Lince e Vocabulário Ortográfico do Português do Instituto de Linguística Teórica e Computacional
Público | 15.12.10
Concorrência questiona escolha do Governo para conversor do novo acordo ortográfico O conversor Lince e o vocabulário da ILTEC na Internet devolvem resultados com erros ortográficos. Nas escolas o acordo entra em vigor já no próximo ano letivo.
O conversor informático Lince e o Vocabulário Ortográfico do Português do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) elaborados com base no novo Acordo Ortográfico, que o Governo decidiu adotar e que o presidente do Parlamento propôs que também seja usado na AR, estão a ser contestados pela concorrência, porque contêm erros. O Lince e outros três conversores existentes no mercado foram já analisados pela Universidade do Minho e o escolhido agora como “oficial” terá acabado mesmo por ser considerado o pior dos quatro.
O conversor Lince é gratuito, pode ser descarregado na página do ILTEC e permite converter ficheiros informáticos para a nova grafia. O vocabulário está disponível no Portal da Língua Portuguesa e permite a pesquisa de palavras e expressões.
“Não está determinado em lado algum do Acordo que os governos têm que decidir qual a ferramenta informática de conversão que deve ser adotada – é como impor qual o programa de texto ou de faturação que um país deve usar”, critica Carlos Amaral, administrador da Priberam, empresa que tem também ferramentas informáticas do mesmo género.
Carlos Amaral questiona ainda o tipo de avaliação que foi feita, quem a fez (“que professores, linguistas e académicas participaram?”) e o resultado para se escolher o conversor e o vocabulário. Sobretudo porque o conversor faz substituições com erros e no vocabulário encontram-se palavras mal escritas, como é o caso de “bem-feito”, “para-quedas”, “água-ardente”, “beirãos” e até “para-choquess”, enumera.
“Muito mais erros”
O Público tentou obter um comentário da ILTEC, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição. O ILTEC é uma parceria da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e as universidades de Lisboa e Nova.
“Como se pode decidir usar programas com tais problemas nas escolas e no Diário da República? Não são minimamente fiáveis”, aponta Carlos Amaral. Este vocabulário, “sendo considerado de referência, deveria estar impresso, mas está apenas disponível na Internet, como portal de pesquisas”, afirma, acrescentando que poderá haver “muitos mais erros que só se perceberão consultando cada uma das milhares de palavras”.
“Percebo que um governo não queira deixar nas mãos de uma entidade privada a tarefa de definir o vocabulário de um país, mas é preciso assegurar a qualidade e não olhar apenas ao preço”, afirma o administrador da Priberam. E contesta ainda a duplicação de esforços e despesas por parte do Estado, lembrando que a Academia das Ciências, que é quem tem competência para elaborar um vocabulário ortográfico, já o está também a fazer. O desenvolvimento do Lince foi totalmente financiado pelo Fundo da Língua Portuguesa.
O preço até nem seria aqui a questão primordial, já que tanto a Porto Editora como a Priberam têm conversores gratuitos disponíveis na Internet. Os conversores destas duas empresas, assim como o Lince e o Bigorna, desenvolvido pela Universidade do Minho, foram já objeto de comparação por parte desta instituição e Amaral afirma que o escolhido pelo Governo ficou classificado em último lugar.
Porto Editora disponibiliza resumos de obras literárias para telemóveis
Lusa | 2010-03-03
Versões resumidas de obras como Memorial do Convento ou Felizmente Há Luar! estão agora disponíveis para telemóvel, numa iniciativa da Porto Editora, que procura “adaptar os conteúdos aos dias de hoje” sem substituir os antigos suportes.
“A disponibilização de conteúdos digitais para suportes móveis é um passo que andávamos a preparar há alguns meses e que agora damos, apostando numa área que nos é bastante querida: a educação”, revelou Paulo Gonçalves, do gabinete de comunicação e imagem da Porto Editora, à agência Lusa.
Os conteúdos da coleção Resumos Mobile foram organizados por professores especializados e desenvolvidos para iPhone e para telemóveis com sistema operativo Symbian S60 (por exemplo, Nokia N73, N78 e N95), sendo compatíveis com iPod touch e iPad.
Segundo o responsável, estão disponíveis “resumos de estudo de obras em língua portuguesa de autores consagrados que são abordados no ensino secundário”, com vista a “apoiar o estudo dos alunos que, quando estão a preparar-se para os exames, podem agora aceder a conteúdos via telemóvel”, seja para leitura ou audição.
à s obras Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro, e O Memorial do Convento, de José Saramago, juntar-se-ão, em breve, Os Maias, de Eça de Queirós, Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, Mensagem, de Fernando Pessoa, ou Os Lusíadas, de Luís de Camões.
“A partir de agora é possível vermos jovens estudantes na rua com os seus telemóveis e os seus auriculares a ouvir os resumos”, assim se preparando “para os exames ou para as provas”, declarou Paulo Gonçalves, salientando que as novas plataformas não pretendem substituir outras, mas sim oferecer “opções complementares”.
Nessa lógica, “esta forma de aceder aos conteúdos educativos não vai retirar a utilização dos livros auxiliares”, podendo até “estimular o acesso ou o interesse por esse tipo de edições”.
“A nossa experiência diz-nos que a disponibilização de novos formatos, novos suportes, aumenta o interesse nos conteúdos por parte dos utilizadores. E isso tem reflexo na procura de edições em papel”, acrescentou.
Os conteúdos podem ser adquiridos na Apple Store, no site da Porto Editora ou na sua versão mobile, alojada em http://m.portoeditora.pt/, onde é também possível aceder a uma enciclopédia, a 13 dicionários e ao Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa.
Aqui, além de uma versão para a generalidade dos telemóveis com acesso à Internet, existe uma outra, especialmente concebida para ambiente iPhone.
Acordo Ortográfico adiado nas escolas
Lusa | 2010-03-03
Ministra da Educação diz que ainda há muito trabalho pela frente
A ministra da Educação, Isabel Alçada, anunciou esta quarta-feira que o novo acordo ortográfico não será aplicado nas escolas no próximo ano.
“Temos trabalho a fazer com diversos parceiros para estabelecer como será introduzido o acordo ortográfico nas escolas”, destacou a ministra durante o seminário sobre ‘O impacto das avaliações internacionais nos sistemas educativos’.
Isabel Alçada salientou ainda que os estudos internacionais sobre o ensino são fundamentais para, através do conhecimento e da comparação com o que se faz noutros países, melhorar o desempenho escolar e aumentar as competências dos portugueses.
Ao estabelecer a comparação entre os resultados obtidos pelos alunos dos vários países, os estudos internacionais permitem clarificar a situação de Portugal face aos seus parceiros e, a partir daí, criar um padrão que permita apreciar se o sistema educativo nacional está a ser desenvolvido de forma correta, explicou a ministra.
‘Nós precisamos é de uma evolução positiva. Quando nos encerramos em nós mesmos e só analisamos o que se passa no interior do país, não ganhamos a distância necessária, que estes estudos nos dão, para avaliar melhor a nossa situação’, considerou, acrescentando que o que importa é perceber quais os problemas mais prementes de Portugal, pois o País necessita de políticas estruturantes para manter os alunos na escola, para melhorar a sua aprendizagem, no sentido de aumentar as competências.
Este prolongamento do tempo que os alunos se mantêm na escola aplica-se não apenas aos jovens, mas também aos adultos, realçou Isabel Alçada, referindo o programa Novas Oportunidades, que assegura estar a ser ‘alvo de muita observação exterior’.
‘Há pedidos de apoio de países estrangeiros para lançar programas como este nos países respetivos’, sublinhou.
O Ministério da Educação está a desenvolver um trabalho que consiste em estabelecer qual a meta de aprendizagem que os alunos devem atingir em cada ciclo e ano de escolaridade para se considerar que obtiveram competências básicas naquele ano, de forma a que os professores tenham as ferramentas necessárias para estabelecerem metas de avaliação mais precisas.