a escola ou um centro de formação profissional.

A regra legal de extensão da escolaridade obrigatória será para aplicar aos alunos que se vão inscrever no 7. ano de escolaridade, que iniciarão o ensino secundário em 2012/2013, se entretanto não chumbarem.

A ministra disse que o alargamento da escolaridade obrigatória para mais três anos, além dos nove atuais, “exige muito da sociedade, das escolas, dos professores em primeiro lugar, mas também das famílias dos alunos”. Mas mais importante do que criar a obrigatoriedade de permanência, acrescentou, é “criar condições” para que os alunos se sintam atraídos pela escola, que deve corresponder às suas expectativas, o que não veio sucedendo e justificará o abandono escolar, que foi de 36,3 por cento em 2007, o segundo mais alto da União Europeia, apenas ultrapassado por Malta (37,6 por cento), segundo dados divulgados na conferência de imprensa.

Acordo ortográfico: Professores aguardam por decisão

Correio da Manhã | 2009-04-20

Regras por mudar nas escolas. Alunos acham mais fácil aprender com regras do Acordo Os alunos do externato Papião, em São Pedro do Estoril, acham mais fácil escrever com as regras do Acordo Ortográfico do que com as atuais. Quem o garante é Isabel Nunes, diretora do estabelecimento de ensino, o primeiro do País a adotar as novas regras. “Os alunos já estão bem adaptados e acham que é mais fácil”, contou ao CM.

O Governo tarda em divulgar quando é que o Acordo entra em vigor nas escolas – a única certeza é de que não será no próximo ano letivo, a fazer fé nas recentes palavras do secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira -, mas neste externato privado, com 100 alunos do 1. Ciclo, optou-se por não esperar. “No verão passado tomei consciência de que toda a gente ia ter de se adaptar, e quanto mais depressa melhor. Alguns pais não reagiram bem no início mas acabaram por concordar e fomos em frente”, explica Isabel Nunes, proprietária e diretora há 22 anos do Papião, externato onde a mensalidade custa 295 euros.

O acordo não está contudo a ser adotado de forma integral. “Tivemos dúvidas na aplicação das novas regras de acentuação e dos hífenes, por isso decidimos apenas aplicar a regra da eliminação das consoantes “c” e “p” quando não se pronunciam”, afirma a responsável, defendendo a necessidade de serem promovidas “ações de formação de professores que esclareçam as dúvidas”.

O Papião só tem 1. Ciclo, pelo que no próximo ano os alunos do 4. ano vão passar para outros estabelecimentos, onde o Acordo não está em vigor. “Pode haver algum problema de ajuste, mas os alunos estão bem adaptados e até sabem escrever das duas maneiras”, garante a diretora. A pedido dos pais, o externato teve de “informar alguns colégios onde os alunos fizeram testes de acesso”. Os do 4. ano vão também fazer provas de aferição: “é um problema que se vai colocar, mas como não conta para a nota os pais não estão muito preocupados.”

Os alunos do 1. Ano aprendem com as novas regras e já não deverão conhecer a forma antiga.

Pais contra divergências
O ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, afirmou que o Acordo deve entrar em vigor já a 5 de maio. Mas o Ministério da Educação já disse que não se aplicará nas escolas no próximo ano letivo. As associações de pais criticam as divergências. “Os ministérios devem entrar em acordo no sentido de não criar mais instabilidade nas escolas”, disse ao C.M. Maria José Viseu, ontem mesmo eleita presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), sublinhando que “esta indefinição é preocupante”.

DISCURSO DIRETO

“NãO VOU CUMPRIR ESTE ACORDO” (Maria do Carmo Vieira, Professora de Português)

Correio da Manhã – Que opinião tem do Acordo Ortográfico?
Maria do Carmo Vieira – Não vou cumprir este acordo. Se o fizer estou a levar os alunos a errar do ponto de vista científico. Retirar o “c” e o “p” quando não são lidos é estar a negar a origem latina das palavras. Há uma explicação lógica para ali estarem, porque abrem a vogal anterior.

C.M.: Não teme penalizações?
M.C.V.: Ainda não fui confrontada com essa obrigação. Mas já expliquei aos alunos que é uma regra muito pouco científica esta de escrever como se fala.

C.M.: No novo programa de Português para o Ensino Básico não há qualquer referência ao Acordo…
M.C.V.: Não há referência porque o Ministério está confuso, estão a ver que isto vai ser um grande caos.

C.M.: Que opinião tem do programa?
M.C.V.: é muito extenso e a gramática e a literatura são subestimadas e ultrapassadas pelo texto informativo e pragmático. Deviam já ter percebido que quem domina o texto literário sabe ler um texto informativo e pragmático, mas que o inverso não se aplica.

Professores estão “muito preocupados”
“Está tudo na mesma e há professores muito preocupados.” A frase de Edviges Ferreira, da Associação de Professores de Português (APP), expressa o sentimento reinante na comunidade educativa devido à indefinição sobre quando e como será aplicado o Acordo Ortográfico nas escolas. “Não sabemos como será implementado, se será faseadamente. Não há qualquer esclarecimento, o que cria apreensão. Temos de saber ao certo quando uma coisa entra em vigor.”

As divergências entre ministérios da Cultura e da Educação sobre a entrada em vigor do Acordo também não têm ajudado. “Já estamos habituados às posições divergentes do Governo”, afirma Edviges Ferreira. Também os editores e livreiros têm vindo a alertar para a necessidade de saber com que linhas se cosem. “Há dois anos que pedimos informações ao Ministério da Educação e não obtivemos resposta”, afirmou ao CM fonte da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros. O Grupo Leya, dono de 40 por cento da quota de mercado, já avisou que a substituição de manuais terá custos elevados.

Ministra abre conferência
Vinte países participam hoje em Lisboa na XIX Conferência Ibero–Americana de Educação, dedicada à Inovação. A abertura será feita pela ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que revelou ontem à Lusa que será preparada uma cimeira a realizar no final do ano para definição de metas até 2021. Estão previstas intervenções do secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, e do ex-ministro da Educação Roberto Carneiro.Depoimentos
“Não sabemos como e quando será implementado, isso gera apreensão.” (Edviges Ferreira, APP)
“Ministérios devem entrar em acordo para não gerar instabilidade nas escolas.” (M.ª José Viseu, Pres. CNIPE)

Palavras que mudam
As principais mudanças passam pela eliminação das consoantes “c” e “p” quando não pronunciadas (mudas):

Exemplos:
ação/ação
acionar/acionar
afetivo/afetivo
ato/ato
coleção/coleção
coletivo/coletivo
direção/direção
diretor/diretor
exato/exato
objeção/objeção
adoção/adoção
batizar/batizar
ótimo/ótimo

Quando o “c” e o “p” são proferidos não há alteração.
Exemplos:
compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; acupunctura, adepto, apto, erupção,eucalipto, inepto, núpcias, rapto.

Exemplos de palavras que perdem o hífen:
contrarregra/contrarregra
extraescolar/extraescolar
antissemita/antissemita
antirreligioso/antirreligioso
fim de semana/fim de semana

Exemplos de palavras que perdem acentos:
leem/leem
deem/deem
veem/veem
para/para (verbo parar)
pelo/pelo (de pilosidade)
polo/polo
joia/joia

NOTAS

Mudança: 1,42% das palavras
Em Portugal, as mudanças provocadas pelo Acordo Ortográfico deverão alterar cerca de 1,42% das palavras. Já no Brasil, calcula-se que sejam alteradas apenas 0,43 por cento.

Origem: assinado em 1990
O acordo original foi assinado em 1990. Para entrar em vigor tinha de ser ratificado por três países, o que só sucedeu 16 anos depois, em 2006 com Brasil, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

Ratificação: faltam quatro
Portugal foi o quarto país a ratificar o acordo, mas a verdade é que neste momento falta ainda quatro países fazerem-no: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste.

Cavaco Silva defende que iliteracia matemática é um “obstáculo ao desenvolvimento do país”

Público | 2009-04-17

O Presidente da República defendeu ontem que a Matemática é “imprescindível para o desenvolvimento” do país e sublinhou que o ensino da disciplina deve ser feito com “exigência”. No último dia do Roteiro para a Ciência, Cavaco Silva lamentou que o desempenho dos estudantes portugueses nesta disciplina “esteja muito abaixo da média dos jovens” europeus e lembrou que a Matemática está diretamente relacionada com a “investigação científica” e com a “competitividade das empresas”.

“Um estudo ao nível da OCDE revelou que um quinto dos jovens portugueses com mais de 15 anos não é capaz de interpretar um gráfico. Isto é muito preocupante”, afirmou Cavaco, durante uma visita à Universidade de Coimbra (UC).

O Presidente da República quis chamar a atenção para instituições que constituem “bons exemplos” na utilização da Matemática na criação de conhecimento e inovação. Contudo, durante este roteiro, Cavaco diz também ter recebido “más notícias”, entre as quais o facto de “apenas 50 cursos de Engenharia” no país exigirem uma prova de Matemática”. “Segundo o que me disse o bastonário da Ordem dos Engenheiros, dos 350 cursos de Engenharia que existem em Portugal apenas 50 exigem essa prova. Como é que isto é possível?”, criticou Cavaco Silva.

Na UC, o Presidente ficou a conhecer de que forma aplicações e ferramentas matemáticas são utilizadas na área da robótica, das telecomunicações e da medicina. No Instituto de Sistemas e Robótica, por exemplo, investigadores estão a tentar desenvolver veículos para pessoas com mobilidade reduzida, comandados através da voz e de estímulos cerebrais.

Cavaco inaugurou também o Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da UC, a primeira instituição pública do país a contar com um ciclotrão, uma máquina de produção de componentes radioativos indispensável na obtenção de imagens médicas mais sensíveis na deteção precoce de várias doenças, nas especialidades de oncologia, cardiologia e neurologia. O ciclotrão encontra-se atualmente “na fase final de licenciamento” e deverá “entrar em funcionamento dentro de dois meses”.

Apesar de reconhecer que há empresas e centros de investigação em Portugal que fazem trabalho de “grande qualidade”, Cavaco entende que o país tem de ultrapassar o “clima depressivo” que existe em relação à disciplina e combater a iliteracia matemática que representa um “obstáculo ao desenvolvimento”. O Presidente diz também que não partilha a ideia de que a Matemática seja “lúdica, divertida e fácil” mas antes uma disciplina “exigente” e que “implica muito trabalho”. “Com este roteiro quis que o país falasse de Matemática durante pelo menos um dia e meio. Acho que foi conseguido”, afirmou.

Matemática: Plano de Ação alargado ao 1. ciclo no próximo ano letivo

Lusa | 2009-04-14

As escolas deverão candidatar-se através de uma aplicação que estará disponível entre 1 de junho e 30 de junho

O Plano de Ação para a Matemática, aplicado no 2. e 3. ciclos do básico, vai ser alargado ao 1. ciclo em 2009/2010, o mesmo ano letivo em que arrancará a generalização do novo programa da disciplina, anunciou hoje o Governo.

Segundo informação disponibilizada no site do Ministério da Educação, “os balanços intercalares que têm sido feitos dão conta do impacto positivo” deste plano, “quer ao nível das práticas letivas, quer do trabalho entre professores”. Assim, “irá ser dada continuidade a este trabalho, através da implementação de um novo Plano da Matemática, alargado aos três ciclos do ensino básico”.

Os agrupamentos e escolas não agrupadas interessados em implementar o “Plano da Matemática II” deverão candidatar-se através de uma aplicação que estará disponível entre 1 de junho e 30 de junho de 2009.

O Plano de Ação para a Matemática foi lançado pelo ministério de Maria de Lurdes Rodrigues em junho de 2006, com uma validade de três anos letivos, com o intuito de melhorar os resultados dos alunos dos 2. e 3. ciclos na disciplina.

No segundo ano de execução, por exemplo, este plano envolveu 395 mil alunos e 77 584 professores, dos quais 9036 são docentes de Matemática, mobilizando ainda um investimento de 2,6 milhões de euros.

Na página da Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC), o Governo anuncia ainda que “a generalização do novo Programa de Matemática do Ensino Básico iniciar-se-á no próximo ano letivo de 2009/2010”. “Nesta fase, a generalização está sujeita a candidatura por parte das escolas interessados em implementar o programa para os 1., 3., 5. e 7. anos de escolaridade”, lê-se na página da DGIDC.

CNE apoia educação sexual nas escolas

Público | 2009-04-09

O Governo deve respeitar a autonomia das escolas no tocante à implementação da Educação Sexual. A recomendação está contida no parecer emitido ontem pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) a propósito dos projetos de lei que o PS e o PCP apresentaram sobre a matéria.

A CNE apoia a criação nas escolas de gabinetes promotores da educação sexual, proposta nos dois projetos, mas lembra que estes não devem ficar confinados a um horário semanal reduzido nem ficar limitados às atividades exclusivamente informativas ou à mera distribuição de preservativos.

Quanto à proposta do PS de criação nas escolas de um dia dedicado à Educação Sexual, é “inadequada e ineficaz”, segundo o parecer.

O Conselho Nacional de Educação confirma a necessidade de os professores terem formação sobre a matéria e critica o facto de o PS ter incluído no seu projeto de lei os conteúdos programáticos da “disciplina”. “é uma tarefa que necessita de ser trabalhada noutro plano”, escreve o órgão presidido por Júlio Pedrosa, segundo o qual, apesar de transversal, a Educação Sexual deve beneficiar também de um tempo e um espaço curriculares próprios.

Por estes dias, os dois projetos estão a ser trabalhados em sede de especialidade na respetiva comissão parlamentar.

No dia 14, os deputados vão ouvir representantes dos pais, dos professores e das associações de planeamento familiar, devendo os dois projetos ser transformados num único e, depois, submetidos a votação.

Escola trilingue vai abrir em Castro Marim com uma parceria público-privado

Público | 2009-03-30

A antropóloga Eglantina Monteiro e outros pais idealizaram um “oásis no atribulado terreno da educação”: a Escola Internacional de Castro Marim. Será um “projeto contemporâneo”, parceria público-privado, a funcionar numa zona raiana, “equidistante de Faro e de Huelva” e a apostar “nas três línguas mais cosmopolitas para o 3. milénio – inglês, português, espanhol”.

Segundo Eglantina Monteiro, a escola, que abrirá no próximo ano letivo, será “um estabelecimento de ensino cooperativo” resultante de uma parceria com a Câmara Municipal de Castro Marim, e que adaptará “o plano curricular inglês”.

Em janeiro do ano passado, um grupo de pais de alunos ou de futuros alunos da Escola de São Bartolomeu, em Castro Marim, criou a Associação da Almoinha – Escola da Gente, sabendo que ela “corria o risco de fechar no ano letivo seguinte”, pois só havia 11 alunos.

Com o apoio do Agrupamento Escolar de Castro Marim, da autarquia e da professora, apresentaram um projeto curricular alternativo. Definiram “uma estratégia com vista ao reforço do corpo docente e um programa de atividades extracurriculares integradas no plano pedagógico geral”.

O projeto baseava-se no método do Movimento da Escola Moderna – “aprende-se, fazendo”. Caberia à associação contratar um professor para ter dois por cada dez a 12 alunos. Só que a sociedade não respondeu. E em meados de agosto havia apenas sete alunos inscritos. A escola fechou.

A associação reinventou-se. Nesse verão, desenvolveu atividades extracurriculares para crianças entre os 5 e os 12 anos, formação de adultos. Agora, um punhado de pais quer ir mais longe. E a autarquia embarcou no plano, até porque é também uma forma de combater a desertificação, acredita Eglantina.

A câmara cedeu o edifício da antiga escola de Rio Seco para pré-primária e o edifício da antiga escola primária de São Bartolomeu para primeiro e segundo ciclo, requalificados há pouco. E paga a manutenção de ambos, o que inclui água, eletricidade, limpeza, transporte, alimentação. A cooperativa paga os professores, com a propina, que ficará muito abaixo do que é típico nos colégios privados.

Entre o 1. e o 6. ano, as disciplinas-chave – como Ciências, Geografia, História e Matemática – são em inglês; e as outras – como Música, Teatro, Desporto, Trabalhos Manuais e Artes Visuais – em português. Haverá aulas das 9h00 às 16h00. Entre as 16h00 e as 18h00, a escola abre-se a todas as crianças a comunidade. Podem participar nas atividades previstas para os alunos, dentro do plano: fazer pão, cestos, jardinagem, hortas, tudo orientado por pessoas da terra. “Isto é uma escola para e a partir do lugar”, resume a antropóloga. Aproveita o património que existe, de algum modo recicla-o.

Atitudes e comportamento dos alunos podem determinar subida de notas

Público | 2009-03-29

O saber pode não ser tudo. Um aluno assíduo, pontual, que coopera e se porta bem pode ver uma nota negativa passar a positiva. Há escolas a valorizar cada vez mais aspetos.

As atitudes e o comportamento dos alunos podem ser determinantes para que a nota final do período possa passar da negativa à positiva. às vezes, os professores abusam deste parâmetro da avaliação e os resultados nas pautas são melhores do que o expectável, denunciam alguns especialistas. Outros defendem que só assim se podem manter na escola alunos que estão em risco de abandono ou de insucesso escolar.

Chegados ao final do 2. período escolar, é hora de os professores se reunirem e lançarem as notas. Além dos testes, trabalhos e participação nas aulas, há um fator que, para muitos alunos, pode ser determinante: os valores e as atitudes. é assíduo? Pontual? Coopera e empenha-se? Porta-se bem? Se sim, e se a situação do aluno estiver periclitante entre a negativa e a positiva, este aspeto pode ser decisivo para subir a nota. Este parâmetro tem um peso variável de disciplina para disciplina e de escola para escola.

O fator das atitudes e do comportamento “ganhou um peso desmesurado que leva a que os alunos tenham uma visão irrealista das suas competências”, alerta João Lopes, professor do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, que defende que os docentes “têm a noção que, se avaliassem só os conhecimentos académicos, haveria uma hecatombe”, pois as notas seriam piores.

Foi o que aconteceu na básica 2/3 João Cónim, em Estômbar: as notas do 1. período, comparadas às do ano passado, baixaram, depois de a escola ter decidido atribuir 20 por cento de peso ao domínio das atitudes e valores, do 1. ao 9. ano de escolaridade, dando preponderância ao domínio cognitivo, explica a presidente do executivo, Paula Simão. “Antes havia um peso maior para as atitudes e valores por causa da realidade da escola, onde há muitos problemas sociais económicos. Só que concluímos que, no final de cada ciclo, todos são avaliados da mesma maneira, pelas provas de aferição e exames nacionais, por isso mudámos”, justifica.

Em vez de dar positivas, os docentes apoiam os alunos “para que todos adquiram as mesmas competências” e, no ano passado, os resultados dos exames nacionais do 9. ano foram superiores às notas internas, congratula-se a professora.

Mas na maioria das escolas ainda há uma “grande discricionariedade”, acusa Pedro Rosário, professor da Universidade do Minho. “Como não há balizas concretas, esse parâmetro serve de almofada para proteger as fragilidades dos alunos.”

O princípio de avaliar as atitudes dos alunos não é posto em causa por José Morgado, professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, de Lisboa, que é apologista de uma avaliação completa e global. é “desejável, porque o bem-estar do aluno está para além do rendimento escolar e do realizar os trabalhos de casa”. Este reside também na participação nas aulas, motivação e empenho.

“é razoável que o aluno seja discriminado positivamente; caso contrário, há uma sobrevalorização excessiva do resultado escolar”, considera Morgado. A nota tem de ter uma natureza pedagógica, essencial para manter na escola aqueles que estão em risco de abandono ou insucesso. “Há miúdos a quem, se se der 1, 2 [numa escala de 1 a 5], a escola perde-o. A avaliação deve ser usada para motivar”, declara.

Para esses casos, “devia encontrar-se um eufemismo: nota por motivos emocionais”, sugere Pedro Rosário, lembrando que os estudantes que trabalham podem não compreender essa atribuição de notas. Dulce Gonçalves, da Universidade de Lisboa e do centro de psicologia Lispsi, propõe diferenciar os parâmetros de avaliação de desempenho comportamental. O aluno pode ter 5 no comportamento e 2 no desempenho, exemplifica. “Fazemos pesar demasiado as atitudes nas notas e isso é um erro, porque não contribui para a melhoria dos comportamentos, nem dos resultados. é ilusório”, opina João Lopes.