Em Londres: Escola testa utilização de iPhones com os alunos
Sol | 2009-12-11
Uma escola londrina distribuiu iPhones a um número limitado de alunos para testar a utilização do smartphone em contexto educacional. Teste vai durar sete meses.
No total são 30 os estudantes abrangidos no teste, com idades entre os sete e os 11 anos, que irão testar a utilização do dispositivo durante sete meses.
De acordo com o portal Kable, o projeto está a ser desenvolvido pela Gumley House Convent School em parceria com uma empresa de tecnologia para o setor da Educação e tem como base uma investigação académica sobre a utilização das novas tecnologias no contexto educacional.
A instituição londrina foi escolhida porque segundo os responsáveis pelo estudo, foi aquela em que os estudantes demonstraram mais interesse nas novas tecnologias, nomeadamente na utilização de aplicações de apoio à aprendizagem.
Citado pelo portal um dos responsáveis pela iniciativa, Simon Elledge, considera que «na maioria das escolas os telemóveis são vistos como distração e são banidos da sala de aula. Mas, como as tecnologias estão cada vez mais integradas no nosso dia a dia, queremos perceber como é que poder ser utilizadas de forma positiva no ambiente educacional».
O objetivo é promover a utilização das aplicações úteis existentes para o iPhone, sempre sob o olhar atento dos professores, que irão depois realizar testes cujos resultados serão analisados pelos investigadores.
Direitos de autor: Projeto Escolas quer pôr alunos a criarem obras originais
Público | 2009-11-20
O objetivo é pôr alunos entre os 12 e os 18 anos a criarem obras originais nas seguintes categorias: Música, Letra, Design, Vídeo, Plano de Promoção Online, Escrita Criativa e Media. A iniciativa dá pelo nome de Projeto Escolas – Concurso de Criatividade Grande e tem o apoio das ministras portuguesas da Cultura e da Educação e ainda da Comissária europeia para os Assuntos dos Consumidores.
No total são 30 os estudantes abrangidos no teste, com idades entre os sete e os 11 anos, que irão testar a utilização do dispositivo durante sete meses.
O Projeto Escolas – Concurso de Criatividade Grande foi ontem oficialmente apresentado na Cinemateca Portuguesa. Durante a apresentação, Gabriela Canavilhas, Isabel Alçada e Meglena Kuneva (que se fizeram representar através de um vídeo protagonizado pelas próprias) explicaram a importância desta iniciativa, que tem como objetivo último sensibilizar os jovens para a importância dos direitos de autor e da propriedade intelectual. O projeto é, aliás, promovido pela Agecop – Associação para a Gestão da Cópia Privada, em conjunto com um conjunto de sociedades que representam os autores, os artistas, os produtores e os editores. “Trata-se de um projeto inovador, de educação e literacia nas matérias de direito de autor e direitos conexos no ambiente digital”, escreve a Agecop em comunicado.
Os alunos e as escolas são convidados a participar no desafio através de um site que vai conter vídeos de autores, artistas e profissionais das indústrias criativas ligados a cada categoria, indica ainda o comunicado da Agecop. Estes vídeos vão servir para acompanhar, apoiar e orientar os alunos ao longo de todo o projeto.
Os melhores trabalhos serão premiados com a respetiva produção e divulgação.
O projeto será lançado oficialmente em janeiro de 2010, data em que será disponibilizado o site.
Conselho-geral deve decidir crucifixos
Correio da Manhã | 2009-11-06
A presença de crucifixos nas salas de aula das escolas públicas deve ser equacionada pelo conselho-geral de cada escola ou agrupamento, considera a Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE).
De acordo com Maria José Viseu, presidente da CNIPE, a questão dos crucifixos “deverá caber a cada escola ou agrupamento, processando-se de acordo com a realidade de cada território educativo e salvaguardando sempre o respeito pelas minorias”. A responsável da CNIPE opõe-se à existência de uma lei geral sobre o assunto, pois “a decisão sobre a colocação ou a retirada de símbolos religiosos das salas de aulas deverá ser tomada segundo os critérios de cada comunidade”.
Casa do Futuro, em évora, aposta em atividades que não existem nas escolas
Lusa/EXPRESSO | 2009-10-18
Filosofia e meditação para crianças, ateliers de matemática e pensamento lógico, culinária ou jogos cooperativos são algumas das atividades proporcionadas pela Casa do Futuro, associação de évora que aposta na educação integral dos mais pequenos.
Filosofia e meditação para crianças, ateliers de matemática e pensamento lógico, culinária ou jogos cooperativos são algumas das atividades proporcionadas pela Casa do Futuro, associação de évora que aposta na educação integral dos mais pequenos. “Promovemos atividades e oportunidades educativas diferentes daquelas que as crianças normalmente têm dentro do sistema escolar formal”, descreve à agência Lusa a psicóloga Sandra Gonçalves, uma das fundadoras da associação.
A Casa do Futuro – Núcleo de Educação Integral tem sede e desenvolve atividades na quinta de Sandra e do marido, o psicoterapeuta Vítor Rodrigues, que educam a filha ísis em regime de ensino doméstico.
Educação: Jogos, fichas e DVD ajudam alunos a perceber Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
Lusa/EXPRESSO | 2009-10-18
A Oikos começa esta segunda-feira a distribuir pelas escolas portuguesas dois mil kits pedagógicos sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, com o objetivo de sensibilizar os alunos para a importância de se chegar a 2015 com a missão cumprida.
Através de jogos, simulações, fichas de trabalho e DVD, devidamente adaptados a cada nível de ensino, a organização pretende dotar os mais jovens com conhecimentos mais aprofundados de temáticas como a pobreza e o ambiente, para permitir decisões futuras sustentadas.
“A ideia é entusiasmar alunos e professores para os oito Objetivos do Milénio e perceberem como seria tão importante chegar a 2015 com a missão quase cumprida. São os atuais jovens que dentro de pouco tempo vão tomar as decisões que gostaríamos que fossem condicentes com os objetivos”, disse à Lusa a coordenadora do setor de educação para o desenvolvimento da organização não governamental.
Blogue da Educação chega a livro
Expresso | 2009-04-11
Um blogue quase inteiramente dedicado à s questões do ensino tornou-se um dos mais lidos da blogosfera. Agora a ‘Educação do Meu Umbigo’ chega a livro.
O fenómeno foi tão rápido quanto surpreendente. O que leva um blogue quase inteiramente dedicado à s questões da Educação a tornar-se um dos mais lidos da blogosfera, com quatro milhões de visualizações em 2008 e uma média diária de 15 mil, acima de outros mais mediáticos como o ‘Abrupto’, o ‘Arrastão’ ou o ’31 da Armada’? O que explica que um professor do ensino básico até há pouco tempo absolutamente anónimo passe a ser “seguido” por muitos colegas, lido no Ministério da Educação (ME), assediado por partidos e sindicatos?
Paulo Guinote, criador do blogue ‘Educação do Meu Umbigo’, é o primeiro a assumir a perplexidade. “A sério que não sabia no que daria”, confessa no livro que vai ser lançado no próximo sábado em Lisboa, pela Porto Editora, e que resume em 400 páginas alguns posts publicados desde novembro de 2005. Correspondem à vida do ‘Umbigo’, mas também ao mandato de Maria de Lurdes Rodrigues, Valter Lemos e Jorge Pedreira à frente do ME e a um dos períodos mais conturbados no setor, numa luta também alimentada nos blogues. O próprio lançamento mostra bem a aposta da editora no reconhecimento entre pares deste professor de História e Português na Escola Mouzinho da Silveira (Moita): o convite seguiu por e-mail para 95 mil docentes. Na capa lê-se: “Um livro que incomoda ministros e mobiliza professores”.
A influência
“Houve uma altura em que a secretaria-geral do Ministério se encontrava entre as cinco ou seis origens principais de fluxos”, revela Guinote. Mas não acha que “incomode” a ministra, “pelo menos de forma direta”. “O gabinete de imprensa acompanha tudo o que sai sobre Educação”, responde o assessor Rui Nunes, quando questionado sobre a importância atribuída na 5 de outubro a este blogue. A verdade é que os responsáveis ministeriais já se mostraram irritados com o que vai sendo escrito na blogosfera.
São várias as provas da sua influência. Quando fez um apelo a pedir contribuições para pagar um parecer ao advogado Garcia Pereira sobre o modelo de avaliação de professores, 1500 responderam ao pedido.
Quando começou a publicar moções de escolas a rejeitar o mesmo modelo, largas dezenas repetiram o gesto. Hoje, recebe cerca de 200 mails por dia. “Comecei a ter a noção de que tinha alguma influência quando passei a receber imensos pedidos de professores a solicitar conselhos”, diz. Ou quando apareceram as primeiras pressões mais ou menos explícitas. “Recebia avisos como: ‘não perdes por esperar’ ou ‘não penses que te vão perdoar'”.
à medida que a contestação dos professores foi crescendo, o ‘Umbigo’ foi ganhando mais e mais adeptos. A 8 de novembro de 2008, no dia da segunda megamanifestação de docentes, ultrapassou os 30 mil acessos. No dia da greve (3 de dezembro) bateu novo recorde: 38.510.
Começaram também a aparecer os contactos de políticos. Foi convidado a escrever na revista “OPS”, ligada a Manuel Alegre, passou a ter reuniões no Parlamento com deputados do PCP ou do BE. Mas a filiação partidária ou sindical nunca lhe interessou, garante Paulo Guinote, 44 anos. Cartão, só o de dador de sangue, costuma dizer. O que o move então?
“Inicialmente, uma irritação pela forma como o Ministério entrou a matar neste mandato, não se concentrando nas falhas do sistema mas em atacar os professores. E eu não reconheço em nenhum dos três elementos competência para fazer esse ataque”, resume.
Mas, aos poucos, o ‘Umbigo’ passou a ser mais do que o blogue pessoal de Guinote. Fizeram-se amizades e concertaram-se estratégias de luta. Para alguns, a identificação com os problemas vividos noutras escolas ou a possibilidade de dizer o que têm medo de afirmar na sala dos professores funciona mesmo como uma espécie de “catarse” ou de “desabafo psicanalítico”, avalia. “O blogue tornou-se um espaço de liberdade. As minhas posições são de alguém que está na escola e não de quem está a funcionar como porta-voz de um grupo. E as pessoas acabam por rever-se nisso”, conclui.
Ministro francês da Educação “chocado” com o ‘faz-me o TPC.com’
Expresso | 2009-03-05
é uma das polémicas do momento em França. Fica hoje online o site que se propõe fazer os trabalhos de casa dos alunos a troco de alguns euros. O tutelar da pasta no Governo arrasa o projeto.
“Chocado e irado”. Foi assim que o projeto “faismesdevoirs.com”, que a troco de alguns euros se propõe fazer os trabalhos de casa dos estudantes, deixou o ministro francês da Educação, Xavier Darcos. A partir das 14 horas (13h em Lisboa) o site estará online.
“Vem cinicamente desenvolver um tipo de mercado do menor esforço, comercializando a ação educativa”, disse Darcos à estação de rádio Europe1.
Ontem, à saída do conselho de ministros, o governante disse ainda que “o melhor lugar para ser educado e para ver os seus trabalhos de casa corrigidos é a escola pública”, que na sua opinião “tem por missão oferecer estes serviços a todos os alunos gratuitamente”.
“Espero que o sucesso escolar jamais seja função da capacidade financeira dos pais dos estudantes”, concluiu Xavier Darcos.
Mas para o criador do site, o empresário, Stéphane Boukris, de 25 anos, este projeto “reduz as desigualdades sociais”, até porque é muito mais barato do que um explicador particular. Para os promotores de ‘faismesdevoris.com’ trata-se de um serviço legal e “pedagógico”.
“Explicar aos alunos que de nada serve arranjar quem estude por eles também é legal”, responde o presidente da FCPE, a principal federação francesa de pais.
Para Jean-Jacques Hazan “há muitas coisas que são legais mas não deixam por isso de ser imorais”.
“é um sinal claro da degradação do ensino”, rematou.
Cinemateca Júnior vai receber cinco mil crianças
Lusa | 2009-04-29
Alunos de todo o país vão à Cinemateca aprender o que é o cinema.
Se o leitor for à Internet ao sítio http://www.wdl.org, tem, desde ontem, acesso gratuito à Biblioteca Digital Mundial (BDM), um novo programa de informação e divulgação cultural que acaba de ser posto em linha numa iniciativa conjunta da UNESCO, da Biblioteca do Congresso Americano e da Biblioteca de Alexandria.
Nesse novo endereço, entre mais de mil documentos, vai poder encontrar, por exemplo, aquele que é apresentado como “o primeiro mapa de Portugal de que se tem conhecimento”: trata-se da Descrição atual [sim, já com a grafia do novo acordo ortográfico, ainda que com várias imprecisões no português utilizado] e precisa de Portugal, antiga Lusitânia, datado de 1561 e de autoria do matemático e cartógrafo Fernando álvares Seco. Mas terá também outro mapa, relativo ao Reino do Algarve (século XVIII); uma fotografia (1906) de um guineense junto com uma descrição desta província portuguesa; ou ainda um Diário da Viagem de Magalhães (1525), atribuído ao veneziano António Pigafetta.
Relativa à história do mundo em geral – que, na nova BDM, está dividido em nove zonas geográficas e culturais -, podem encontrar-se outros mapas e cartografias, livros e manuscritos, gravuras e fotografias, filmes e gravações sonoras. E entre eles estão tesouros como a joia da literatura japonesa O Diário de Genji, de Murasaki Shikibu, uma autora do século X/XI; o primeiro mapa com referência ao continente americano, datado de 1507 e feito pelo monge alemão Martin Waldseemueller e ainda, segundo os responsáveis, aquele que é a peça mais antiga, uma pintura descoberta na áfrica do Sul, que terá oito mil anos e representa antílopes ensanguentados.
Os destinatários desta BDM, disponível em sete línguas, são os estudantes, professores e o público em geral. Dantes, “a escola preparava os jovens para ir à biblioteca, mas, hoje, as bibliotecas tornaram-se digitais”, constata, citado pela AFP, o tunisino Abdelaziz Abid, coordenador deste projeto que, para já, reúne trinta bibliotecas de outros tantos países em todo o mundo (incluindo o Iraque, a Rússia, a China, o Uganda, o Egito e o Brasil), mas que, até final do ano, quer duplicar os participantes.
O principal responsável por este projeto é James H. Billington, diretor da Biblioteca do Congresso Americano e ex-professor de História em Harvard. Foi ele que, em 2005, o propôs à UNESCO, assegurando que o espírito da nova biblioteca digital universal não seria “competir” mas complementar dois outros programas congéneres já existentes: o Google Book Search, também lançado em 2005 e que atualmente tem sete milhões de obras acessíveis ao público; e a Europeana, uma biblioteca criada em novembro do ano passado, que conheceu também um êxito inesperado e já disponibiliza 4,6 milhões de documentos – esperando chegar aos 10 milhões até 2010.
Com a sua nova Biblioteca Digital Mundial, disponível em sete línguas, a UNESCO quer reduzir a “fratura digital” entre os povos.
Biblioteca Digital Mundial da UNESCO já está disponível na Internet e é gratuita
Público | 2009-04-22
O português é uma das sete línguas em que está acessível a nova biblioteca, que privilegia a diversidade linguística e o multiculturalismo
Cerca de cinco mil alunos do ensino básico e secundário do país vão poder conhecer a história do pré-cinema na Cinemateca Júnior, através de um protocolo entre os Ministérios da Cultura e da Educação, hoje assinado, em Lisboa.
O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, que tutela a Cinemateca Júnior – valência da Cinemateca Portuguesa dedicada à s crianças e jovens – e a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, assinaram no Palácio Foz uma adenda a um protocolo já estabelecido em 2007.
O documento foi assinado na presença de Pedro Mexia, diretor interino da Cinemateca. O texto vai permitir o alargamento do apoio do Ministério da Educação a visitas das escolas, passando de duas mil para cinco mil crianças.
“Grande parte das crianças nunca entrariam num museu ou num espaço cultural como este se não fosse através da escola porque dependem da vontade e da disponibilidade da família para o fazer”, sublinhou a ministra da Educação, aos jornalistas, acrescentando que “a escola também tem este papel de permitir a todos o acesso à cultura”.
Sobre a Cinemateca Júnior, destacou a possibilidade de, com atividades lúdicas, usar estratégias pedagógicas para ensinar, não só a história do cinema, mas também outras disciplinas, como a Física e a Matemática.
Para o ministro da Cultura, esta valência “é fundamental na criação de novos públicos porque permite à s crianças perceber o cinema, as suas origens.
Museu Escolar projeta novas instalações no valor de cinco milhões de euros
Lusa | 2009-03-31
O Museu Escolar, em Marrazes (Leiria) vai ter novas instalações, um investimento de cinco milhões que deverá começar ainda este ano, disse a presidente da Junta local, entidade que tutela o espaço que, diz, atingiu “reconhecimento nacional”.
“é um projeto ambicioso que não contempla só a casa do Museu Escolar”, adiantou Sofia Carreira, explicando que vai incluir um auditório e espaço de formação da filarmónica da freguesia. Segundo a presidente da Junta de Marrazes, o futuro edifício “vai criar uma nova centralidade na freguesia”, arriscando mesmo chamar-lhe um centro cívico.
Já Catarina Oliveira, técnica do museu, destacou o facto de o novo espaço permitir ao museu representar mais do que o ensino e a educação no Estado Novo. “O nosso objetivo no futuro museu será abranger a história da Educação e, portanto, alargar o Estado Novo para os períodos anteriores, também com os grandes pedagogos que existiram anteriormente”, declarou a responsável, acrescentando que no novo edifício vão também ter espaço “as novas formas de estudar, com os novos métodos utilizados”.
O Museu Escolar remonta a um projeto anual da escola primária de Marrazes, no ano letivo de 1993/1994, que aproveitou o espólio de uma antiga professora.
“No final desse ano letivo, num cantinho, foi inaugurado o museu na escola”, recordou Maria dos Santos, antiga professora do estabelecimento de ensino. O espaço, contudo, revelar-se-ia escasso e é assim que nasce, a 16 de maio de 1997, o Museu Escolar.
à entrada, os primeiros sinais de outros tempos, como o cabide no qual se penduravam os cestos que transportavam o lanche, mas também o almoço, porque cantinas não era uma palavra que integrava o dicionário dos alunos de outrora. E ainda o saco de serapilheira, que tanto guardava as batatas como protegia os alunos do frio e da chuva.
A visita continua pela sala de geologia, onde está uma coleção de mineralogia que foi o embrião do museu.
Segue-se a área de artesanato e carpintaria, com ferramentas que eram usadas nos trabalhos manuais, mas que revelam outras doações que não têm, necessariamente, a ver com a escola, mas antes com a época retratada no museu.
é, no entanto, a sala de aula do Estado Novo a que mais curiosidade desperta, admitiu Catarina Oliveira. Imagens do chefe do Governo, António Salazar, e do Presidente da República, marechal Carmona, no meio dos quais o crucifixo, símbolo da religião oficial do país, como determinava a Constituição de 1933, são alguns dos elementos do espaço. Quadros de ardósia, as canetas de aparo, os instrumentos de castigo e o escarrador figuram na sala de aula, onde também não falta a bandeira e hino nacionais, os mapas, a biblioteca popular e os instrumentos de medição.
O Estado Novo está ainda representado numa área dedicada à Mocidade Portuguesa, mas o museu integra, também, a sala dedicada aos brinquedos tradicionais produzidos pelas crianças ou que se adquiriam nas feiras.
A visita ao Museu Escolar, que há oito anos integra a Rede Portuguesa de Museus, não fica completa sem se conhecer as salas do método e da legislação. Nelas, há a Cartilha Maternal de João de Deus ou exemplares da revista “Escola Portuguesa”, onde constavam, por exemplo, as colocações dos docentes e até as autorizações de casamento. Neste espaço há também uma carta, datada de 1943, de um encarregado de educação que pede a um professor para castigar o filho porque faltou à s aulas, pedindo-lhe mesmo que o ameace de prisão.
Blogues e Twitter dados em escolas do Reino Unido
Público | 2009-03-26
Os alunos das escolas primárias britânicas deverão dominar ferramentas baseadas na Web como blogues, podcasts, Twitter e Wikipedia, segundo planos de alterações ao programa escolar ontem divulgados pelo jornal britânico The Guardian.
Em contrapartida, os alunos deixarão de ter como obrigatório o estudo de certos períodos históricos, como a época vitoriana ou a II Guerra Mundial (extensamente coberta no programa do secundário). O fim da rigidez dos programas deverá ser outra novidade, com os alunos a terem mais a dizer sobre a matéria.
O Guardian diz que as alterações serão as maiores da última década na educação primária do Reino Unido. Serão eliminadas centenas de especificações das áreas de ciências, geografia e história.
Por outro lado, os alunos devem terminar a primária sabendo utilizar a Wikipedia, uma enciclopédia escrita pelos internautas, sendo capazes de publicar um blogue, e ainda de comunicar através do Twitter (serviço com base na Web assente em mensagens de 140 caracteres). Terão de saber usar estas ferramentas como meios de recolha de informação e de comunicação.
A fonética, cronologia histórica e aritmética mental continuam a ter um peso forte nos programas. Mas os alunos vão aprender a escrever ao mesmo tempo que aprendem a usar o corretor ortográfico do computador, e a escrever à mão ao mesmo tempo que aprendem a usar um teclado.
A mudança – por enquanto ainda apenas em planos a que o jornal britânico teve acesso – irá incluir também a sensibilização para temas ambientais e de relacionamento social (como evitar a pressão dos outros miúdos, como gerir relações com família e amigos).
Em relação à história, a ideia é que os alunos continuem a ser capazes de ter uma noção geral que lhes permita ordenar cronologicamente uma série de acontecimentos, e perceber as ligações entre alguns deles. Estudarão com mais profundidade dois períodos-chave da história britânica, mas estes serão escolhidos pela escola.
O responsável do Sindicato dos Professores John Bangs comentou ao Guardian que o programa “parecia saltar das últimas tendências, como a Wikipedia e o Twitter, para as muito tradicionais descrições do ensino cronológico da história. Parece que há tendências de um lado, pressão política de outro.” Mas “livros tradicionais e textos escritos estão desvalorizados em relação ao conhecimento com base na Internet”.
Nos currículos das escolas primárias britânicas vão estar temas ambientais e a gestão de relações sociais.
Cativar alunos para aprenderem Alemão através da música
Público | 2009-03-17
Há quem defenda que a música é a linguagem universal e a melhor forma de aprender uma língua. é por estas máximas que o projeto Pasch se guia, uma iniciativa do Goethe-Institut (Instituto Alemão) e do Ministério dos Negócios Estrangeiros Alemão que, em parceria com sete escolas portuguesas, promoveu, na quarta-feira, na Escola Secundária de Camões, em Lisboa, um dia diferente, que juntou a música à aprendizagem da língua alemã. Na sexta-feira foi a vez da Universidade do Porto receber a sonoridade e o ritmo da música pop alemã.
“Aprendemos muito mais aqui do que nas aulas”, justifica Ana Rita David, de 18 anos, aluna do 11.º ano da Escola Secundária de Camões. “Porque através destas iniciativas é mais fácil memorizar palavras e expressões”, acrescentou. Durante a manhã, cerca de 40 alunos do 7.º ao 12.º ano tocaram, cantaram e compuseram letras de música pop alemã, em diversos workshops dirigidos por seis professores da Pop Academie, uma faculdade alemã de música pop e rock. Para a tarde estava reservada a pequena atuação dos alunos, que juntou cerca de uma centena de pessoas, entre colegas, professores e familiares. “O objetivo é pôr os alunos a falar e a cantar alemão. Mostrar-lhes que também podem divertir-se com o alemão”, referiu Eva Rathsfeld, responsável pelo workshop de guitarra.
Numa altura em que o ensino de Alemão nas escolas portuguesas foi “completamente ultrapassado” pelo Inglês e “até mesmo pelo Espanhol”, o Goethe ambiciona criar “uma rede de mil escolas onde se ensina Alemão”, salientou Dorothea Klenke-Gerdes, diretora do Departamento de Língua do Goethe. O que se pretende é alertar os alunos para a “importância da língua alemã na Europa”, acrescentou. Só este ano, o Governo alemão pretende investir 45 milhões de euros nesta iniciativa, que se estende a nível mundial.
Saúde: Vídeos mostram na Internet técnicas de socorrismo
Lusa | 2009-03-15
A informação contida nos vídeos não substitui o contacto para o 112
Mostrar como reagir em situações como queimaduras ou hemorragias é o objetivo de seis vídeos lançados na Internet pela escola de socorrismo da Cruz Vermelha, mas que não substitui o contacto com a linha de emergência 112.
“Trata-se de mais uma iniciativa da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), que se insere dentro do mandato humanitário” e que conta com uma parceria com o portal de Internet SAPO, explicou Ricardo Almeida, diretor da escola de socorrismo desta instituição.
O objetivo passa por, “tentar sensibilizar mais a população e a sociedade civil para estas competências que são adquiridas através da formação” desenvolvida nos cursos de socorrismo ministrados pela escola de socorrismo da CVP.
Ao todo, são seis os vídeos disponíveis no portal SAPO, com instruções sobre o que fazer em caso de queimaduras, engasgamento, hemorragias, entre outros, com “conhecimentos acessíveis a qualquer um”, que pretendem “demonstrar a simplicidade e a estrutura muito básica deste ensino” que, “através de simples gestos, permitem claramente salvar vidas”, afirmou o responsável.
A mesma opinião é partilhada por uma das formadoras dos cursos de socorrismo desta escola da Cruz Vermelha, Teresa Silva, e figurante em alguns dos vídeos disponíveis na Internet.
“Pode-se ver alguns dos procedimentos em situações muito básicas para ajudar alguma pessoa que está em sofrimento ou desconforto, como por exemplo, situações de engasgamento”, refere.
Teresa Silva disse ainda que estes vídeos servem para “apelar à atenção das pessoa para a importância desta técnicas e também para a necessidade de procurar informação nesta área e estarem prontas a atuar, sempre que for necessário socorrer alguém”.
Porém, ambos salientam que a informação contida nestes vídeos não substitui o contacto para o 112.
“Não substitui de forma alguma, porque estes vídeos pretendem sensibilizar as pessoas para a aquisição destas competências e o facto de qualquer pessoa visitar estes vídeos não lhe atribui competência rigorosamente nenhuma”, referiu Ricardo Almeida.
Os vídeos de primeiros socorros estão disponíveis na Internet através dos endereços http://videos.sapo.pt/cruzvermelha e http://saude.sapo.pt/dossiers.
Paralelamente, a Cruz Vermelha Portuguesa, através da escola de socorrismo, ministra vários cursos de primeiros socorro.
Trinta mil videoprojetores começaram a ser distribuídos pelas escolas
Lusa | 2009-02-27
Trinta mil videoprojetores começaram ontem a ser distribuídos em escolas públicas do país, cumprindo-se assim mais um objetivo do Plano Tecnológico de Educação (PTE)
O Ministério da Educação (ME) iniciou a instalação de videoprojetores em 18 escolas públicas de 2.º e 3.º ciclos e com ensino secundário, no âmbito do PTE, que visa “garantir um videoprojetor por cada sala de aula no decorrer do presente ano letivo”, disse à Lusa o coordenador do programa, João Trocado da Mata.
“O objetivo principal é modernizar as infraestruturas das escolas, bem como o processo de ensino utilizado”, acrescentou.
Em comunicado, o PTE avançou que a implementação deste projeto, orçado em 14,7 milhões de euros, surgiu no seguimento do concurso público internacional “para a aquisição de bens e serviços necessários ao fornecimento, instalação, manutenção e “helpdesk” de apoio aos referidos equipamentos”.
Lançado há um ano, este plano do Ministério da Educação prevê ainda que as escolas tenham, até ao final do ano letivo, a instalação de computadores, de forma a atingir o rácio de dois alunos por computador com ligação à Internet, nove mil quadros interativos nas salas de aulas e a criação do cartão eletrónico para todos os alunos.
Quanto aos quadros interativos, João Trocado da Mata adiantou que a instalação vai “arrancar a partir da próxima semana”, assim como a distribuição de computadores.
Prevê-se que a entrega de 111 mil computadores comece “dentro de dez dias”, depois do projeto ter sido aprovado quarta-feira pelo Tribunal de Contas, adiantou o responsável.
O PTE representa um investimento de cerca de 400 milhões de euros e pretende colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados na modernização tecnológica dos estabelecimentos de ensino.
Caso no Carolina Michaëlis entre professora e aluna dá origem a jogo didático para telemóvel
Público | 2009-01-28
A mesma escola do Porto vai testar projeto-piloto. O Quizionário pode ainda ser jogado na Internet ou num quadro interativo
Chama-se Quizionário. E é o resultado de um trabalho de dois engenheiros, um web designer, um artista plástico e um professor de Matemática que estão a fazer um mestrado multimédia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. “Tínhamos que desenvolver uma aplicação para telemóvel e decidimos fazer um jogo didático, inspirado nos acontecimentos do Carolina Michaëlis”, explica Renato Roque, um dos engenheiros do grupo.
O episódio de que fala aconteceu em março do ano passado, naquela escola do Porto, e as imagens foram colocadas no YouTube. O vídeo mostra uma aluna do 3.º ciclo a agarrar e a puxar o braço da sua professora por esta lhe ter tirado o telemóvel. Esta e outras situações similares deram má fama ao aparelho, o que levou o presidente do Conselho das Escolas e o líder da Federação de Associações de Pais do Porto a defender a proibição de telemóveis durante as aulas.
Mas Renato Roque e os colegas contestam esta visão. “Os telemóveis não têm de ser elementos perturbadores na sala de aula. Podem ser ferramentas atrativas, inseridas no processo de aprendizagem dentro das aulas e fora delas”, alegam, na apresentação do projeto. Por isso, decidiram meter mãos ao trabalho e desenvolver um jogo de conhecimento.
Num tabuleiro virtual redondo há 12 questões à escolha. Cada pergunta tem quatro opções de resposta. Só uma é verdadeira. Quem acertar ganha pontos e depois de acertar num determinado número de respostas sobe de nível. Há três níveis. “As perguntas são inseridas pelos próprios professores, com base nos programas das suas disciplinas”, adianta Renato Roque.
Também na Internet
Além do telemóvel, o Quizionário pode ser jogado na Internet ou num quadro interativo. O aluno pode escolher o ano de escolaridade e a disciplina que quer treinar ou mesmo um domínio específico dentro dessa área. Pode também jogar as várias matérias.
Para já, vai arrancar um projeto-piloto na Escola Secundária Carolina Michaëlis, do Porto, precisamente a escola onde se verificou o episódio do telemóvel que foi parar ao YouTube. No projeto participam quatro professores de Física e Química, dois de Educação Física e um de Ciências Naturais, que dão aulas ao 7.º, 9.º, 10.º e 11.º anos.
A presidente do conselho executivo deste estabelecimento de ensino do Porto, Carla Duarte, explica que a escola aceitou testar o jogo porque considerou o projeto “interessantíssimo”. “As novas tecnologias despertam um interesse muito grande nos alunos de hoje”, justifica. E completa: “é uma forma de aprender, jogando e brincando com um instrumento que eles valorizam tanto”.
O jogo pode ser uma solução para as aulas de substituição ou para a ocupação escolar a tempo inteiro, acredita a docente. Renato Roque recorda que o professor faltoso até pode inserir as perguntas na aplicação, para que o seu substituto, que muitas vezes é de outra área, possa dar a aula de acordo com o programa da disciplina.
Carla Duarte sublinha, contudo, que neste momento o projeto ainda está numa fase embrionária, não sendo possível fazer um balanço da iniciativa. Mas não ignora que, neste caso, os riscos estão controlados. “Os telemóveis que eles vão usar estão bloqueados a chamadas e mensagens”, diz.
Isto, porque para jogar o Quizionário é preciso ter acesso à Internet, uma possibilidade que só os telemóveis topo de gama oferecem. Por isso, os criadores do jogo fizeram uma parceria com a TMN, que vai disponibilizar 10 aparelhos. O facto de o jogo estar on-line faz com que ele seja dinâmico. “Se um professor inserir uma pergunta, ela fica logo disponível para quem está a jogar”, refere Renato Roque. Outra vantagem é que torna a aplicação leve, não ocupando muito espaço na memória do telemóvel (60 Kbites).
Toda a informação sobre cada jogo é guardada numa base de dados, permitindo aos professores obter relatórios sobre os interesses de cada aluno e as áreas em que têm mais dificuldades.
Futuro e limitações
– O facto de o telemóvel ter que ter acesso à Internet constitui atualmente uma limitação do jogo, mas os seus criadores acreditam que a curto prazo todos os aparelhos terão esta possibilidade (e não apenas os mais caros). O custo da Internet é outra desvantagem que a sua vulgarização também pode ajudar a esbater. – Os pontos que os alunos tiverem nos jogos podem ser transformados em pontos de determinadas lojas e marcas (exemplo: FNAC), dando depois origem a descontos. – Criar um jogo-teste em que o professor prepara um jogo e todos os alunos respondem à s mesmas perguntas, podendo o docente verificar os erros e pontuações nos relatórios.
Wikipedia prepara aproximação à s enciclopédias tradicionais
Público | 2009-01-28
A Wikipedia pode vir a adotar um modelo de revisão, aproximando-se assim do funcionamento de uma enciclopédia tradicional. O fundador Jimmy Wales propôs que as alterações feitas por utilizadores recém-chegados tenham de aguardar o aval de editores mais experientes antes de surgirem nas páginas.
A ideia surge na sequência de dois erros recentes. Durante o almoço da tomada de posse de Barack Obama, o senador Ted Kennedy desmaiou e foi hospitalizado e um outro senador, Robert Byrd, de 91 anos, resolveu sair da cerimónia após o incidente. Pouco passava das três da tarde quando a Wikipedia dava os dois como mortos. Mas estão ambos de boa saúde.
Os erros foram corrigidos cinco minutos depois. é uma das características do site: o grande número de utilizadores atentos a cada modificação faz com que a maioria dos erros não persista durante muito tempo. Mas a correção não foi célere o suficiente para que a imprensa e a blogosfera não desse conta da falha e para que não se levantassem protestos contra a falta de exatidão da enciclopédia.
As alterações nas entradas dos dois senadores foram feitas por pessoas diferentes, que não eram utilizadores assíduos da Wikipedia: um deles não tinha qualquer historial no site, o outro tinha apenas feito outras duas contribuições nos dias anteriores.
A maioria do conteúdo da Wikipedia é produzida por um núcleo relativamente restrito de utilizadores voluntários. Como em qualquer comunidade on-line, estes utilizadores são ciosos da sua reputação e tendem a zelar pela exatidão das entradas que escrevem ou alteram. Mas qualquer cibernauta pode modificar o conteúdo e são estes que frequentemente introduzem erros.
A proposta de Wales – que sugere apenas um período de testes do novo modelo de funcionamento – não é pacífica. Ao estilo da Wikipedia, a sugestão está sujeita à aprovação da comunidade. Muitos utilizadores argumentam que a solução (adotada, por exemplo, na Wikipedia alemã) tornaria o processo de atualização demasiado lento e trabalhoso. Cerca de 60 por cento dos participantes na discussão mostram-se favoráveis à mudança.
O pote, as sardinhas e a nota de 20 escudos explicados à s crianças
Público | 2009-01-22
Nove museus portugueses passaram a ter uma dezena de guias gratuitos, elaborados por Sofia Lapa, para contar aos mais novos diversas histórias ligadas aos objetos em exposição
Há rãs feitas por Bordalo Pinheiro, frascos para guardar lágrimas do tempo dos romanos, um deus chamado Oceano, portugueses de narizes grandes a chegar ao Japão, anjos que são músicos, latas de sardinha e notas chinesas. Qualquer um destes objetos tem uma história – que, muitas vezes, cruza países, épocas e culturas diferentes – e é um bom ponto de partida para uma visita a um museu.
Existem agora nove guias, elaborados por Sofia Lapa, com jogos e atividades lúdicas, e com percursos pela história de diferentes objetos em museus de Lisboa, Porto e do Algarve, destinados a crianças a partir dos três, seis e dez anos. A iniciativa Museu, Espelho Meu, que partiu do Alto Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural (ACIDI) e do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), foi apresentada na terça-feira na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa, um dos nove museus envolvidos.
Há ainda um décimo guia destinado aos adultos, com sugestões sobre como acompanhar as crianças na visita (inclui um CD áudio com contos e canções populares de alguns dos países de origem das comunidades imigrantes em Portugal).
Escolhemos três objetos para entrarmos em três museus em três pontos diferentes do país.
Pote chinês (Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves) – Para crianças com três anos de idade, basta saber que este é um pote de porcelana, azul e branco, feito na China e que tem mais de 400 anos. “Chamam-lhe pote dos cem meninos, porque nele estão pintados muitos meninos (se pudesses contá-los verias que são menos de cem!)”.
A proposta depois é para que a criança localize no pote alguns dos meninos ocupados em diferentes jogos, desde lançar o papagaio a apanhar libelinhas.
Se a criança tiver seis anos, a linguagem é diferente e o desafio um pouco mais complicado. Pede-se-lhe para localizar no pote pormenores como uma banheira, um gafanhoto ou um livro.
Para os de dez anos o pote já pode ter outras leituras. O facto de as figuras serem todas de rapazes permite explicar que “na China antiga os filhos rapazes eram preferidos à s filhas” e que alguns historiadores acreditam que as famílias compravam objetos com o tema dos “cem meninos” para lhes dar sorte e terem um filho rapaz. E faz já sentido dizer que o pote foi fabricado entre 1522 e 1566, durante o reinado de um dos imperadores da dinastia Ming.
Lata de sardinhas (Museu de Portimão) – “Durante muitos anos existiu aqui uma fábrica. Essa fábrica chamava-se “Fábrica FEU”. Construímos um jogo para te contar o que faziam as pessoas que trabalhavam nessa fábrica”. é esta a proposta à s crianças de três anos: “segue a sardinha” para ver o trabalho dos operários. Tudo acaba numa lata de sardinhas. “Imagina que ao olhar para esta lata conseguias ver o que está lá dentro. Desenha as sardinhas dentro da lata, mergulhadas em azeite”.
Para os de seis anos, o percurso é o mesmo, só que com mais informação a cada passo, do relógio de ponto, passando pela máquina cravadeira, que serve para fechar as latas de sardinhas, até à máquina litográfica, que gravava a marca La Rose – Skinless and boneless portuguese sardines.
Para os de dez anos, cada objeto tem uma explicação maior. Ficam a saber, por exemplo, que a lata era feita com folha da Flandres, que só depois de serem gravadas as imagens e as palavras é que a lata era cortada e montada, e que os irmãos Feu eram espanhóis e tiveram a primeira fábrica em Ayamonte.
Nota do Banco de Portugal Museu do Papel Moeda) – é uma antiga nota de vinte escudos (de 1978), com o almirante Gago Coutinho, um homem que foi “um aviador corajoso de verdade: num avião como este atravessou pelos ares o oceano Atlântico”. As crianças de três anos descobrem isso e também que na bagagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral ia água, uma garrafa de vinho do Porto, um quilo de bolachas e quatro quilos de chocolate. O jogo proposto é imaginar uma viagem no mesmo avião, escolher um convidado e decidir o que vai ser preciso para comer, vestir e brincar.
Com seis anos já é possível compreender todas as informações contidas na nota, do selo do banco à marca de água, e saber que, para além do chocolate, Gago Coutinho e Sacadura Cabral levavam consigo vários instrumentos de navegação.
Para os de dez anos, a nota é pretexto para responder a outras perguntas: quem decide quando é que deve ser feito mais dinheiro? Quem decide o tema da nota ou o modo como esse tema é representado? Ou para contar como se podem destruir as notas fora de circulação como os escudos.
Museus que participam no projeto: Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Nacional do Teatro, Museu Nacional do Traje (circuito de Lisboa); Casa-Museu Guerra Junqueiro, Museu Nacional Soares dos Reis e Museu do Papel Moeda Fundação Dr. António Cupertino de Miranda (circuito do Porto); Museu Municipal de Faro e Museu de Portimão (circuito do Algarve).
Leiam tudo o que puderem
Público | 2009-01-22
Passamos a vida a dizer que os miúdos devem ler. Criam-se planos nacionais de leitura e renovam-se estratégias de conquista para os livros. Até se fazem congressos internacionais para pensar nisso, como o de promoção da leitura que hoje começa em Lisboa. Porque ler é preciso, dizem os especialistas. Para quê? – perguntámos.
Ler o quê? Tudo. Anúncios, legendas, jornais e até receitas de culinária, mas principalmente literatura. E para quê? Para ampliar as capacidades do cérebro, aprender a pensar, a ver com o olhar dos outros e a recriar emoções ou sentimentos. A leitura torna o mundo mais inteligível e as pessoas mais inteligentes. Além disso, está vinculada diretamente à educação e à cultura e também ao desenvolvimento social e económico sustentado de qualquer país. Quem o diz são os especialistas em promoção da leitura que hoje e amanhã se reúnem em congresso internacional na Gulbenkian, em Lisboa. O tema é Formar Leitores para Ler o Mundo e o objetivo também.
As perguntas devem ser feitas pela ordem inversa – Ler o quê? Ler para quê? -, começa por dizer Peter Hunt, professor da Universidade de Cardiff (Reino Unido), especialista em Literatura para a Infância e o primeiro orador no congresso. “Ler para quê? Ler o quê?”, é então a forma a partir da qual organiza as respostas que envia ao P2 por e-mail. Porque primeiro, argumenta, é preciso definir que tipo de leitores se quer formar.
“Se quisermos formar ‘leitores funcionais’, pessoas que conseguem ler o suficiente para ter uma vida normal, como saberem ler anúncios ou um aviso para que não caiam num buraco mais adiante, então pouco importa o que leem. Para isso, servem os jogos de computador, os jornais, as bandas desenhadas ou a televisão. Se quisermos formar leitores que consigam compreender uma linguagem complexa, para que a sua vida seja também mais complexa e interessante, então, provavelmente, estes leitores precisarão de ler ficção, romances – livros”, explica o autor de Children’s Literature: Critical Concepts in Literary and Cultural Studies.
A escolha de Peter Hunt para a abertura dos trabalhos foi justificada por António Prole, coordenador da Casa da Leitura, organizadora do congresso, pela comunicação abrangente que irá apresentar. “Irá refletir sobre o que se passou nos últimos 30 anos na literatura infantil. O que é que mudou? Qual é a diferença entre os livros de hoje e os de então? Será que perderam qualidade? As componentes gráficas e ilustrativas são diferentes? O álbum será uma influência dos meios visuais que está a contaminar a escrita para as crianças? No fundo, pôr o livro em questão.”
Um estudo do Reino Unido relativo a 2008, que será apresentado por Hunt, conclui que, “nos últimos 30 anos, ocorreu uma mudança radical na natureza dos textos escritos para crianças (e no conceito de infância implícito), especialmente em termos de estilo, ritmo e complexidade de referências e estruturas intertextuais e intratextuais”.
Ampliar o cérebro
Da Universidade Autónoma de Barcelona chegam ao P2 as respostas de Teresa Colomer, doutorada em Ciências da Educação. “A leitura é uma operação que amplia as capacidades do nosso cérebro. Permite-nos recriar experiências percetivas, diferentes perspetivas intelectuais e emotivas e dar sentido à s situações. Permite-nos dominar as possibilidades da linguagem e essa é a matéria-prima do nosso pensamento. O mundo torna-se mais inteligível (e por conseguinte torna-nos mais inteligentes). é uma forma de desfrutar melhor o nosso tempo de vida.”
Nunca antecipar as fases de desenvolvimento da criança é uma das regras a seguir quando se orientam as suas leituras: “Devem ler as obras que conseguem compreender em função do seu nível de desenvolvimento e de domínio das convenções literárias. Os miúdos não dominam os saltos temporais e perder-se-iam em obras que se constroem alterando a linha cronológica.” Acredita que os contos tradicionais são a melhor base literária, mas que a leitura de livros medíocres também traz vantagens, como a de “consolidar a capacidade leitora sem exigir muito esforço”, diz a autora de Siete Llaves para Valorar las Historias Infantiles.
77 milhões de não leitores
Para Galeno Amorim, escritor e jornalista brasileiro, “é fundamental ler, não importa o suporte. Ler (ou ouvir ou tatear!) livros, revistas, jornais, histórias aos quadradinhos, tudo. Mas, sobretudo, ler literatura, nos seus mais diferentes géneros”. Foi o primeiro coordenador do Plano Nacional do Livro e da Leitura no Brasil e fala na existência, em paralelo, de “95 milhões de leitores de livros e de 77 milhões de não leitores”.
Virtudes da leitura: “Ler para ampliar o próprio universo, para se apropriar do conhecimento universal. Para desenvolver a inteligência, mas, principalmente, para olhar com o olhar do outro e, assim, se tornar mais tolerante, mais humano. Nos países pobres ou em desenvolvimento, ler é fundamental como meio de promover a cidadania.”
António Prole, assessor da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas, diferencia-se dos teóricos cujo objetivo essencial é formar leitores literários. “Eu, como português, quero formar leitores competentes. Sabendo que, quando tiver uma grande massa de leitores competentes, terei (não na proporção direta) uma maior capacidade de ter leitores literários.”
A redescoberta do prazer da leitura foi uma das respostas enviadas por Sandra Beckett, professora da Universidade de Brock, Canadá, que estuda a ficção de cruzamento, em que adultos e crianças partilham o mesmo tipo de leituras, caso dos livros do Harry Potter. “A ficção de cruzamento ganhou visibilidade nos media. Mais adultos estão neste momento a ler literatura para a infância, porque alguns dos melhores escritores são desta área. Redescobrem assim o prazer de uma boa história, como nos casos das imaginadas por J.K. Rowling, Philip Pullman e outros.”
Outros especialistas vão passar pela Gulbenkian nestes dois dias, um congresso que fecha o primeiro ciclo da Casa da Leitura, criada há três anos.
História de Portugal ensinada através do Teatro
Lusa | 2009-01-16
Através do teatro, vai-se tentar tornar a história do país mais “acessível, cativante e interessante”
“História de Portugal em uma hora” e “História do 25 de abril” são duas peças que o Teatro Azul e o Teatro Oeste estão a apresentar pelo país como “uma aula viva”, segundo o autor, Nuno Miguel Henriques.
“é uma lição, uma aula viva e uma aula de memória, para todas as idades”, disse Nuno Miguel Henriques, de 34 anos
O objetivo destas coproduções dos dois grupos teatrais é “desmistificar a história do país, tornando-a acessível, cativante e interessante”, indicam um comunicado dos organizadores da iniciativa.
“Se nós não conhecermos as raízes do nosso país, as raízes da nossa história, como é que vamos conseguir compreender o presente e interpretar o futuro?”, interroga-se Nuno Miguel Henriques.
A peça “História de Portugal em uma hora” abrange “desde o tempo dos visigodos, bascos, suevos e lusitanos até à fundação da nacionalidade, com D. Afonso Henriques, após a Batalha de São Mamede”, “as lutas com Castela, a reconquista cristã e o rei D. Dinis como poeta português”, segundo o texto.
A morte de Inês de Castro, a Batalha de Aljubarrota, a conquista de Ceuta, a chegada de Vasco da Gama à índia e o domínio filipino são outros momentos da história portuguesa abordados no espetáculo.
Também a restauração da independência, o Marquês de Pombal, o terramoto de 1755, as invasões francesas, as lutas de poder entre os irmãos D. Miguel e D. Pedro, a implantação da República, a Primeira Guerra Mundial, o Estado Novo, a Guerra Colonial e o 25 de abril merecem destaque nesta peça.
Apesar de durar apenas uma hora, há ainda tempo para referências à entrada de Portugal na CEE, Expo98, Euro 2004, tomada de posse do Governo de José Sócrates, eleição de Cavaco Silva como Presidente da República, assinatura do Tratado de Lisboa e Cimeira Europa-áfrica.
Por sua vez, “História do 25 de abril” é um espetáculo interativo, que relata os acontecimentos que antecederam a Revolução dos Cravos, a 25 de abril de 1974, em Portugal, abrangendo o período “desde o Marcelismo até ao pleno funcionamento da Democracia e a entrada em vigor da nova Constituição de 1976”, de acordo com o comunicado.
“Se é português, ou gosta de Portugal, tem de conhecer a nossa essência, tem de conhecer a nossa história”, sublinhou o autor, instado a fazer um convite ao público para assistir a estas peças.
“História de Portugal em uma hora” e “História do 25 de abril” estarão em cena a 21 de janeiro no Porto, no auditório do Colégio Luso-Francês, a 22 em Viseu, no Teatro Mirita Casimiro, a 26, 27 e 28 novamente no Porto, no Teatro de Paranhos, e a 30 em Gondomar, no âmbito de uma digressão que passará nos meses seguintes também por Lisboa, Coimbra e Faro, entre outras cidades.
Wikipedia faz 7 anos
Público | 2009-01-15
Nasceu em 2001, anos antes da moda da criação e partilha de conteúdos chegar à Web. Muitos negam que seja uma verdadeira enciclopédia – mas é sem dúvida um gigantesco repositório de saber. No dia do sétimo aniversário, sete factos sobre a enciclopédia.
O termo wiki não nasceu com a Wikipedia. Trata-se de uma palavra havaiana que significa “rápido”. A palavra também foi aplicada na Internet muito antes de a Wikipedia nascer. Neste contexto, designa uma página Web que pode ser facilmente editada por qualquer pessoa. O primeiro wiki chamava-se WikiWikiWeb e foi lançado em 1995 por um programador informático americano – o site era dedicado a programação e foi um sucesso, dando origem a vários sites que adotaram o mesmo modelo colaborativo.
Atualmente, há muitos wikis para além da Wikipedia. Um deles é o dicionário Wiktionary, que está associado à enciclopédia.
Há muitos que hesitam em chamar enciclopédia à Wikipedia. Mas o primeiro projeto do fundador Jimmy Wales estava muito mais próximo de uma enciclopédia tradicional.
A Nupedia, lançada em 2000, pretendia ser uma enciclopédia gratuita on-line (tal como a atual Wikipedia). Mas cada artigo deveria ser revisto por especialistas que estivessem dispostos a colaborar voluntariamente. A Wikipedia nasceu pouco depois como um projeto secundário.
A Nupedia, contudo, foi um fracasso. O processo de revisão de artigos era demorado e, ao fim de mais de três anos de atividade, o site acabou por encerrar. Estavam então concluídas apenas 24 entradas. Só a Wikipedia em língua inglesa conta hoje com quase 2,7 milhões de artigos.
Jimmy Wales, de 42 anos, enriqueceu o suficiente nos mercados financeiros em meados da década de 90 para não ter de se preocupar com dinheiro. é, regra geral, descrito como o fundador da Wikipedia. Mas não estava sozinho no lançamento do site.
Na verdade, a ideia de criar uma enciclopédia aberta foi descrita pela primeira vez pelo filósofo Larry Sanger, que Wales contratara como diretor da Nupedia (que veio a dar origem à Wikipedia). Contudo, Wales, em 2005, alterou o conteúdo da sua própria biografia na Wikipedia para retirar a expressão “cofundador” e apagar o papel de Sanger no lançamento do site. A Wikipedia permite que as pessoas façam apenas pequenas alterações à s respetivas biografias. Wales ultrapassou estes limites.
Fazer uma pesquisa no Google significa frequentemente ter a Wikipedia nos resultados cimeiros. Isto acontece por causa da forma como o Google hierarquiza os sites.
A cada site, o motor de busca atribui uma nota, calculada com base no número de links que esse site recebe. O Google considera um link de uma página para outra como um voto da primeira na última. Mas os “votos” não são todos iguais. Um link a partir de uma página é tão mais importante quantos mais links essa página, por sua vez, tiver recebido. E também são contados os “votos” de um site em si próprio.
Ora, uma página da Wikipedia tem vários links para outras páginas da enciclopédia e para outras secções do site. A Wikipedia é uma fábrica de links para si própria – e a isso o Google não resiste.
Se a versão inglesa tem quase três milhões de entradas, a Wikipedia portuguesa fica-se por uma conta muito mais modesta: cerca de 450 mil artigos. O número, porém, é o suficiente para a Wikipedia em língua portuguesa ser a oitava maior, atrás de línguas como o francês, o alemão e o japonês, mas à frente do espanhol.
A Wikipedia em português integra artigos escritos em português de vários países. A ortografia do Brasil é mais frequente e muitos artigos dizem também respeito a pessoas, locais ou factos associados a este país. Indicadores como o tráfego do site ou a proveniência dos utilizadores ativos apontam serem sobretudo os brasileiros a impulsionarem a Wikipedia lusófona.
Os artigos da Wikipedia não são apenas gratuitos – são de todos. O site optou por uma licença que permite a qualquer pessoa a cópia integral, redistribuição e modificação dos conteúdos, inclusivamente para fins comerciais.
Foi ao abrigo das permissões desta licença que o portal Sapo lançou, em finais de 2007, o Sapo Saber. Basicamente, é uma réplica da Wikipedia lusófona, que privilegia os conteúdos respeitantes a Portugal e na qual algumas entradas são validadas por especialistas – o objetivo é que essas páginas sejam marcadas como tendo sido validadas, numa tentativa de contornar um dos grandes problemas que os detratores apontam à Wikipedia: a falta de credibilidade.
Na Alemanha, foi lançada uma versão da Wikipedia em livro (acompanhado por um DVD), que contém os 50 mil artigos correspondentes aos termos mais pesquisados naquele país. Algumas iniciativas também gravaram conteúdos do site em CD para distribuir em países africanos com dificuldades de acesso à Internet.
A Wikipedia é dos sites mais visitados do mundo. Segundo o Alexa, um serviço de medição de tráfego na Internet, é o oitavo site mais consultado: são milhões de utilizadores a acederem diariamente a milhões de artigos, que são escritos, revistos e alterados por milhares de pessoas. Tudo isto implica uma imensa infraestrutura informática (e 23 funcionários) para manter a Wikipedia a funcionar. O fundador Jimmy Wales informou recentemente que o projeto gasta “menos de seis milhões de dólares [4,6 milhões de euros]” anuais.
O site, contudo, não recorre a anúncios publicitários (que seria o modelo de negócio mais óbvio). Em 2002, Wales garantiu que a Wikipedia nunca teria publicidade. Em vez disso, o site lança periodicamente campanhas de angariação de donativos. A mais recente arrancou em finais de dezembro. Poucos dias depois, a meta dos seis milhões de dólares tinha já sido ultrapassada. Além disto, algumas empresas oferecem gratuitamente equipamento e serviços.
Ciberdúvidas: doze anos a tirar dúvidas sobre a Língua Portuguesa
>Público | 2009-01-14
Projeto sem fins lucrativos, o Ciberdúvidas conta com os apoios do Ministério da Educação e da Universidade Lusófona e tem um protocolo com a RTP
Com um arquivo de 30 mil respostas a dúvidas sobre a língua portuguesa e 2,5 milhões de visitas mensais, o Ciberdúvidas, espaço de promoção do português na internet, completa amanhã 12 anos de existência.
Agora, com a adoção, no Brasil, do Acordo Ortográfico, passam a existir, neste espaço, duas opções de aceder a textos originais ou obter resposta à s dúvidas apresentadas: na variante ortográfica brasileira ou no português europeu.
O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (ciberduvidas.pt) foi fundado pelos jornalistas João Carreira Bom (falecido há precisamente sete anos) e José Mário Costa, em janeiro de 1997, com o objetivo de promover a língua portuguesa, através do esclarecimento, da informação e do debate nos oito países de língua oficial portuguesa.
Hoje regista uma média mensal de 2,5 milhões de visitas, tanto de portugueses como de brasileiros e naturais de países africanos, bem como de residentes em comunidades lusófonas espalhadas por todo mundo. O Ciberdúvidas conta com um diversificado corpo de colaboradores que respondem a todas as dúvidas do ponto de vista da ortografia, da fonética, da etimologia, da sintaxe, da semântica e da pragmática.
Nesse aspeto, segundo José Mário Costa, “preenche o vazio da inexistência de uma autoridade do português, como há para o castelhano, por exemplo, de aconselhamento-guia dos utentes língua, nomeadamente os jornalistas, sobre a enxurrada de novas palavras e expressões entradas entre nós, por via em especial do inglês”.
Jornalistas, publicitários, informáticos, economistas, médicos, arquitetos, juristas, professores e alunos dos mais variados escalões do ensino, incluem-se entre os principais utilizadores do Ciberdúvidas.
A função deste espaço não se resume, contudo, a um consultório linguístico, incluindo outras cinco áreas de conteúdos: uma Antologia de textos de escritores lusófonos de todos os tempos que escreveram sobre a língua portuguesa; uma Montra de Livros da especialidade, englobando teses académicas da área da linguística e espaços de polémica e de debate, como, por exemplo a querela sobre o Acordo Ortográfico.
Projeto sem fins lucrativos, o Ciberdúvidas conta com os apoios do Ministério da Educação e da Universidade Lusófona e tem um protocolo com a RTP, que garante a realização de dois programas de rádio semanais, na Antena 2 e na RDP áfrica, e um concurso diário na Antena 1 sobre o português, além dos conteúdos do magazine Cuidado com a Língua!, emitido nos vários canais da televisão pública, há três anos.
Em preparação está o projeto de um curso à distância de português, dirigido a um público-alvo constituído, principalmente, por aqueles que não têm o português como língua materna, mas como língua segunda.
Os bebés vão à biblioteca explorar livros pequeninos como eles
Público | 2009-01-16
Gosto pela leitura ganha-se desde a infância. Numa bebeteca, os pais também podem aprender
Os bebés entram uns atrás dos outros, com as mãos postas nos ombros uns dos outros, a formar um comboio. Sentam-se ao fundo, na Bebéteca da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, no centro de Famalicão. Cada qual em cima de um pequeno puf achatado, colorido.
Uma bebeteca é um serviço de atenção especial à primeira infância. Tem livros escolhidos para os mais pequenos e para os seus pais. E um espaço de hora do conto. Há cada vez mais por esse país fora.
A educadora Rosário Oliveira tem um par de sapatinhos em cima de uma caixa.
– O que é isto? Sa-pa-tos!
– Também tenho!, responde um miúdo, levando os pés.- De que cor são as tuas?
– Pretas!
– E estas?
– Verdes!, responde um coro.
Isto é uma espécie de aquecimento. Rosário Oliveira prepara as crianças para a leitura do livro O Segredo do Coração, de Pedro Alvim. Os miúdos ouvem com atenção a história. Depois, Rosário Oliveira saca um rapaz-marioneta, que adora “contar e ler histórias”. E é ele que mostra um baú cheio de livros – com diversas formas, texturas, cheiros.
Era a segunda vez que na Bebeteca da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco decorria uma oficina de leitura para bebés. A um canto, a diretora observava as crianças, expectante. Ler é um hábito que se ganha ao longo da vida e que deve começar cada vez mais cedo. E pode-se aprender a apreciar um livro antes mesmo de aprender a ler uma história.
Os miúdos folheavam os livrinhos. Alguns apontavam as ilustrações, tentavam identificá-las. Outros levavam os livros à cabeça, metiam-nos na boca.
Rebeca era a “leitora” mais ávida do grupo. Folheava um livro, comentando-o da primeira à última página. Na última página, dizia: “Acabou!”. Levantava-se e caminhava até ao baú, tornando claro que queria outro. E lá o trazia para ao pé da mãe. “é eu que leio!”, avisava-a.
Crescer com livros
Celebrou dois anos em dezembro. “é uma apetência natural que ela tem”, dizia a mãe, Pricila Rebelo. “Ela em casa já tem esta rotina.” Não veio à oficina fazer uma “coisa nova”, como alguns bebés que ali estavam a apalpar livros. “Veio distrair-se, fazer algo de que gosta.”
As crianças que têm um contacto precoce com os livros acabam por crescer com eles, como crescem com os brinquedos. Os livros acabam por ser apenas mais uma forma de diversão. Há livros de plástico, há livros almofadados, há livros com espelhos, há livros com pelos, há livros com cheiros. A educadora Rosário Oliveira tira um livrinho com pelo de coelho, “muito macio”.
E um livrinho em forma de comboio, “muito comprido”, e um livrinho em forma de morango.
Rebeca e a irmã estão a crescer assim – a usar os livros que os pais metem em caixas de cereais, como quem usa bonecas ou legos. A mãe não se zanga quando rasgam algum. “é sinal de que os usam.” Acredita que por isso ela terá vida facilitada “quando vier a conhecer as primeiras letras”. Pelo menos não padecerá da ideia de que os livros são aborrecidos, só servem para estudar.
Pricila é educadora de infância. Sabe que por volta dos seis meses um bebé já compreende as ilustrações dos livros como representações da realidade e do mundo simbólico. No carro da família, está um brinquedo a que a menina chama lobo mau. Vê um cão mais arisco e diz: “Lobo mau!” E isto é uma prova de que as histórias a ajudam a ler o mundo.
A oficina acabou. Os bebés batem palmas. Fazem um desenho coletivo. E saem uns atrás dos outros, com as mãos postas nos ombros uns dos outros, a formar um comboio.
Ao fim da segunda sessão, a diretora da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, Carla Araújo, estava convencida. Além da hora do conto, que já se tornou um hábito, haverá um espaço regular de oficina de leitura.
A exploração dos livros pelos próprios bebés é a prioridade nas diversas bebétecas que vão abrindo como cantinhos acolhedores das secções infanto-juvenis. Com mesas e cadeiras em ponto pequeno. E estantes com três níveis de altura para que cada um possa alcançar o seu livro.
Nalgumas, como a de Vila Nova de Gaia, enquanto as crianças se orientam entre trabalhos de expressão plástica e a descoberta de novos heróis, os pais aprendem a selecionar livros ou a criar exemplares únicos adaptados ao filho, a desenvolver competências para ler não só para o bebé mas com ele.
Biblioteca Camões vai disponibilizar acesso a 1200 textos dos últimos cinco séculos
Público | 2009-01-02
A Biblioteca albergava já importantes documentos históricos de acesso condicionado. Mas a partir da próxima quinta-feira passarão a estar acessíveis, sem restrições, mais de 1500 testemunhos culturais, incluindo textos literários, pautas musicais, ensaios, poemas e estudos científicos.
Estarão igualmente disponíveis para consulta textos de grandes autores portugueses falecidos há mais de 70 anos (autores no domínio público).
Na ótica do Instituto, “esta nova ferramenta em linha revela-se de importância decisiva para uma comunidade linguística com mais de 220 milhões de falantes e também para um número crescente de pessoas que, em todo o mundo, se interessam pela cultura portuguesa e que pretendem estudar o português”.
Argumenta ainda a instituição que “os dados conhecidos sobre a circulação do livro português nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) reforçam a extrema necessidade de uma ferramenta com estas características que, em articulação com os centros culturais e centros de língua portuguesa, poderá potenciar em grande medida o acesso à cultura portuguesa escrita”.
O Instituto Camões é um organismo autónomo do Ministério dos Negócios Estrangeiros.