Marçal Grilo diz que sobrevivência do livro em papel depende do incremento da leitura
LUSA/Sol | 2009-11-17
O ex-ministro da Educação Eduardo Marçal Grilo defendeu hoje que a sobrevivência do livro em formato papel depende do incremento da leitura.
Saber se ainda se vão publicar livros daqui a 50 anos é o grande desafio que, segundo Marçal Grilo, se coloca no século XXI.
A questão foi lançada durante a sua intervenção no I Colóquio Ibérico de Literatura Infantil e III Simposium da Red de Universidades Lectoras, que decorreu segunda e hoje na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco.
«Este trabalho tem de ser feito desde cedo», referiu, defendendo que a melhor forma de promover a leitura junto das crianças é «contando-lhes histórias, verdadeiras ou inventadas”, independentemente “da parafernália de livros infantis que existem. Isso desperta-lhes a curiosidade para a história que está escrita algures».
Marçal Grilo, atual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian acrescentou que «os livros têm de se relacionar com o resto do mundo» e com as novas tecnologias.
«Navegar na internet é fantástico, navegar nos livros é fantástico. Mas navegar nos livros e na internet é ainda mais fascinante», reiterou, sublinhando que é preciso «aproveitar as potencialidades das novas tecnologias, mas sem descurar os sistemas tradicionais».
Em oposição aos dias de hoje, em que falta tempo para refletir, «nos livros continua a haver a possibilidade de parar e refletir, transformando as ideias em convicções».
Marçal Grilo contraria também a célebre máxima de que «uma imagem vale mais do que mil palavras», defendendo que «todos veem a imagem da mesma forma, enquanto as palavras, quando lidas, cada um tira delas o seu próprio significado».
Por isso, lembra, «ler não é um ato inato, mas sim um ato cultural».
«A escola devia transformar todos os seus alunos em leitores, pessoas capazes de ler, refletir e correlacionar, porque a leitura tem uma capacidade imensa», acrescenta.
A leitura deve ser feita, «por prazer, por necessidade ou interesse, porque é a única forma bem sucedida de viajar no tempo e no espaço», até porque, «os livros são aquilo que queremos que sejam». E pode ler-se «o que se quiser, onde se quiser e quando se quiser».
Marçal Grilo sublinha que o leitor é, simultaneamente, criador, enquanto lê, pois «há uma maior propensão para escrever o que guardamos na memória quando se lê».
Para contribuir para esta promoção do livro e da leitura, a Fundação Gulbenkian lançou dois sítios na Internet, A Casa da Leitura e Leitura Gulbenkian, que dão orientações à comunidade de leitores.
Para os professores lançou o site Casa das Ciências, onde se pode aceder a materiais para as diversas disciplinas. Todos são de acesso livre.
Maioria dos pais prefere que filhos estudem pelos manuais
Lusa/PúBLICO |2009-11-11
A grande maioria dos encarregados de educação (80 %) prefere os manuais escolares a outros recursos e 70 % dos alunos gosta de estudar por estes livros, segundo um estudo realizado pelo Observatório dos Recursos Educativos. Os inquiridos apontam dois problemas habituais: o peso do conjunto de manuais e o preço.
O trabalho revela que a opção dos pais se deve essencialmente à possibilidade de tratamento de todos os conteúdos num único recurso educativo e também a uma questão de confiança, já que o manual é normalmente “o guião do professor”, disse o coordenador do estudo, Adalberto Dias de Carvalho.
“A quase totalidade dos pais (97 %) considera os manuais escolares importantes para o acompanhamento do trabalho escolar” dos educandos, sendo que destes 60 % atribui “grande importância” a este recurso educativo para tal efeito. Os autores do trabalho referem também que os manuais escolares favorecem uma maior proximidade entre pais e filhos, “potenciando habitualmente temas de discussão”.
Entre os alunos, apenas cinco por cento afirma nunca consultar as sugestões de livros, filmes e sítios na Internet propostas nos manuais. “A grande conclusão é que no contexto de uma acelerada evolução dos recursos educativos a que estamos a assistir, designadamente pelos contributos que trazem as tecnologias da informação e comunicação, o manual escolar conserva um lugar primordial entre os instrumentos que os alunos utilizam nas várias idades”, afirma o especialista.
Por outro lado, indica, os manuais “não bloqueiam o acesso a outras fontes de informação e formação”, uma vez que tanto as crianças e jovens como os pais utilizam indicações fornecidas nos manuais para outras pesquisas. Os manuais escolares são dos poucos ou até mesmo os únicos livros que agregados familiares com maiores dificuldades “veem entrar nas suas casas”, sublinha o investigador.
Como principais pontos fracos, os inquiridos apontam dois problemas habituais: o peso do conjunto de manuais que os estudantes têm de transportar regularmente (15,51 % das respostas) e o preço dos livros (11,11). Dos pais inquiridos, 90 % manifestou ter como prática habitual consultar os manuais escolares, enquanto 95 % referiu fazê-lo mais de cinco vezes por ano.
O estudo baseia-se num inquérito online a 552 pessoas, que se pronunciaram através dos sites da Confap e do Portal da Educação sobre “Os manuais escolares na relação escola-família”. Dos três grupos de inquiridos – encarregados de educação (464), alunos do 1.º e 2.º Ciclo (57) e do 3.º Ciclo (31) – a percentagem mais elevada pertence aos distritos mais populosos do país. Aos inquéritos dirigidos aos encarregados de educação, responderam 377 mulheres e 87 homens.
Este observatório é apoiado pela Porto Editora e visa assegurar a recolha, compilação, tratamento, produção e divulgação de informação, bem como promover estudos relativos aos recursos educativos utilizados em Portugal e no estrangeiro.
Júlio Magalhães apresenta livros de Vítor Burity da Silva
Jornal de Notícias |2009-09-12
Primeiro autor africano publicado pela Porto Editora, Vítor Burity da Silva lança hoje, às 21.30 horas, no Clube Literário do Porto, os livros “Rua dos anjos” e “Este lago não existe”, primeiros títulos da coleção “Literatura plural”.
Ambos os romances do autor moçambicano vão ser publicados também em Angola e Moçambique, países nos quais o Grupo Porto Editora está representado através da Plural.
Definidos por Pepetela como “um longo poema de amor”, “Rua dos anjos” e “Este lago não existe” estão publicados em manuais escolares angolanos e são estudados no Ensino Superior cabo-verdiano.
A apresentação está a cargo do jornalista Júlio Magalhães.
Educação: Conclusão de centros escolares antecipada para 2010, Valter Lemos
Jornal de Notícias/Lusa |2009-09-10
O secretário de Estado da Educação anunciou hoje que a construção de 450 centros escolares no âmbito da reorganização da rede escolar estará concluída dentro de um ano e não em 2015 como inicialmente previsto.
“O plano inicialmente era 2015, mas estamos a andar mais depressa do que o previsto”, disse Valter Lemos à margem da cerimónia de inauguração do Centro Escolar de Mujães, em Viana do Castelo.
O secretário de Estado recordou que no decorrer da atual legislatura foram encerradas “um pouco mais de 2500 escolas”, ao mesmo tempo que foi aprovada a construção de cerca de 450 centros escolares.
Câmara de Caminha oferece livros escolares
Diário de Notícias |2009-09-03
Todos os alunos do primeiro ciclo do concelho de Caminha vão ter direito, este ano, a manuais escolares gratuitos, num investimento da câmara local que ascenderá a 30 mil euros. A medida insere-se num plano alargado para travar o envelhecimento do concelho.
Segundo o vice-presidente da autarquia, Flamiano Martins, o apoio de 30 mil euros destina–se a cobrir as despesas dos agregados familiares na aquisição de todos os manuais escolares do primeiro ciclo, medida que abrangerá cerca de 600 alunos do concelho.
“Com a crise económica que está aí, os agregados familiares cada vez têm mais dificuldades no dia a dia. Para que fiquem mais folgados, para outras despesas importantes, decidimos apoiar desta forma”, explicou ao DN o vice-presidente.
Flaminiano Martins rejeita tratar-se de uma medida eleitoralista. “Queremos incentivar, também, o rejuvenescimento da população, com o apoio à natalidade. Para que não sejam as dificuldades em adquirir material escolar um dos motivos”, disse.
De forma a travar a fuga de população do interior para o litoral do concelho, a câmara começa a atribuir, em setembro, um incentivo à natalidade e à adoção distribuindo pelos casais, a partir do segundo filho, um “prémio” de mil euros.
Crise atinge materiais escolares
Correio da Manhã | 2009-08-31
Correio da Manhã fez as contas e produtos mais baratos baixaram face a 2008. As crianças preferem artigos mais caros e que estão na moda
A crise não dá tréguas e, para fazer face à carteira mais vazia dos pais, as grandes superfícies entraram numa guerra de preços com a vantagem de os produtos estarem mais baratos do que em 2008. O CM fez as contas a uma lista de produtos com os preços mais baixos. Entre mochilas, lápis, canetas, folhas e outros artigos, o preço final do cabaz ficou pelos 48,29 euros, ou seja, uma redução de cerca de cinco euros face ao custo dos mesmos produtos no ano anterior.
Com 15 anos, Catarina Barros vai para o 9º ano e, acompanhada da mãe, Dulce Barros, há já alguns anos que opta por comprar o material escolar nas grandes superfícies. ‘é maior a variedade e os preços compensam’, diz. Sobre o custo dos artigos a mãe conclui que não tem havido grandes aumentos.
Uma posição partilhada por Nazaré Silva, que ofereceu à filha, Carolina, de 13 anos, uma mochila mais sóbria e desportiva para este ano. ‘é uma adolescente e já não aprecia coisas tão infantis como flores ou desenhos, como a irmã, de 7 anos, gosta’, refere. Feitas as contas, esta família de Massamá, concelho de Sintra, vai gastar 150 euros de material escolar com a filha mais velha e 30 com a mais pequena. Nazaré Silva diz que, perante os limites de orçamento, há que saber poupar. ‘A Câmara de Sintra vai oferecer os livros à mais nova e a escola D. Pedro IV possui um método de compra de material em conjunto, o que acaba por ser mais económico’, referiu.
Conscientes das limitações das famílias num ano de profunda crise mundial, as grandes superfícies fizeram as contas e lançaram-se na guerra de preços. Basta olhar para os cartazes publicitários espalhados pelas lojas para ver descontos de 10%, possibilidade de pagamento em três meses e sem juros e opção por lotes de produtos mais baratos.
Na guerra de preços há mochilas que não chegam aos dois euros e pacotes económicos por 8,99 euros. Mas na hora de comprar também conta muito aquilo que os miúdos gostam. Hilário Fernandes, chefe de Setor de Vendas, foi com a filha Inês, de nove anos, comprar os artigos para os estudos. Ao CM disse que é uma guerra perdida estar a impor aquilo que a filha não quer. ‘Irá rejeitar o artigo durante todo o ano. Ou porque é de rapaz, ou porque os livros não cabem, ou porque as colegas não têm, não vale a pena’, refere, reconhecendo que ‘a publicidade tem uma forte influência’.
Com oito anos, Duarte Bernardes quer uma mochila do Harry Poter. O pai, Mário Rui, confessa que tanto no Algarve como em Lisboa está esgotada, apesar de ser uma das mais caras do mercado, com um preço de 60 euros.
MANUAIS MAIS CAROS 5%
O preço dos manuais escolares atinge um aumento muito acima do valor da inflação. ‘O agravamento médio pode ir até os 5,6%’, no caso do Primeiro Ciclo do Ensino Básico, e os 4,6% nos Segundo e Terceiro Ciclos, divulgou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira. A subida dos manuais escolares é contrária à inflação na generalidade dos produtos. Em julho, os preços caíram para um negativo de 1,5% face ao período homólogo do ano passado. De acordo com o governante, a referência para os preços dos manuais resulta da adição da taxa de inflação reportada a julho do ano anterior – em 2008 foi de 2,6% – a um aumento até 3% dos 1º ao 4º anos de escolaridade e o máximo de 2% do 5º ao 9º anos. Jorge Pedreira esclareceu que, como este ano, a inflação surge negativa ‘terá de refletir-se no preço do próximo ano dos manuais escolares e não no deste ano’. Por exemplo, os manuais obrigatórios no 7º ou no 9º anos situam-se nos 141,40 euros.
DICAS PARA PAIS E ALUNOS
LISTA
Compre só aquilo que é preciso
Jorge Morgado, secretário–geral da Deco, sublinha que o consumidor deve elaborar uma lista apenas com o que efetivamente o aluno precisa de material escolar indicado pela escola.
FILHOS EM CASA
Decisão de escolha cabe aos pais
Jorge Morgado aconselha a que as compras sejam feitas pelos pais sem a presença dos filhos, para estes não exercerem pressão para a aquisição de produtos valorizados pela publicidade.
QUANTIDADE
à dúzia pode não ser mais barato
As grandes superfícies apresentam embalagens ditas económicas em que a unidade fica mais barata quando o produto é comprado num lote de 12. O erro é comprar 12 quando só precisa de um.
QUALIDADE
Conforto e garantia de resistência
Em especial nas mochilas e artigos de desporto, mais do que a beleza das cores e desenho das peças, é importante observar o conforto que o material garante e a resistência perante a energia dos menores.
MATERIAL ESCOLAR
CARO / BARATO
Mochila: 60,50 / 1,99
Estojo: 33,65 / 0,99
Esferográficas: 3,45 / 0,49
Lápis: 4,02 / 0,39
Borracha: 5,07 / 0,34
Afia: 1,49 / 0,29
Régua: 1,49 / 0,39
Esquadro: 1,70 / 0,58
Compasso: 6,49 / 1,79
Dossiê: 2,49 / 0,94
Separadores: 1,19 / 0,49
Resma de papel: 5,40 / 2,69
Papel desenho: 1,20 / 0,49
Lápis de cor: 4,02 / 0,99
Marcadores (6): 4,99 / 0,89
Caderno linhas A4: 3,99 / 0,40
Tesoura: 6,99 / 0,39
Cola: 6,39 / 0,82
Agrafador: 7,99 / 0,99
Caderno desenho A3: 8,04 / 1,59
Dicionário Bilingue: 15,21 / 9,81
Dicionário português: 35,01 / 4,32
Furador: 8,99 / 1,99
Trolley: 50,70 / 9,99
Recargas A4: 1,69 / 0,99
Separadores A4: 1,19 / 0,69
Papel forrar manuais: 4,99 / 1,29
X-ato: 0,93 / 0,39
Fita-cola: 3,39 / 0,89
Total: 292,65 / 48,29
Subidas até 6,20 euros nos cabazes básicos dos manuais
Diário de Notícias| 2009-08-21
Tendo em conta apenas os manuais exigidos pelas escolas, o custo dos cabazes varia entre os 25,54 euros do 1.º ciclo e os 141,40 do 3.º ciclo, segundo os números divulgados ontem pelos editores e livreiros
Os cabazes básicos dos manuais escolares voltam este ano a assinalar subidas acima dos valores da inflacção, com aumentos que variam entre mais de 5% no 1.º ciclo e cerca de 4% no 2.º e 3.º ciclos.
Em termos reais, de acordo com os valores divulgados ontem pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), estes aumentos traduzem-se numa subida média de 1,36 euros no 1.º ciclo, de 3,90 euros no 2.º ciclo e 6,20 no 3.º ciclo.
Os cabazes do 3.º ciclo, calculados em função de oito livros, são os mais caros, chegando aos 141,40 euros. Seguem-se os do 2.º ciclo, totalizando 84,93 euros por cinco livros e os do 1.º ciclo, com25,54 euros por três títulos.
Em relação ao ensino secundário, não são feitas estas contas, devido à grande variação de disciplinas e manuais exigidos nos diferentes currículos.
Na prática, a fatura das famílias acaba sempre por ser superior. Desde logo, porque os números dos editores referem-se apenas aos livros considerados indispensáveis pelas escolas, excluindo manuais de disciplinas como a Educação Física, a Visual e a Tecnológica, que muitos pais acabam por comprar, apesar da sua menor utilização.
De fora ficam também os livros de apoio e os CD-Rom que frequentemente acompanham as obras, e todo o restante material escolar.
Em comunicado, a APEL recordou ontem que estes valores resultam da Convenção de preços assinada em março do ano passado, que veio por termo a um longo congelamento de preços. E defendeu que, apesar dos acertos de 2008 e 2009, “nos últimos seis anos, a atualização verificada nos preços dos manuais escolares ficou 1,78% abaixo do valor acumulado da inflação referente ao mesmo período”.
Os editores sustentam ainda que sofreram aumentos de 4% nos custos de produção.
Entre os diferentes manuais e os materiais de apoio, este mercado representa facilmente faturações anuais superiores a 100 milhões de euros para os editores. Os principais “atores” deste negócio são a Porto Editora, com mais de metade da quota e o grupo Leya.
Ao contrário do que sucedeu em 2008, os atrasos não estão, para já, a constituir um problema.
Estado comparticipa livros a 711 mil
Diário de Notícias| 2009-08-21
De acordo com números divulgados pelo Ministério da Educação, em agosto do ano passado, o número de beneficiários dos escalões A e B da Ação Social Escolar -os dois grupos mais carenciados -terá ultrapassado os 700 mil alunos, graças aos novos cálculos por escalões do abono de família. Para estes alunos, um dos principais benefícios é sentido nos manuais, gratuitos para os perto de 400 mil abrangidos pelo escalão A e comparticipados a 50% no escalão B. Este apoio resume-se, no entanto, aos livros obrigatórios, não abrangendo livros de exercícios ou cd-roms. Para os materiais há comparticipações, mas mais modestas. O Ministério da Educação adiantou na altura que o seu investimento em manuais subiu para cerca de 60 milhões de euros por ano.
LeYa só vende manuais em mão a quem leve os CD-ROM
Diário de Notícias| 2009-06-10
Os comerciantes que este ano queiram levantar livros escolares nos dois centros “autosserviço”, da LeYa, no Montijo e Serzedo, serão obrigados a adquirir um pack, intitulado: “Recomendações Pedagógicas” que, regra geral, inclui manual, CD-ROM interativo e livro de exercícios. Uma medida que, ao DN, um lojista denunciou como “pressão” para vender mais CD-ROM aos clientes.
“Temos de lidar com o odioso de impingir aos pais um artigo que os professores quase nunca pedem e que representa mais 20% no preço final” acusou um livreiro do Concelho de Cascais, que pediu anonimato. Cada CD-ROM, lembrou “custa 5,50 a 6,60. O suficiente para passar de 150 para 180 euros um cabaz do 5.º ano”.
A editora só admite a venda em separado nestes locais quando a lista divulgada pela escola prevê apenas o manual. Mas, segundo o comerciante, isso raramente acontece: “99% dos professores pedem também o livro de exercícios”.
Ao DN, José Menezes, assessor de imprensa deste grupo editorial – que detém 30% a 40% de quota de mercado nos livros escolares -, defendeu estar em causa a eficácia do serviço: “A LeYa é a única editora de livros escolares que tem autosserviços. Por uma questão de organização e rapidez, só venderão Recomendações Pedagógicas. Mas continua a existir a possibilidade de fazer a encomenda em separado no nosso site”.
O problema, defendeu o livreiro, é o historial deste site: “No ano passado, as encomendas começaram a 1 de julho, e ao fim de três semanas o site deixou de funcionar de vez”. Além disso, acrescentou, a partir de agosto – “o mês em que a maioria dos pais começa a fazer os pedidos às livrarias” – as condições oferecidas pela LeYa a comerciantes (descontos) “são melhores” para quem optar pelos autosserviços.
Por lei, os clientes têm o direito de pedir os artigos em separado, mesmo que venham em pack. E os livreiros podem devolver CD-ROM e exercícios não vendidos. Mas as devoluções só começam a ser aceites a meio de outubro.
Califórnia muda para manuais eletrónicos
Diário de Notícias| 2009-06-10
O objetivo é a redução do défice estadual, estimado em 24 mil milhões de dólares.
O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, anunciou que os manuais escolares impressos vão ser substituídos por manuais on-line.
O objetivo da medida visa a redução do défice do estado, estimando Schwarzenegger poderiam ser poupados 300 a 400 milhões de dólares por ano para o estado que tem défice de mais de 24 mil milhões de dólares.
Os e-books permitirão também o acesso à Internet e a ligação a computadores.
Amazon lança leitor de livros eletrónicos para jornais e manuais escolares
Jornal de Notícias/Lusa| 2009-05-06
A empresa de vendas na Internet Amazon apresentou hoje em Nova Iorque a terceira versão em ano e meio do seu leitor eletrónico Kindle, desta vez num formato adequado à leitura de jornais e de manuais escolares.
O Kindle DX – com o mesmo aspeto do seu antecessor mas cujo ecrã tem o dobro do tamanho e que custa quase mais 100 euros (367 euros) – está especialmente adaptado à leitura de páginas de grande formato, permitindo uma leitura mais confortável de jornais e revistas: do The Washington Post ao Le Monde, passando pela The New Yorker.
Aliás, cerca de cinquenta publicações já têm um modelo de distribuição para aquele suporte e o grupo do The New York Times prevê lançar uma campanha promocional do novo leitor no verão.
Confap congratula-se com apoios a alunos com pais desempregados, mas exige que “venham para ficar”
Jornal de Notícias/Lusa| 2009-03-18
A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) congratulou-se hoje com os apoios extraordinários a alunos com pais desempregados anunciados pelo primeiro-ministro, exigindo que estas medidas “venham para ficar”, dada a sua “importância” no combate ao abandono escolar.
“Todas as medidas que visem aliviar as imensas preocupações das famílias, nomeadamente as que dizem respeito aos estudos dos seus filhos, são importantes e positivas”, afirmou Albino Almeida, presidente da Confap, em declarações à Agência Lusa.
O primeiro-ministro anunciou hoje durante o debate quinzenal no Parlamento medidas de apoio aos alunos beneficiários do abono de família que tenham pelo menos um dos pais desempregados há mais de três meses.
Segundo José Sócrates, enquanto um dos pais se mantiver no desemprego, esses alunos “passarão a ter cem por cento dos apoios, quer no ensino básico, quer no ensino secundário”.
“Este alargamento significará um maior benefício nos manuais escolares para o próximo ano letivo, mas será concretizado desde já noutros apoios, como as refeições escolares”, afirmou o primeiro-ministro.
Segundo Albino Almeida, têm chegado nos últimos meses à confederação situações “muito difíceis” de famílias com filhos em idade escolar em que os dois pais estão desempregados.
Por isso, acrescenta, é necessário que os apoios hoje anunciados não se limitem aos tempos de crise, mas sim que “venham para ficar”.
Albino Almeida sublinha a importância destas medidas, sobretudo ao nível do ensino secundário, onde há maior tendência para elevadas taxas de abandono, principalmente porque este nível de ensino não é obrigatório.
“Tudo o que seja dar condições para que os alunos terminem as suas qualificações é positivo”, reiterou, sublinhando que apenas 3 por cento dos alunos que concluíam o secundário tinham Ação Social Escolar, antes do seu alargamento este ano letivo.
Em 2008/09, passou de 185 mil para 399 mil o número de alunos que beneficiam do apoio máximo da Ação Social Escolar (ASE), escalão A, que prevê refeições gratuitas, no ensino básico e secundário, e o pagamento integral dos manuais escolares obrigatórios, apenas no básico.
Da mesma forma, o número de alunos com direito ao escalão B da ASE, cujos apoios equivalem a metade dos atribuídos no A, quer no básico, quer no secundário, cresceu de 44.468 para cerca de 311.500.
Segundo o Governo, a medida representou um investimento de 73 milhões de euros, dos quais 30 milhões destinados ao pagamento dos livros escolares e 43 milhões no caso das refeições.
A Agência Lusa tentou contactar a Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), para obter também uma reação aos apoios anunciados pelo primeiro-ministro, mas tal não foi possível.
Editoras exigem explicações sobre Acordo Ortográfico na escola
Diário de Notícias/Lusa| 2009-02-28
Leya alerta para custos envolvidos. APEL pede ao Ministério para clarificar planos. Adaptar um manual aos novos termos poderá levar até um ano e meio.
A possibilidade de o Acordo Ortográfico ser implementado já no próximo ano letivo, em escolas-piloto, está a gerar apreensão entre os editores de livros escolares. Segundo dizem, há muito que esperam conhecer os planos do Ministério da Educação sobre esta matéria. Agora, exigem uma clarificação definitiva.
Ontem, comentando a notícia do semanário Sol, a coordenadora de livros escolares da Leya, Carmo Correia, disse que a adaptação de 320 títulos da editora vai custar 1,4 milhões de euros, considerando “admissível” que a despesa seja tida em conta na próxima negociação de preços com o Ministério, em 2010.
Declarações que provocaram a ira de Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, que acusou a Leya de só pensar ” no lucro “e chegou a sugerir às escolas que “pensem se querem continuar a usar livros” deste grupo editorial. Ao DN, o assessor de imprensa da Leya, José Menezes, assegurou que o grupo “nunca disse que iria aumentar o preço dos manuais, nem o pode fazer unilateralmente”.
A questão dos preços “nunca foi levantada” na Comissão do Livro Escolar da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), segundo disse ao DN uma fonte desta estrutura, que inclui a Porto Editora. Por outro lado, “há dois anos” que a APEL vem pedindo, “sem resposta”, que o Ministério comunique os seus planos relativos ao acordo.
Para a APEL “não faz sentido” que a adaptação se resuma a um grupo restrito de escolas, porque se trata de uma reforma de impacto nacional. “O que faz sentido é que comece com os alunos mais novos, evoluindo de forma progressiva”.
Mas, segundo explicou esta fonte, um manual leva “em média 18 meses” a produzir. E mesmo “existindo ferramentas tecnológicas que permitem converter os títulos ao acordo”, a adaptação levará sempre algum tempo, “até porque será feita com especial cuidado”. Não foi possível ouvir o Ministério.
Educação: Acordo Ortográfico gera preocupação
Correio da Manhã| 2009-02-28
Pais recusam pagar livros corrigidos. Livreiros preveem gastar 1,4 milhões com adaptação dos manuais ao Acordo Ortográfico.
O custo da substituição dos manuais escolares por causa do Acordo Ortográfico (AO) está a preocupar a Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE). “Com a crise, a maioria das famílias não pode pagar esta despesa, que terá de ser suportada inteiramente pela Ação Social Escolar”, afirmou ao CM a presidente, Maria José Viseu, frisando a recusa dos pais de arcarem com mais esta despesa.
Carmo Correia, coordenadora de edições escolares do Grupo Leya (detém entre 30 e 40% de quota de mercado), disse ontem à Lusa que prevê gastar 1,4 milhões de euros na adaptação dos manuais. E o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Rui Beja, questionou se será “o Fundo para a Língua Portuguesa” a financiar as transformações.
Todos os agentes envolvidos exigem saber como e quando será implementado nas escolas o AO mas o Executivo tarda a responder.
“Queremos saber como vai ser aplicado, se começa no 1º ciclo, se vai haver formação de docentes. Ainda não sabemos nada”, afirma Edviges Ferreira, da Associação de Professores de Português (APP), frisando ter pedido esclarecimentos ao Ministério da Educação (ME) há um ano sem que tenha obtido resposta.
fonte da APEL queixa-se do mesmo: “Há dois anos que andamos a pedir informações ao Ministério da Educação e nunca houve resposta.” O ministro da Cultura, António Pinto Ribeiro, anunciou há pouco que o AO entraria em vigor ainda neste semestre. O ‘Sol’ noticiou que Pinto Ribeiro e Lurdes Rodrigues têm estado em contacto e que o acordo poderia ser implementado no ensino já no próximo ano letivo, em escolas-piloto. O CM tentou, sem êxito, obter respostas do Ministério da Educação.
APONTAMENTOS
HISTóRIA DO ACORDO
O Acordo Ortográfico foi assinado em Lisboa a 16 de dezembro de 1990 e deveria ter entrado em vigor em 1994. Mas divergências obrigaram à assinatura de dois protocolos modificativos em 1998 e 2004
ENTRADA EM VIGOR
Entra em vigor quando for publicado em Diário da República o depósito dos instrumentos de ratificação dos três países que já o fizeram.
E AS BIBLIOTECAS?
Rui Beja, presidente da APEL, lembra que os alunos serão confrontados com a ortografia que ainda se usa quando consultarem livros nas bibliotecas.
PALAVRAS QUE MUDAM
As principais mudanças passam pela eliminação das consoantes ‘C’ e ‘P’ nos casos em não se pronunciam (“mudas”):
Exemplos:
Ação / ação
acionar / acionar
afetivo / afetivo
ato / ato
coleção / coleção
coletivo / coletivo
direção / direção
diretor / diretor
exato / exato
objeção / objeção
adoção / adoção
batizar / batizar
ótimo / ótimo
Exemplos de palavras que perdem o hífen:
contrarregra / contrarregra
extraescolar / extraescolar
antissemita / antissemita
antirreligioso / antirreligioso
fim de semana / fim de semana
Exemplos de palavras que perdem acentos:
leem / leem
deem / deem
veem / veem
para / para (verbo parar)
pelo / pelo (de pilosidade)
polo / polo
joia / joia
Quando o ‘C’ e o ‘P’ são proferidos não há alteração.
Exemplos:
compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural; acupunctura, adepto, apto, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto.
Acordo Ortográfico: Leya garante que não tem competência para aumentar preços dos livros escolares
Lusa | 2009-02-27
O grupo editorial estima que a adaptação de cada manual às novas regras poderá custar entre quatro e cinco mil euros
O grupo editorial Leya acusa a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) de já ter tentado várias vezes um boicote aos seus manuais escolares e garantiu que não subirá os preços dos livros em 2009, até porque não tem competências para isso, apesar de ter alertado para os custos de uma eventual adaptação dos livros ao novo Acordo Ortográfico.
“A Leya nunca disse que ia aumentar os preços dos manuais, porque não somos nós que temos competências para isso”, garantiu José Menezes, diretor de comunicação do grupo, lembrando que o preço dos manuais é regulado por uma convenção entre o Ministério da Educação (ME) e as associações de editores de livros escolares.
“O que há aqui é um grande mal-entendido”, explicou, “porque aquilo que nos limitámos a dizer, pela voz de Carmo Correia, a coordenadora de edições escolares do grupo, foi que, num cenário hipotético, o processo de mudança da ortografia, segundo o novo Acordo Ortográfico, irá ter impactos nos custos dos manuais em 2010/2011”, acrescentou.
O mal-entendido está aqui, segundo José Menezes, “porque a Confap, para além de já ter tentado mais do que uma vez apelar a um boicote contra a Leya, percebeu que o grupo iria aumentar os preços dos manuais já para 2009”. “Isso não é, de todo, verdade”, afirmou. A Confap considerou esta manhã um “desrespeito” o aumento do preço dos manuais escolares admitido hoje pelo grupo editorial Leya, sugerindo que as escolas selecionem manuais de outras editoras.
O presidente Albino Almeida considerou que a política de ação da Leya é “apenas movida pelo lucro” e que o grupo se distingue no mercado pelo “aumento dos preços” sempre que possível, o que considerou “inacreditável”.
O grupo editorial Leya estima que a adaptação de cada manual escolar ao Acordo Ortográfico poderá custar entre quatro e cinco mil euros, pelo que admite o aumento dos preços de venda às famílias. “Todo este processo de mudança da ortografia, revisão exaustiva do texto e substituição total das chapas de impressão tem custos muito elevados”, afirmou a coordenadora de edições escolares do grupo, que detém entre 30 a 40 por cento da quota de mercado dos manuais. “é admissível considerarmos que este custo possa ser tido em linha de conta numa futura convenção de preços. Este fator não pode ser ignorado por nenhuma das partes”, acrescentou.
O preço dos manuais é regulado por uma convenção entre o Ministério da Educação (ME) e as associações de editores de livros escolares. A atual convenção é válida até ao final do próximo ano letivo (2009/2010). “Em 2010/2011 haverá com certeza espaço para introduzir algum fator de atualização. Admitimos que os preços venham a aumentar”, acrescentou.
Adaptação de cada manual escolar ao novo Acordo Ortográfico poderá custar entre quatro e cinco mil euros, de acordo com estimativa do Grupo Leya
Lusa | 2009-02-27
O preço dos manuais é regulado por uma convenção entre o Ministério da Educação (ME) e as associações de editores de livros escolares
O grupo editorial Leya estima que a adaptação de cada manual escolar ao novo Acordo Ortográfico poderá custar entre quatro e cinco mil euros, pelo que admite o aumento dos preços de venda às famílias.
“Todo este processo de mudança da ortografia, revisão exaustiva do texto e substituição total das chapas de impressão tem custos muito elevados. Dependendo de cada manual, este valor rondará os quatro a cinco mil euros”, afirmou à Lusa a coordenadora de edições escolares do grupo, que detém entre 30 a 40 por cento da quota de mercado dos manuais.
Segundo Carmo Correia, a Leya conta atualmente com 320 projetos escolares – designação para um manual, um caderno de atividades e um CD, por exemplo – pelo que deverão ser gastos cerca de 1,4 milhões de euros na adaptação dos manuais ao Acordo Ortográfico.
Preços dos manuais podem aumentar
“é admissível considerarmos que este custo possa ser tido em linha de conta numa futura convenção de preços. Este fator não pode ser ignorado por nenhuma das partes”, acrescentou.
O preço dos manuais é regulado por uma convenção entre o Ministério da Educação (ME) e as associações de editores de livros escolares. A atual convenção é válida até ao final do próximo ano letivo (2009/2010).
“Em 2010/2011 haverá com certeza espaço para introduzir algum fator de atualização. Admitimos que os preços venham a aumentar”, acrescentou.
De acordo com a responsável, a Leya pediu em novembro do ano passado informações ao ME sobre o calendário de implementação da nova ortografia no ensino, mas não obteve até à data qualquer “informação precisa”.
“Informámos na altura de que a implementação do acordo nos manuais tem de ser calendarizada atempadamente porque as reimpressões dos livros tendo em vista determinado ano letivo são feitas a partir de outubro do ano anterior”, explicou Carmo Correia, acrescentando que só assim “é possível abastecer o mercado atempadamente”.
Na melhor das hipóteses, estimou, os primeiros manuais adaptados ao Acordo Ortográfico só poderiam estar no mercado em setembro de 2010.
“Por mais ferramentas e automatismos que se utilizem para fazer a conversão é absolutamente necessário um processo de revisão exaustivo de todo o texto para despistar falhas e erros”, justificou.
A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) disse à Lusa que questiona “desde há dois anos” o ME sobre os planos para integração do acordo no ensino, mas também não obteve reposta.
“Os editores escolares da APEL aguardam instruções por parte do ME no que diz respeito à implementação do Acordo Ortográfico nas escolas. O pedido de informação foi feito há quase dois anos, mas acreditamos que o ME tem plena consciência das fortes implicações que este processo terá e da importância de que se reveste para a educação dos alunos”, acrescentou fonte da comissão do livro escolar da APEL.
A coordenadora de edições escolares do Grupo Leya sublinha ainda que alguns projetos escolares podem ter uma rentabilidade mais apertada, por se destinarem a um universo de alunos pequeno ou terem um preço mais baixo, pelo que o custo adicional da conversão “pode ser difícil de encaixar na relação custo/proveito do projeto”.
Questionada se poderá estar em causa a produção de alguns manuais, a responsável negou. “Quer dizer que nas estimativas feitas pelo editor isto é um imprevisto e não fazia parte das contas iniciais quando foi decidido avançar com o projeto. Se se entendeu do ponto de vista político e científico que se deve evoluir para o novo acordo, vamos acompanhar essa evolução”, garantiu.
O ministério da Educação ainda não se pronunciou, até ao momento, sobre esta matéria.
Manuais revistos incluem descobertas científicas
Diário de Notícias | 2009-02-24
Comissão do Ministério da Educação está a analisar 118 manuais do mercado, e um dos objetivos é que as novidades científicas, como a ‘despromoção’ do Plutão, sejam introduzidas. Mas sem atualização, já alunos e professores costumam debater revelações da ciência.
A “despromoção” de Plutão, de nono planeta do sistema solar para a categoria dos pequenos corpos chamados plutinos, é umas das últimas descobertas científicas que está a ser incluída em todos os livros escolares. Uma comissão técnica – criada pelo Ministério da Educação – está neste momento a avaliar 118 manuais, entre eles os de Biologia e Físico-Química do 7.º e 9.º anos, e a solicitar adaptações.
“Uma das sugestões que estão a fazer é a de incluir a mudança na classificação do Plutão”, explicou ao DN Marta Duarte Ramalho, autora do “Terra Mãe”, manual de Físico-Química, do 7.º. A escritora explica que a novidade sobre aquele planeta, decretada em 2006, já estava, porém, em muitos manuais: “Sempre que se esgota e se reimprime, podem-se fazer adaptações.”
De resto, como os manuais têm um prazo de validade de seis anos, se os autores e editoras não forem introduzindo as descobertas, os professores e alunos levam-nas para a sala de aula. E aqui são debatidas, sem ser necessário esperar pelos manuais. “Os próprios alunos trazem às vezes recortes de jornal, ou veem na televisão ou na Internet, a notícia de uma descoberta”, explica Fernanda Riflet, professora de Física na Escola Secundária Professor Herculano de Carvalho, nos Olivais. “Discutimos essas notícias nas aulas”, diz. Mas os professores, nota a docente, “também estão atentos e fazem essa pesquisa diariamente”.
Na área da Biologia, Inês Martins, que leciona o 10.º ano na Secundária Virgílio Ferreira, em Carnide, defende que o professor deve ter aí “um papel muito ativo”. é essa a sua experiência. “Faço uma busca constante, à procura de novidades, em jornais como o Diário de Notícias e o Público, e na Internet. Essa é uma forma de nos aproximarmos na aula da realidade das descobertas científicas”, conta Inês Martins. Na Biologia, questões ligadas à clonagem humana, células estaminais e outros temas como o da decifração do genoma humano, são temas de debate frequente nas suas aulas.
Para existir debate, o professor tem de estar atualizado, o que torna indispensável participar regularmente em cursos de atualização. Geneticista, professor e investigador da Faculdade de Farmácia, Carolino Monteiro faz palestras nas escolas, sobretudo para os alunos do secundário e garante “encontrar professores do secundário com formação muito sólida nos novos conhecimentos da biologia”.
Outra forma de chegar às novidades na ciência é participar em projetos Ciência Viva, com investigadores de centros de investigação. Fernanda Riflet tem feito isso com os seus alunos de Física do secundário, com o projeto Telescópio de Raios Cósmicos, em colaboração com o investigador Pedro Abreu, do Laboratório de Investigação Experimental e Física de Partículas (LIP). Graças ao projeto, em que vagas sucessivas de alunos têm participado desde 2001 (há um detetor instalado na escola), os jovens familiarizam-se com a deteção de partículas de altas energias.
A outra face da moeda é a das descobertas não mediáticas. “Essas levam mais tempo a chegar à escola”, diz o astrónomo Rui Agostinho.
Judeus querem que manuais não os discriminem
Público | 2009-02-15
A vice-presidente da Comunidade Israelita em Portugal, Esther Mucznik, defendeu ontem que os programas e os manuais escolares portugueses deviam ajudar a combater o preconceito que existe contra os judeus.
Esther Mucznik considera que “a discriminação que por vezes existe é baseada em grande parte na ignorância”, lembrando que “o que ficou na cabeça das pessoas é que judeu é algo de malvado”, não sendo por acaso que ainda hoje se usam expressões como “és mesmo judeu” ou “não faças judiarias”. “Uma coisa são as leis que mudam, outra são as mentalidades. E as mentalidades demoram muito mais tempo”, afirmou Esther Mucznik em Viseu, onde participou no colóquio “História e Cultura Judaica”.
Na sua opinião, os manuais escolares não combatem devidamente” esse preconceito, defendendo que deviam “dar mais espaço à história judaica e aos contributos positivos que a comunidade judaica deu à História de Portugal, para a economia, a ciência, a cultura, os descobrimentos, a medicina, para tudo”.
Durante o colóquio, o arqueólogo João Inês Vaz referiu que uma das histórias que se contavam na sua infância era sobre um senhor judeu que tinha uma cauda. Esther Mucznik explicou que tal se deve ao facto de na Idade Média o judeu ser “equiparado ao Diabo, representado com uma cauda e um cheiro pestilento”. “Claro que, racionalmente, as pessoas sabem que o judeu não tem cauda, nem nenhum atributo especial, é um ser humano como outro qualquer. Só que o preconceito ainda se mantém”, lamentou.
A estudiosa estima que existam cerca de cinco mil pessoas em Portugal que se consideram judias. As principais comunidades estão situadas em Lisboa, Belmonte, Porto e Algarve.
Professores e alunos “estão limitados às fotocópias”
Público | 2009-01-12
Um aluno que entre num curso profissional com a expectativa de poder sentir o cheiro a novo de um manual escolar vai sair frustrado: um inquérito recente a 446 professores revelou que o ensino profissional em Portugal sobrevive à custa de… fotocópias.
O catedrático Adalberto Dias de Carvalho, que, juntamente com Nuno Fadigas, apresentou em setembro o estudo “Recursos Educativos no Ensino Profissional”, diz que o Ministério da Educação (ME) continua sem dar às escolas orientações para que adotem manuais escolares específicos.
“Os professores estão numa situação difícil porque são coagidos a pactuar com uma prática que, além de ilegal, é pouco ética”, diz Dias de Carvalho. Os docentes inquiridos no estudo – todos a lecionar disciplinas de cursos profissionais em escolas públicas e privadas do Porto, Faro e Castelo Branco – notaram “um forte mal-estar por serem obrigados a cometer uma ilegalidade”.
O recurso maciço a fotocópias conflitua com o Código dos Direitos de Autor e dos Direitos Conexos, consubstanciando, como tal, uma prática ilegal e que até já motivou ações de inspeção a universidades e quiosques. O alerta foi remetido, em setembro, ao Ministério da Educação e o mais surpreendente para Dias de Carvalho foi o silêncio que se seguiu. “O problema existe, está assim há anos, e ninguém fala disso. é absolutamente extraordinário.”
Porquê? Talvez por causa da “inércia” e da “convicção de que os cursos profissionais podem correr dentro de uma pedagogia que dispensa os manuais”. Mas não é assim e a prova é que 46,7 por cento dos professores dizem que os recursos disponibilizados são essencialmente fotocópias, a maioria de manuais escolares do regular. Os ficheiros em digital foram apontados como recurso por 31,2 por cento dos docentes, enquanto 11,5 por cento referiram as sebentas fotocopiadas.