Munique. Bullying no motivo do ataque

A polícia suspeita que o jovem podia sofrer de bullying na escola.

Jornal i |24.07.2016

O elevado número de adolescentes que morreram no tiroteio de Munique, na Alemanha, levou a polícia a investigar se Ali David Sonboly, de 18 anos, tinha como principal alvo jovens.
De acordo com a Sky News, que cita o ministro do Interior alemão, Sonboly sofria de bullying há já algum tempo na escola.
Recorde-se que o ataque teve início no McDonald´s, e as primeiras vítimas de Sonboly foram quatro jovens de 14 e 15 anos.
Outra das vítimas foi um rapaz grego, com 17 anos. Já à porta do estabelecimento Sonboly disparou sobre Guiliano Kollman, com 18 anos.
A polícia está, também, a investigar se o atirador usou uma conta de Facebook para chamar pessoas para o McDonald´s, onde o ataque começou.
Robert Heimberger, investigador da polícia, confirmou aos jornalistas que alguém entrou na conta de uma mulher para escrever que estaria no restaurante a oferecer refeições. “Dou-vos o que quiserem, desde que não seja muito caro.”
A polícia descartou a hipótese do tiroteio ter ligação ao DAESH, no entanto, fez uma ligação a Andreas Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega.
Ali David Sonboly era obcecado por tiroteios, revelou neste sábado a polícia de Munique.
Ali David Sonboly, que acabou por se matar, não muito longe do local do tiroteio já havia recebido tratamento psicológico no passado por depressão.

Para os pais a indisciplina mora sempre na escola ao lado

Inquérito a pais mostra que a maioria tem uma percepção positiva da escola dos filhos, mas desconfia das outras.

PÚBLICO |14.07.2016

A indisciplina mora ao lado. Esta parece ser a percepção maioritária entre os encarregados de educação, quando inquiridos sobre a indisciplina nas escolas. Cerca de 79% dá o seu acordo à afirmação de que “há muita indisciplina noutras escolas”, uma percentagem que baixa para menos de metade (35,7%) quando a mesma declaração é feita a propósito dos estabelecimentos frequentados pelos filhos.
Este é um dos resultados do inquérito sobre a Indisciplina na Família, promovido pelo professor do ensino secundário Alexandre Henriques, a que responderam 2583 encarregados de educação, os quais deram conta que os principais motivos das discussões em casa se prendem com a desarrumação do quarto dos filhos e o uso de aparelhos tecnológicos, como os telemóveis.
De regresso à percepção da indisciplina nas escolas, o também autor do blogue ComRegras, onde este estudo pode ser consultado, considera que às diferenças registadas quando se olha para a escola dos filhos ou para as outras no geral “não será alheia a influência da mediatização deste assunto em detrimento das práticas positivas realizadas” nos estabelecimentos escolares.
Mas esta poderá ser uma percepção enganosa, como mostra um estudo de Março promovido por Alexandre Henriques sobre a indisciplina na escola, realizado em 4,4% dos agrupamentos escolares, num universo de 50 mil alunos. “O número de participações disciplinares (ordem de saída de sala de aula) é claramente elevada, são mais de 9 mil participações em apenas 4,4% dos agrupamentos/escolas em Portugal, o que extrapolando para uma amostragem a 100%, levaria a um número superior a 200 mil participações disciplinares num só ano”, comentou então o autor do blogue ComRegras, para quem a indisciplina na escola é mesmo o principal problema do sistema educativo português.
À semelhança do inquérito sobre o que se passa em casa, este centrado nas escolas foi também realizado com o apoio da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas. O estudo sobre a Indisciplina na Família dá conta também que a maioria dos pais considera que os filhos se portam melhor na escola do que em casa. Quando confrontados com as seguintes afirmações “o meu educando porta-se bem em casa” e “o meu educando porta-se bem na escola”, 39,8% afirmam concordar totalmente com a primeira, uma percentagem que sobe para 56,2% na segunda questão.
Os pais estão convencidos que os filhos gostam da escola (50,3% concordam totalmente com esta afirmação) e esta convicção supera até a sua própria percepção positiva sobre o estabelecimento escolar frequentado pelo filho, já que são menos os encarregados de educação (45,3%) que afirmam estar plenamente de acordo com a afirmação “gosto da escola do meu educando”. Quando questionados sobre o que mais gostam na escola dos filhos, quase 70% escolhem a “competência dos professores/educadores”, atrás mas a larga distância vem a segurança (47,3%), seguindo-se o horário escolar (39,1%). Na posição inversa, ou seja os aspectos que menos gostam, surgem em primeiro lugar as infraestruturas (28,3%), seguido de novo pela indisciplina (24%) e leque de atividade extracurriculares (22,1%).

Crimes dentro da escola continuam a aumentar

Número global de ocorrências criminais diminuiu, mas não no interior dos estabelecimentos de ensino. As ofensas à integridade física continuam a ser as mais comuns.

Expresso |31.03.2016

Em 2015, GNR e PSP registaram 3400 crimes praticados dentro da escola, mais 76 que no ano anterior. A subida não é acentuada (2,3%), mas tem-se repetido pelo menos desde 2012, quando o número se tinha ficado pelas 2790 ocorrências de natureza criminal. Já os episódios detetados nas imediações dos estabelecimentos de ensino (1368) diminuíram 10%.
Tudo somado, o total de ocorrências de natureza criminal, dentro e fora das escolas, acabou por cair um pouco em relação a 2014: de 4854 para 4768, indica o Relatório Anual de Segurança Interna.
Entre os crimes mais frequentes, as ofensas à integridade física continuam a liderar a lista (1608), seguidas de crimes de furto (1220). Aumentaram as injúrias/ameaças e os atos de vandalismo. Mas diminuíram os roubos e a posse/consumo de estupefacientes, por exemplo.
O Escola Segura, que tem como objectivo garantir a segurança nos estabelecimentos de ensino, conta com 735 elementos afetos em exclusividade a este programa e abrange um total de 8575 escolas do país, frequentadas por 1,8 milhões de alunos.
Além das 4768 ocorrências de natureza criminal, são ainda participadas outras situações que não entram na categoria de crime e que elevam para um total de 7110 as ocorrências registadas dentro e nas imediações das escolas, mais 6% do que no ano anterior.

Alunos franceses fumam dentro das escolas para ficarem protegidos de terroristas

A medida, aplicada à revelia do ministério da Saúde, enquadra-se no estado de emergência declarado em França após os atentados de 13 de novembro.

Diário de Notícias |17.03.2016

Após os atentados de 13 de novembro, que vitimaram 130 pessoas em Paris, a França declarou um estado de emergência que se prolonga até hoje, permitindo à polícia realizar buscas sem mandado judicial e fazer detenções fora do enquadramento legal habitual. O estado de emergência tem como objetivo aumentar a proteção dos cidadãos contra uma possível ameaça terrorista, mas abriu caminho para outras medidas, menos comuns, que estão a causar controvérsia no país. Uma delas, o incentivo a que os estudantes de secundário fumem no interior dos liceus.
Como escreve esta quinta-feira a correspondente do jornal britânico The Guardian em Paris, os portões dos liceus franceses são famosos pelos aglomerados de alunos que se reúnem nos intervalos para fumar junto à entrada da escola. Uma visão cada vez menos frequente desde a implementação do estado de emergência no país, que levou a que muitos diretores de escolas – e o próprio ministério da Educação – se preocupassem com a vulnerabilidade destes grupos de estudantes reunidos nos passeios.
“Os tempos em que vivemos fazem com que o sentimento de medo que se vive nas ruas seja enorme”, explicou ao Guardian a diretora do Lycée Voltaire, Christel Boury, “E quando se põe mil alunos, ou mais, num passeio num bairro urbano, o perigo torna-se imediato”.
No Lycée Voltaire, como num número crescente de escolas secundárias francesas, os alunos são agora incentivados a fumar no recreio, onde são fornecidos cinzeiros próprios. A decisão de permitir aos diretores das escolas a opção de criar zonas de fumadores nos liceus foi divulgada numa circular emitida pelo Governo francês poucos dias depois dos ataques de 13 de novembro, e vai diretamente contra uma lei aprovada em 1991 que proíbe o fumo em espaços públicos – incluindo escolas. Conforme escrevia ainda em fevereiro a revista digital Vice, uma porta-voz do ministério da Educação explicava que a medida ainda só foi aplicada nalgumas escolas, devido a “um certo nível de medo entre os pais, estudantes e professores”.

O tabaco é um perigo mais iminente do que o terrorismo?

O presidente da Associação Nacional para a Prevenção do Vício e do Álcool, Alain Rigaud, tem sido um dos principais críticos da medida permitida pelo estado de emergência, acreditando que esta pode ter “consequências devastadoras” para a saúde pública.
A Vice escreve que Rigaud, numa reunião com a ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, distinguiu os dois perigos: “O tabagismo é uma praga que mata um em cada dois fumadores a longo prazo. Durante os próximos trinta anos, cerca de 125 mil alunos da atual população dos liceus franceses vão morrer por causa do tabaco. Isso é muito mais do que em ataques terroristas”.
Mesmo os estudantes que falaram ao Guardian, todos eles abaixo da idade legal para fumar, que em França é de 18 anos, se mostraram um pouco céticos com a medida que os incentiva a fumar no recreio. “Os professores passaram tanto tempo a dizer-nos que fumar é mau, e agora cá estamos a fumar numa zona especial do recreio”, afirmou Léa, de 17 anos.
Vincent, de 15 anos, é ainda mais cínico. “Logo após os ataques, tínhamos todos bastante medo. Agora, seguimos com as nossas vidas. Se um terrorista quisesse mesmo entrar na nossa escola e atacar-nos, arranjava uma maneira qualquer de o fazer”.

Crianças aprendem a massajar para descontrair e prevenir o bullying

Na primeira parte da aula, metade da turma faz uma massagem aos seus colegas, e depois trocam de funções.

Lusa |16.02.16

Crianças de jardins-de-infância e escolas EB1 de S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis recebem, todas as semanas, uma aula de massagens em que desenvolvem a prática do “toque positivo” como forma de relaxamento e prevenção do bullying.
Há cerca de 450 estudantes de vários estabelecimentos de ensino dos dois concelhos envolvidos nesta iniciativa, que funciona como alternativa a atividades pedagógicas como o Inglês ou a Ginástica, por opção dos respectivos docentes e encarregados de educação.
Ana Teixeira é educadora no jardim-de-infância das Travessas, S. João da Madeira, que aderiu pelo segundo ano consecutivo à prática das massagens incluída no programa lectivo, e garantiu à Lusa que a aposta está a ser compensatória: “A experiência tem corrido muito bem e o feedback dos pais é muito bom, porque este toque positivo tem efeitos ao nível do relacionamento e da capacidade de concentração, prevenindo o bullying e aumentando a autoestima”.
As aulas são divididas em dois momentos, e as turmas em pares. Na primeira parte da aula, metade da turma faz uma massagem aos seus colegas, e depois trocam de funções – e a educadora diz notar uma mudança imediata nas crianças. “Ficam logo mais serenas. Para nós, é delicioso vê-las sentir a massagem, e apreciarem o toque do outro”.
Estas escolas seguem o programa inglês MISA (Massage In Schools), que propõe que as aulas envolvam música, meditação, yoga e outras atividades, sempre com o objectivo de promover momentos de bem-estar que possam verificar-se em contexto de sala de aula e ser replicados junto das famílias.
As massagens são sempre realizadas em pares, mas não começam sem antes as crianças pedirem autorização ao parceiro para iniciarem os gestos terapêuticos. Depois, os pequenos são massajados na zona das costas, cabeça e braços, e há um agradecimento mútuo no final de cada sessão.
“Estamos a falar de um toque nutritivo, que liberta oxitocina e ajuda a relaxar”, defende Anabela Ramos, a instrutora que acompanha as 450 crianças abrangidas pelo MISA em S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis. “Mas valorizamos também a importância do silêncio, da linguagem não-verbal e do toque enquanto forma de cuidado para com o outro”, acrescenta.
Elisabete Soares, educadora no jardim-de-infância do Cruzeiro, em Oliveira de Azeméis, destaca os mesmos aspectos que Anabela Ramos. Neste jardim-de-infância o programa já está em curso pelo terceiro ano consecutivo. “Nesta aula temos tempo que se dedica ao contacto com o outro, e isso transforma as crianças, porque passam a aceitar as diferenças dos colegas. Fazem-no com alegria e gosto, e depois há um trato mais cuidadoso no resto do tempo”, explica.
A educadora nota mudanças positivas em alunos que vinham evidenciando “algumas dificuldades de aprendizagem na área social e pessoal”, e que agora recorrem às canções das aulas de Massagem para combater “o aborrecimento ou a agitação” e até “para controlar a ansiedade, que é um problema que muitas destas crianças já apresentam, embora ainda sejam muito pequeninas”.
Beatriz Almeida tem cinco anos e só conta coisas boas das sessões do programa MISA. “Gosto muito desta aula”, afirma, com entusiasmo. “A minha parte preferida é a massagem à cabeça – mas eu a receber, porque gosto mais de receber do que dar!”, esclarece.
Apesar disso, a menina do jardim-de-infância das Travessas não é egoísta: na aula semanal com os colegas massaja sempre o seu par quando é vez disso, e em casa oferece mais algumas sessões desse toque nutritivo. “Os meus pais também gostam que eu aprenda isto. Até há vezes em que me pedem para eu lhes fazer uma massagem a eles – dizem que eu as sei fazer bem”, revela.
Em S. João da Madeira, as aulas de Massagem inspiradas no programa MISA também se verificam no Externato Estrela Guia e, segundo a autarquia, na Escola do Parque, embora aí o tema seja abordado de forma mais informal, inserido noutras matérias letivas. Já em Oliveira de Azeméis, o programa é seguido em jardins-de-infância e EB1 de Loureiro, Outeiro, Cruzeiro, Areosa, Lações e Vermoim. O programa inclui também sessões formativas para pais e professores.