Crianças cegas já podem pesquisar na Internet
Correio da Manhã | 01.10.13
Máquina ligada a computador imprime em 3D o resultado das pesquisas na web.
A ‘Yahoo! Japão’ tornou a pesquisa na web acessível às crianças com deficiência visual. Na Escola de Educação em Necessidades Especiais para Deficientes Visuais, da Universidade de Tsukuba, Japão, a Internet já não é uma ferramenta exclusivamente visual.
Em colaboração com a agência criativa japonesa Hakuhodo Kettle Tokyo’, a ‘Yahoo! Japão’ desenvolveu uma máquina metade computador, metade impressora 3D e constrói tudo aquilo que lhe pedirem.
‘Hands on Search’ é o nome da máquina e funciona quando as crianças dizem o que gostariam de pesquisar na Internet. Por exemplo, uma girafa, um dinossauro, um avisão… Depois, a máquina ativa a impressão 3D e voilá! O resultado das pesquisas é transformado em objetos sólidos, os quais as crianças podem tocar e sentir.
A ‘Yahoo! Japão’ diz que não pretende comercializar o produto e que só o emprestou à escola até meados de outubro. “Depois disso, planeia doar a máquina a alguma organização que queira utilizá-la, tal como fez a Escola de Educação em Necessidades Especiais para Deficientes Visuais”, refere Kazuaki Hashida, diretor criativo da ‘Hakuhodo Kettle Tokyo’. “Estamos a considerar qual será a melhor organização para fazer o donativo. Vamos decidir até ao final do mês de outubro”, acrescenta.
Literacia digital: uma questão de “sobrevivência”
Educare | 12.08.13
No último congresso nacional sobre educação para os media, vários investigadores expuseram os mais recentes estudos sobre o modo como a sociedade, dita “da informação”, está a lidar com os meios digitais.
É impossível ficar indiferente ao modo como as crianças parecem quase nascer predispostas para as tecnologias. Desde logo a televisão é o primeiro meio a captar a atenção. E o mercado sabe bem disso. Como resposta surgem canais especificamente pensados para bebés e a partir daí até à adolescência. Depois há outros meios a entrar na competição.
Os ecrãs tácteis facilitam aos pequenos dedos fazer maravilhas nos smartphones e nos tablets. O mesmo entusiasmo contagia os mais velhos. Gerações de avós que nunca “no seu tempo” conheceram outro rato, a não ser o que caía na ratoeira. Entre uns e outros estão aqueles cuja vida já não tem sentido offline.
Mas estas são apenas as conexões mais óbvias entre a sociedade e o mundo digital. A exclusão ou inclusão social que advém do uso das tecnologias, o impacto dos computadores nos mais novos, a potencialidade para a participação cívica são outras relações a suscitar estudos por todo o mundo, como fizeram questão de lembrar os investigadores que estiveram, em maio, no segundo congresso nacional Literacia, Media e Cidadania, em Lisboa.
A “revolução tecnológica fez com que a literacia para os media seja uma verdadeira condição de sobrevivência hoje em dia”, garante Pedro Berhan, diretor do Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS), e “uma das traves mestras da educação para a cidadania”, acrescenta Ana Maria Bettencourt, ex-presidente do Conselho Nacional da Educação (CNE). Promover a literacia digital implica a execução de políticas estratégicas mundiais nesse sentido, e esse tem sido o âmbito do trabalho de Alton Grizzle, especialista do Programa para a Comunicação e Informação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Mas uma política comum impõe, antes de mais, uma uniformização de conceitos, pois são várias as designações em torno desta área.
É, precisamente, o que a UNESCO está a tentar fazer. Ou seja, a convergir num conceito as várias literacias criadas consoante a área de estudo a que se aplicam – cinema, televisão, computadores, publicidade, fotografia, jogos, etc. Da fusão resultou a sigla MIL, de Media Informati Literacy, que em português será algo como Literacia Mediática e da Informação (LMI). Ainda que as siglas não resultem muito bem quando traduzidas, o sentido não se perde.
A designação reúne dois campos essenciais: a literacia mediática, que remete para a análise crítica dos meios de comunicação e a informação onde gravitam as questões do acesso, participação e cidadania. E, se mais argumentos faltassem a favor da uniformização, Grizzle aponta uma razão prática e indiscutível: “A convergência de conceitos é essencial para que os professores nos ouçam e não fiquem perdidos no meio de tantas literacias”.
Currículo MIL
A pensar nos professores, a UNESCO criou um currículo MIL com o objetivo de proporcionar uma abordagem comum não só ao conhecimento e compreensão crítica dos media como também à produção e ao uso da informação mediática.
As razões que levam vários investigadores, nacionais e internacionais, a reivindicar mais espaço nas escolas para formar os alunos para o mundo digital estão bem explícitas na recomendação Educação para a Literacia Mediática, redigida pelo CNE em 2011. Apesar disso, quem estuda estas matérias não hesita em afirmar que as alterações curriculares passaram ao lado do essencial (senão do mais básico) destas reivindicações.
Ana Maria Bettencourt, que à data do congresso ainda exercia o cargo de presidente do CNE, lançou nessa altura um último apelo ao Ministério da Ciência e da Educação para reconhecer a importância da educação para os media: “Esta área também é Ciência, agora que se fala tanto em Ciência…”
Fenómenos como a descrença na política ou a preocupação crescente dos alunos, mesmo os mais novos, com as consequências da crise económica, aliados ao “imenso poder” conferido ao cidadão pelos novos media, requerem reflexão em sala de aula. E, segundo os especialistas, encontrariam na literacia mediática e da informação (adotando o conceito da UNESCO) um terreno propício para o debate.
Portugueses criam jogo para crianças autistas
Correio da Manhã | 09.06.13
O jogo LifeIsGame, criado por jovens investigadores portugueses da Universidade do Porto, pretende desenvolver as capacidades de crianças diagnosticadas com autismo.
‘LifeIsGame’ é o nome do jogo 3D criado por uma equipa de investigadores da Universidade do Porto (UP) e será apresentado na próxima terça-feira, após três anos de desenvolvimento.
Este jogo de vídeo ambiciona ser mais do que simples entretenimento. O ‘LifeIsGame’ destina-se a ensinar crianças autistas a “reconhecer as emoções transmitidas pelas expressões faciais”.
“O que nós estamos a propor é um método muito experimental onde, em vez de reconhecer emoções através de imagens estáticas, as crianças aprendem através de desenhar ou da mímica, como se fosse um espelho”, explicou à rádio TSF Verónica Orvalho, líder da equipa de investigadores de Ciências de Computadores e Ciências da Saúde da UP.
Estudar e saber o que se vai passar nos exames com o PÚBLICO
Público | 02.06.13
PÚBLICO lança página de exames em parceria com a Porto Editora.
A partir de agora, o PÚBLICO tem online uma nova página só dedicada aos exames nacionais. Em http://www.publico.pt/exames estão as últimas notícias, infografias, vídeos, inquéritos e exercícios para os estudantes praticarem.
Numa parceria PÚBLICO/Porto Editora, os alunos dos 6.º, 9.º, 11.º e 12.º anos poderão fazer exercícios das disciplinas em que farão exames. O objectivo é ajudá-los a prepararem-se para responder às provas. Os exercícios estão divididos por disciplina e por ano de escolaridade e, regularmente, estarão disponíveis novos conteúdos.
Nesta página, os estudantes podem ainda participar no inquérito “Qual o autor que vai sair no exame de Português do 12.º ano?”. Será Fernando Pessoa ou um dos seus heterónimos? Luís de Stau Monteiro ou José Saramago?
Descubra que autores saíram nos últimos anos e quais são os maiores erros que os alunos fazem.
O PÚBLICO convida ainda os leitores a partilharem as memórias das suas épocas de exames e, caso queiram, acrescentar uma fotografia desse tempo. As histórias podem ser enviadas para leitores@publico.pt.
Pais ‘obrigam’ adolescentes a fugir do Facebook
Correio da Manhã | 25.05.13
Apesar do Facebook ainda ser a rede social mais popular entre os adolescentes, o entusiasmo destes tem-se virado para outras plataformas. E uma das principais razões é fugir ao controlo dos pais
Um estudo feito a adolescentes norte-americanos mostra que 77% dos jovens entre os 12 e os 17 anos usam o Facebook, colocando assim a rede social criada por Mark Zuckerberg no topo da lista das plataformas online usadas para socializarem.
E apesar desse número já de si ser impressionante, o número de adolescentes com presença online que está presente no Facebook é ainda mais: 94% destes jovens têm conta na rede social. No entanto, a popularidade mundial do site que levou a uma maior presença de adultos tem gerado desconfiança.
O relatório elaborado pelo Pew Research Center indica que “os adolescentes não aprovam o crescente número de adultos no site, ficam irritados quando os seus amigos do Facebook partilham detalhes fúteis e ficam fartos de todo o drama que dizem acontecer frequentemente”.
Outro dos problemas, e talvez o principal para aqueles que têm cada vez menos entusiasmo para estar nesta rede social, é o facto de os próprios pais terem conta na rede e terem acesso a tudo o que eles publicam.
Com uma média de 425 amigos, o relatório sobre a atividade cibernética dos jovens mostra ainda que sete em cada dez adolescentes são amigos dos seus pais no Facebook.
O Pew concluiu que outras plataformas de partilha de imagens, mensagens, vídeos e tudo o que mais possa ser imaginado, têm tido cada vez mais procura. Em 2012, o Twitter viu o seu número de utilizadores adolescentes aumentar dos 16% para os 24%, e é novamente a segunda plataforma mais utilizada.
No último lugar do pódio surge o Instagram, com 11%. O outrora gigante, MySpace, fica-se pelos 7% e o Tumblr conta com 5% de atividade por parte de adolescentes que têm presença online.
Apesar de só ter registado um aumento de 2% face a 2011, é esta micro-rede de blogues que mais atenção tem reunido, principalmente neste mês de maio, altura em que foi anunciada a venda do Tumblr para o gigante da Yahoo por mil milhões de dólares (cerca de 775 milhões de euros).
Atrás deste surge a tentativa da Google em chegar ao universo das redes sociais não se tem provado uma aposta acertada. Apenas 3% dos jovens norte-americanos usam esta rede para socializar.
Mas apesar de todas estas conclusões, um dado sobressai: o tempo despendido diariamente pelos adolescentes em redes sociais manteve-se quase inalterado. O Facebook e plataformas semelhantes parecem ter atingido o seu pico de utilizadores.
Nova plataforma informática para combater insucesso e abandono escolar
Lusa | 20.05.13
Associação EPIS propõe plataforma a escolas dos 2.º e 3.º ciclos.
A Associação EPIS Empresários Pela Inclusão Social apresentou nesta segunda-feira uma plataforma informática que pretende ajudar professores e psicólogos a combater o insucesso e o abandono escolar, disponível para as escolas dos 2.º e 3.º ciclos já a partir de Setembro.
O projecto Mentores EPIS pretende adaptar os métodos de combate ao insucesso escolar que a associação tem testado desde 2006 em projectos-piloto desenvolvidos em escolas parceiras a uma plataforma informática disponível para escolas de todo o país ou até de outros países que falem português.
Com os seus projectos, a associação pretende trabalhar fora da sala de aula com os jovens sinalizados como estando em risco de abandono ou de insucesso, ensinando-os a gerir as suas “competências sociais e pessoais, um projecto de vida, o tempo, os seus hábitos e a auto-regular a impulsividade, ansiedade e o stress, para que depois, no contexto de sala de aula, tenham capacidade de tirar partido do que aprendem para terem sucesso escolar”, explicou Diogo Simões Pereira, director-geral da EPIS.
O responsável destacou que actualmente o modelo de funcionamento da associação “tem uma componente de formação e de acompanhamento muito intensiva”, que implica “um investimento grande em formação e acompanhamento no terreno, o que obviamente é uma barreira à maior massificação” dos programas.
No entanto, como “uma boa parte das metodologias de trabalho são simples e podem ser assimiladas de uma forma simples, nomeadamente de modo remoto por mais pessoas e por mais técnicos”, surgiu a ideia de desenvolver uma plataforma informática, que deverá estar disponível em mais de mil agrupamentos de escolas no início do próximo ano lectivo, acrescentou.
O Mentores EPIS foi apresentado no Fórum Escolas de Futuro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, nesta segunda-feira, onde foram também divulgados resultados de outros programas da associação, nomeadamente os projectos Mediadores para o Sucesso e Abandono Zero.
O primeiro destes programas foi realizado no concelho de Paredes junto de crianças do 2.º ciclo, através do acompanhamento de cerca de 120 alunos seleccionados por apresentarem factores de risco logo após o 1.º ciclo “nomeadamente notas negativas nas provas de aferição ou nos exames”, contexto familiar ou território onde vivem, que, à entrada para o 3.º ciclo, tinham diminuído consideravelmente os factores de risco identificados.
“Estamos agora a lançar um projecto-piloto no 1.º ciclo, que vai demorar quatro anos, porque vai acompanhar os quatro anos de escolaridade, e possivelmente vamos concluir o mesmo, o que quer dizer que focalizaremos cada vez mais para mais cedo todas as intervenções com jovens em termos de combate ao insucesso escolar, começando a intervir ainda na fase em que são crianças”, disse.
O programa Abandono Zero decorreu nos últimos dois anos em Sesimbra e permitiu “tirar da zona do precipício” cerca de 70% dos jovens identificados como estando em fase de abandono escolar, de marginalidade e de comportamentos de risco neste concelho.
v Na sessão foi ainda apresentada a metodologia LEAN, que a escola da Abrigada (Alenquer) desenvolveu em parceria com a EDP com o objectivo de verificar como consumir menos recursos, não só materiais (como a água, a electricidade e o dinheiro), como não materiais (como o tempo e a forma como as pessoas planeiam as suas actividades).
A EPIS é uma associação de empresários, com mais de 250 empresas, que desenvolve programas para apoiar a inclusão social de jovens através da educação e inserção profissional, que tem actualmente como parceiros 16 municípios, mais de 60 escolas e o Instituto do Emprego e Formação Profissional.
Rede social para universitários onde pais não entram
Correio da Manhã | 18.05.13
‘Unii’ é o nome da rede social exclusiva para estudantes universitários britânicos, logo, livre do controlo dos pais. Conceito semelhante ao Facebook inicial
O conceito do Unii.com é quase igual aos primórdios do Facebook: uma rede social restrita a estudantes universitários. Mas em vez de estudantes de Harvard, o Unii é abrangante a todos os universitários britânicos.
“O que acontece na uni, fica no Unii” diz Marco Nardone, o responsável de 24 anos por este projecto, que, por agora, será exclusivo apenas a quem tenha conta de e-mail de universidades britânicas.
Aquilo que o Facebook criou, o Unii quer destruir. Com o advento da rede social criada por Mark Zuckerberg, pais de todo o mundo com conta no Facebook podem hoje saber, quase imediatamente, o que se passa nas vidas dos seus filhos. Mas o Unii promete acabar com os comentários moralistas através das redes sociais de pais a filhos, ou os lembretes para estes enterrarem a cabeça nos livros.
Nardone e os colegas por detrás do Unii afirmam que o período universitário serve para experimentar e abraçar uma nova liberdade, sendo todas as suas actividades do conhecimento dos pais a última coisa que os estudantes querem.
Um inquérito feito durante março e abril deste ano mostrou que 56% dos pais e 54% das mães britânicas verificavam, pelo menos uma vês por mês, as actividades dos seus filhos no Facebook.
Desta forma, caso seja um estudante no Reino Unido farto de encontrar os seus pais nas redes sociais, com o Unii só precisa de se inscrever com o e-mail da universidade. O que é perfeito, a menos que a sua própria mãe seja também ela uma estudante universitária.
Saiba tudo o que revelam os seus “gosto” no Facebook
Correio da Manhã | 11.04.13
Investigação da Universidade de Cambridge prova que recorrendo apenas aos “gosto” que um utilizador de Facebook coloca pela rede social é possível saber praticamente tudo sobre o mesmo.
Um artigo da Universidade de Cambridge publicado no revista da academia de ciências dos Estados Unidos analisou a atividade digital de mais de 58 mil utilizadores do Facebook e chegou a várias conclusões, sendo a mais importante a de que é possível conhecer o perfil de uma pessoa através dos “gosto” que coloca no Facebook.
Os participantes no estudo permitiram a compilação dos seus “gosto”, perfis demográficos e resultados de testes psicométricos através de uma aplicação online. Numa fase posterior os “gosto” foram lidos por algoritmos e comparados com a informação disponibilizada pelos perfis e respetivos testes de personalidade.
Os resultados obtidos foram diversos. Por exemplo, utilizadores que gostavam de “Mozart” e “Ciência” tinham maior probabilidade de possuírem QIs mais elevados do que os utilizadores que gostavam de “Lady Antebellum”. Outro dos inúmeros exemplos: as pessoas que gostavam de “Indiana Jones” estavam satisfeitas de um modo geral com as suas vidas, enquanto as que apreciavam a banda “Gorillaz” se encontravam infelizes.
O estudo não se fica pelos “gosto” em páginas que o utilizador segue, mas também nos comentários onde exerce essa opção, permitindo traçar um perfil muito próximo da realidade sobre a personalidade do utilizador´, em áreas tão diversas como política, religião, orientação sexual e até questões do foro emocional.
A próxima vez que queira colocar um “gosto”, pense duas vezes. É que as conclusões deste estudo deixam satisfeitos as empresas que podem assim direcionar melhor os seus produtos para consumo, mas aumentam a preocupação sobre as questões de privacidade.
Saiba mais sobre a investigação da Universidade de Cambridge fazendo download dos documentos com o estudo (em inglês), nesta página do site da Academia de Ciências dos Estados Unidos.
Academia Khan chega a Portugal para ensinar na Internet
Público | 04.04.13
Fundação PT adaptou para Português os famosos vídeos de Salman Khan que ajudam os alunos a estudar das ciências exactas às humanidades.
O norte-americano Salman Khan tornou-se um homem de sucesso depois de ter tido uma ideia simples: gravar um vídeo com explicações de Matemática para os seus primos que tinham muitas dúvidas. Rapidamente, as suas explicações tornaram-se virais na Internet, o que o levou a criar a Academia Khan. Esta quinta-feira, a sua criação chega a Portugal pelas mãos da Fundação PT.
Em 2004, Khan começou a dar as explicações de Matemática por telefone a uma prima, que vivia a mais de dois mil quilómetros de distância. A forma não era a mais eficaz e decidiu gravar vídeos que publicava no YouTube e que inesperadamente ganharam contornos gigantescos na Internet. Surgiram centenas de comentários, onde a maioria pedia para que Salman Khan fizesse mais vídeos com outras matérias. Foi assim que nasceu, em 2008, a Academia Khan. Um ano depois, Khan dedicou-se a tempo inteiro ao seu projecto e nos quatro anos seguintes os mais de quatro mil vídeos disponíveis no site da Academia tiveram mais de 240 milhões de visualizações.
O objectivo da Academia é simples: transformar várias disciplinas, como a Matemática, a Ciência, a Física ou até mesmo a Economia, acessíveis a todos os estudantes que sintam dificuldade nos estudos. Os vídeos estão disponíveis a custo zero e em Inglês, o que levou a que a Academia se tornasse um fenómeno online.
A Fundação PT importou agora a ideia para Portugal, naquela que é a sexta parceria da Academia Khan, depois de estar presente em países como o Brasil e a Ãfrica do Sul. Os vídeos vão ser disponibilizados em Português também de forma gratuita e vão estar acessíveis em vários países de Língua Portuguesa, como Angola, Moçambique e Cabo Verde.
Por enquanto, estão disponíveis 70 dos 400 vídeos que a PT quer divulgar até Setembro, mês que marca o início do próximo ano lectivo, mas o objectivo é chegar a 2014 com mil vídeos traduzidos. Os vídeos que estão agora disponíveis no site da fundação são todos ligados à Matemática e, por enquanto, direccionados a alunos dos 2.º, 4.º, 6.º, 9.º e 12.º anos de escolaridade, por serem os que estão sujeitos a exames nacionais.
Depois da Matemática, os vídeos adaptados da Academia Khan vão concentrar-se nas áreas da Física, da Química e da Biologia. As explicações foram traduzidas do Inglês e adaptadas aos conteúdos do programa escolar, com a ajuda da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM).
Ao PÚBLICO, o director da SPM, o professor Miguel Abreu, admitiu estar “muito entusiasmado” com o projecto, por ser uma ferramenta que “permite melhorar o ensino e a aprendizagem da Matemática” em Portugal. “Permite que os alunos sejam independentes e estudem quando querem, com os colegas com quem se dão melhores, com os pais, às horas que quiserem”, acrescenta. Miguel Abreu diz ainda que a adaptação dos conteúdos da Academia Khan à língua portuguesa é algo que “pode permitir aos alunos explorar lacunas que sentem que têm”.
Nas lições, ouvem-se várias vozes que normalmente não estão associadas a esta área. Desde funcionários da empresa de telecomunicações até um professor de Matemática, Rogério Martins, passando pelo presidente da própria PT, Zeinal Bava.
O PÚBLICO tentou apurar os valores envolvidos nesta operação, mas a PT recusou-se a divulgá-los.
Fazer um blogue para saber o que é o desenvolvimento sustentável
Público | 05.03.2013
Organização quer alertar jovens para as preocupações com o desenvolvimento sustentável.
A Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) lançou o concurso “Blogue Por Um Desenvolvimento Sustentável”.
Este concurso destina-se a jovens entre os 12 e os 18 anos e tem como objectivo “formar e informar” os jovens para as questões relacionadas com o desenvolvimento sustentável, segundo comunicado enviado pela organização.
A iniciativa pretende valorizar a abordagem e o conhecimento sobre as dimensões do desenvolvimento sustentável, social, económico, cultural e ambiental dos jovens.
O concurso divide os jovens em dois escalões etários, entre os 12 e os 15 anos e entre os 15 e os 18 anos e em grupos entre dois e três participantes. Para participar, basta criar um blogue de raiz e publicar, pelo menos, cinco publicações sobre o desenvolvimento sustentável até 30 de Abril.
Os vencedores terão direito a um cheque Fnac no valor de 50 euros e a material didáctico sobre o tema para a turma a que pertencem. O concurso tem o apoio do Centro Regional de Informação das Nações Unidas, do Impulso Positivo e da Lusa.
Metade dos pais vão ao Facebook espiar os filhos
Correio da Manhã | 17.02.13
Estudo americano mostra que a principal motivação dos pais para aderirem à rede social é ver o que os filhos andam a fazer
O site Education Database Online, que partilha informações sobre escolas e sistemas de ensino nos Estados Unidos da América, revelou um relatório sobre o uso da rede social Facebook. O estudo mostra que pelo menos metade dos pais que se inscrevem no Facebook o fazem com o propósito de se fazerem amigos dos seus filhos para poderem ver o que estes escrevem e publicam na rede. Nos últimos dois anos, registou-se uma grande adesão das mães ao Facebook o site estima que, de 50% em 2010, se atingiu em 2012 uma percentagem de 72% de mães que têm conta no site.
Os dados recolhidos pela Education Database mostram que a curiosidade em relação aos filhos se concentra em três itens principais: as mensagens que eles publicam (41% das consultas) o que os outros escrevem no mural dos filhos (39%) e as fotos em que são referidos (29%). Quanto à frequência das actividades de espionagem, 43% dos pais com Facebook admitem que visitam o perfil dos filhos todos dias, ao passo que 31% admitem que o fazem entre quatro a cinco vezes por semana. Só 1% dos utilizadores consultados para este estudo garantiu nunca ter visionado o perfil dos seus filhos.
Outro dado interessante é a reacção dos jovens à presença dos pais no Facebook. Até aos 13 anos, a grande maioria dos utilizadores (65%) aceita os pedidos de amizade dos pais. Este valor cai para os 40% quando estamos a falar com filhos de 20 anos . Ou seja, quanto mais velhos são os filhos, menos propensos estão a deixar que os pais sigam as suas peripécias na internet. Estima-se que estão registados no Facebook 7,5 milhões utilizadores com 13 ou menos anos.
O relatório mostra também a opinião dos filhos quanto à invasão dos papás e mamãs das redes sociais. Uma em cada três crianças diz sentir-se embaraçada com a actividade dos pais no Facebook e 30% dizem mesmo que, se pudessem, deixariam de ser amigos deles nas redes sociais.
Formação e apoio às vítimas são essenciais no combate ao ciberbullying
Público | 06.02.13
Redes sociais, chat rooms, jogos online, meios de comunicação e entretenimento muitas vezes utilizados como veículo de agressão por parte de jovens contra jovens. Mas há formas de combater o ciberbullying e devem ser do conhecimento de todos.
Existem directrizes e recomendações para ajudar vítimas de ciberbullying e apoiar pais e professores na resposta às agressões feitas principalmente nas redes sociais e em chat rooms, mas estas podem não ser eficazes. Esta quarta-feira foi apresentado um estudo internacional que analisou os pontos fortes e fracos das recomendações activas em 29 países, incluindo Portugal. A educação em matéria de cibersegurança, o apoio parental e escolar à vítima e uma actuação eficaz com a formação de pais e professores estão entre as principais recomendações dos 13 investigadores que elaboraram o relatório Orientações para prevenir o ciberbullying no ambiente escolar: uma revisão e recomendações .
Entre os investigadores, de 11 países, está Ana Tomás de Almeida, do Departamento de Psicologia da Educação e Educação Especial da Universidade do Minho. Das recomendações que actualmente são feitas no combate ao ciberbullying e que a equipa analisou, a investigadora destaca que, na sua maioria, colocam pais e professores no papel de modelos de consciência e desenvolvimento de competências para a prevenção do ciberbullying, ficando por aprofundar as políticas e os regulamentos escolares. Ana Tomás de Almeida acrescenta que a omissão mais notada é a do papel pró-activo que os jovens podem assumir no combate ao ciberbullying e do envolvimento que toda a comunidade pode ter no apoio às vítimas.
No estudo, que arrancou em Outubro de 2008 e se prolongou durante quatro anos, foram avaliadas as recomendações que existem para cada um dos actores escolares. Acima de tudo, os investigadores defendem um esforço concertado da sociedade, escolas, professores, pais e jovens para trabalharem em conjunto e determinar as regras e as práticas a ter para responder a estas agressões.
Pais atentos, pró-activos e dialogantes
Os pais são o primeiro grupo a quem o estudo se dirige. É recomendado aos progenitores que sejam pró-activos e que falem sobre o ciberbullying antes mesmo de os seus filhos serem vítimas. Desta forma, sustenta o relatório, as crianças ficarão mais bem preparadas para enfrentar o ciberbullying e provavelmente vão conseguir evitar comportamentos condenáveis ou apoiar outros menores em ataques a terceiros. Ao serem informados pelos filhos de que uma outra criança está a ser vítima, os pais devem reportar o caso às autoridades competentes.
Cabe ainda aos progenitores ou tutores informarem-se sobre as formas seguras de utilizar um telemóvel ou a Internet e ajudar a criança tecnicamente a evitar ser vítima de um intruso através de mensagens ou imagens abusivas. Os pais muitas vezes não se apercebem de que, apesar das suas crianças serem aptas tecnicamente, podem não saber utilizar a tecnologia de forma segura, sublinha o documento.
Uma das questões em que o estudo concentra as atenções é o apoio que deve ser dado a uma criança vítima de ciberbullying. Antes disso é necessário estar atento aos sinais do menor quando já está a ser agredido, como alterações de comportamento, depressão ou agressividade sempre que está ou esteve online. Os pais devem passar a mensagem aos filhos de que não é uma vergonha estar a ser vítima de ciberbullying e que o problema está do lado do agressor. As crianças devem, assim, ser encorajadas a não hesitar em pedir ajuda aos pais, professores, jovens ou outros que as ajudam quando estas não têm capacidade de se ajudar a si próprias.
Uma das principais recomendações, e que está na base de quase todas as outras, é a existência de diálogo constante entre pais e filhos. Mas este deve ser cuidado, sem reacções exacerbadas, e a solução de negar o acesso à criança de um telemóvel ou Internet não deve ser escolhida. Antes, defendem os autores do estudo, devem falar sobre formas possíveis de lidar com os ciberataques.
Etiqueta online essencial para os jovens
No caso dos jovens, a primeira das recomendações deixadas pelo estudo é que fique garantido que estes tenham uma participação activa na elaboração da política escolar de combate ao bullying, seja ele online ou nos corredores das escolas. Aos jovens é aconselhado, por sua vez, que façam uso das novas tecnologias com responsabilidade para a sua própria segurança e que reforcem a sua cidadania digital integrando programas de aconselhamento e tutoria dedicados a actividade online.
Os autores do estudo consideram importante que os jovens tenham capacidades técnicas para saber explorar as diferentes actividades online, como as redes sociais, chat rooms e jogos online, ou por telemóvel, mas sobretudo que tenham o que designam como netiquette, qualquer coisa como etiqueta online, quando comunicam e socializam na Internet, assegurando que os valores comportamentais assumidos online sejam os mesmos que na vida real.
Perceber o que é o ciberbullying, as suas causas, consequências, incluindo as legais, saber reagir em caso de agressão e as formas de combate devem também fazer parte das competências dos jovens.
Depois dos pais, é à escola e professores que é atribuída grande parte da responsabilidade de educar crianças e adolescentes para que saibam identificar casos de ciberbullying, reagir perante estes e procurar ajuda para terminar com estas agressões. É no recinto escolar que começam muitos dos casos de bullying e é aqui que o activismo contra estas agressões tem um papel importante. Apesar do estudo dividir as recomendações para a escola e para os professores, estas são semelhantes e, acima de tudo, complementares. Os professores devem ser modelos a seguir e incentivar os alunos a apoiar aqueles que estão a ser vitimados e consequentemente criar um ambiente escolar que não tolere o ciberbullying, recomenda o relatório. O apoio educativo dado pelos professores deverá ter, no entanto, algumas considerações, nomeadamente a idade e a compreensão do aluno sobre como devem ser utilizadas as novas tecnologias sem ser vítima ou agressor.
Cyberbullying é um problema comunitário
“Positividade” é um conselho sublinhado várias vezes no relatório, quando se refere à forma como professores e restante pessoal escolar devem falar e abordar a tecnologia e o uso que os mais novos lhe podem dar. A cooperação na comunidade escolar, que inclui ainda os encarregados de educação, é essencial numa situação confirmada de ciberbullying. Todas as partes envolvidas devem estabelecer contacto entre si, defende o estudo, acrescentando que não deve ser uma questão de quando acaba a responsabilidade parental e começa a responsabilidade escolar, mas antes como tornamos o ciberbullying uma responsabilidade cada vez mais partilhada.
Mais uma vez, a formação é destacada. O pessoal escolar e os seus pares têm que desenvolver o conhecimento e aptidões para responder de forma eficiente e dar apoio àqueles que são vítimas de ciberbullying. Para que haja formação profissional, é aconselhado às direcções das escolas que procurem apurar que competências o seu pessoal tem para reagir em casos de ciberbullying e encorajar e permitir aos professores que implementem e avaliem consistentemente respostas eficientes a situações de ciberbullying. Por exemplo, os professores devem melhorar o conhecimento dos alunos sobre cibersegurança e regras de etiqueta online e desenvolver laços com os pais para estabelecer uma cooperação mais próxima, desenvolver estratégias para lidar com o ciberbullying, contactar os pais quando for considerado apropriado e aumentar a consciência parental e da comunidade” sobre o tema.
A professores e alunos é deixada uma última recomendação: Os professores devem aproveitar a oportunidade para aprender sobre como os alunos usam a Internet, enquanto os estudantes têm que apreender formas para resolver problemas sociais e desenvolver aptidões sociais com os professores.
Investigadora defende interação entre pais e filhos para uma utilização mais segura da Internet
Ciência PT | 05.02.13
Os softwares para prevenir condutas de risco dos jovens nas redes sociais são pouco eficazes, conclui um doutoramento da Escola de Psicologia da Universidade do Minho.
Para a investigadora Fátima Abreu Ferreira, uma das melhores estratégias para prevenir a exposição aos riscos no mundo online passa pela interação direta entre pais e filhos. O seu estudo, desenvolvido entre 2009 e 2012, centrou-se na avaliação da vitimização online, comparando este fenómeno entre Portugal, Espanha e Reino Unido numa amostra de 2565 estudantes entre os 10 aos 18 anos de idade.
Os resultados apontam o ciberbullying como sendo o risco mais frequente nos três países, seguido do ciberstalking (assédio persistente) e das solicitações sexuais. Indicam também que as estratégias de mediação ativa e restritiva, que combinam a imposição de regras sobre o uso da Internet e a discussão da utilização que é feita da mesma, como as mais eficazes na prevenção da exposição aos riscos online. A Internet é um ambiente anárquico, fluído e em constante mutação, ao qual os jovens têm uma grande facilidade em se adaptar, pelo que os cuidadores não devem depositar toda a sua confiança apenas na implementação de filtros que impeçam o acesso a determinados conteúdos. Aliás, este filtros podem ser facilmente desativados pelo adolescente ao ver tutoriais no YouTube, por exemplo, esclarece a doutoranda em Psicologia da Justiça na UMinho.
Para Fátima Abreu Ferreira, a conversa no mundo real continua a ser o melhor meio para lidar com o que se passa nas redes virtuais. Ainda assim, usar apenas um tipo de estratégia pode não ser o ideal. Os pais devem estar disponíveis para cruzar vários cenários. Ou seja, estabelecer regras acerca da utilização da Internet, que passem não por uma imposição mas sim por uma discussão com os filhos acerca da importância de certos cuidados e comportamentos a adotar. Desta forma, é igualmente criado um ambiente de segurança para que, em situações em que não é possível controlar a exposição aos riscos, os jovens se sintam confortáveis em revelar o acontecimento e se sintam apoiados para geri-lo da melhor forma, vinca.
Fátima Abreu Ferreira nasceu na Guarda há 29 anos e é psicóloga, investigadora e professora. Está a concluir o doutoramento na UMinho, com a tese Vitimização Online: Os riscos de viver na era digital. Tem as licenciaturas em Aconselhamento Psicossocial e em Psicologia e a pós-graduação em Aconselhamento, todas pelo Instituto Superior da Maia (ISMAI), no qual também foi docente cinco anos. Trabalha em projetos de investigação das universidades do Minho, Coimbra e do ISMAI, centrando a pesquisa nos temas da violência (online, doméstica, escolar, praxes académicas, relações amorosas) e na sexualidade feminina. Tem algumas dezenas de publicações científicas e participa em congressos em vários países.
Jovens europeus identificam que riscos da Internet estão nos vídeos violentos e pornográficos
Lusa | 05.02.13
Inquérito EU Kids Online chegou a quase dez mil jovens de 25 países europeus.
Os portais de partilha de vídeos como o YouTube são a maior fonte de incómodo na Internet para os jovens europeus dos nove aos 16 anos, que os associam ao risco de encontrar online imagens violentas ou pornográficas.
A conclusão consta de um estudo divulgado esta terça-feira, coordenado pelo projecto europeu EU Kids Online, que congrega as respostas de quase dez mil jovens europeus, para aferir o que incomoda as crianças e jovens dessa idade ao usarem a rede.
Conduzido em 25 países europeus, incluindo Portugal, e divulgado na data em que se assinala o Dia Europeu da Internet Segura, este estudo aponta os portais de partilha e alojamento de vídeos, as páginas na Internet na sua generalidade, as redes sociais e os jogos, como as principais fontes de incómodos e riscos para os mais novos.
Das 9904 respostas analisadas, 32% dos rapazes e raparigas inquiridos consideram os portais de partilha de vídeos como as plataformas de maior risco para encontrar online imagens violentas ou pornográficas, com muitos deles, alguns apenas com nove anos, a descrever cenas de sexo explícito, de violência ou de crueldade animal, como exemplos daquilo com que já se depararam online, inadvertidamente.
Nas respostas, os jovens europeus exprimiram também as suas emoções perante aquilo com que foram confrontados, sendo que o medo representa 54% das reacções perante a violência, e a repulsa, 59% das reacções perante a pornografia.
Uma das conclusões que esta análise evidenciou é que as crianças estão muito incomodadas com conteúdos violentos e pornográficos, que aparecem até associados a um tom humorístico, mas que elas próprias dizem que não acham graça nenhuma, disse à Cristina Ponte, coordenadora do EU Kids Online em Portugal.
Quanto às redes sociais, como o Facebook, 48% dos jovens associa-lhes riscos relacionados com questões de conduta, e 30%, com o estabelecimento de contactos.
O estudo revela ainda que, em relação às preocupações com a utilização de redes sociais, são sobretudo as raparigas que percepcionam os riscos, e são também elas que valorizam as questões de conduta e de contactos através da rede. Já os rapazes estão mais atentos à violência e pornografia.
De acordo com o relatório do estudo, as diferentes percepções consoante o género explicam-se pelo facto de os rapazes serem os que mais usam plataformas online de partilha de vídeos e os que mais recorrem aos jogos, estando por isso mais vulneráveis a imagens de violência e pornografia.
Já as raparigas, mais activas nas redes sociais, estão mais preocupadas com questões de comportamentos, de devassa da vida privada e de reputação entre pares.
Este tipo de riscos, que nós ligamos mais a condutas, aparece mais do que o aborrecimento que causa, por exemplo, ser contactado por um estranho, que é até uma preocupação muito mais presente na agenda pública, destacou Cristina Ponte.
Uma das conclusões a que se chegou é que são aqueles que já foram magoados que a seguir vão magoar. Temos de contrariar esta tendência de condutas que respeitam pouco os outros, acrescentou.
A análise ao inquérito demonstrou também que a percepção dos riscos na rede muda à medida que as crianças vão crescendo, evoluindo de uma preocupação mais vincada com os conteúdos disponíveis para uma maior preocupação com condutas.
Dos exemplos dados pelo estudo, destacam-se as preocupações com o bullying, que vão aumentando até atingirem um “pico” por volta dos 13-14 anos, ou as preocupações com a partilha indesejada de informações privadas, como fotografias, que são mais comuns entre os mais velhos.
Menos mencionados, mas também presentes, e em crescendo à medida que as crianças crescem, estão preocupações com conteúdos relativos a automutilação e suicídio, distúrbios alimentares, drogas, racismo e publicidade.
O que incomoda na Internet? Insultos, mentiras e coisas feias, dizem crianças portuguesas
Público | 05.02.13
Pais, crianças e jovens portugueses falaram na primeira pessoa. Esta terça-feira é dia da Internet Segura.
Pornografia, imagens de violência, contactos de estranhos, referências a drogas e álcool, e imagens de pessoas a abusar de crianças são apenas alguns do conteúdos que crianças e jovens identificam como incómodos na Internet. As respostas de mil crianças portuguesas estão incluídas no inquérito europeu EU Kids Online e são divulgadas esta terça-feira por investigadores da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, no dia em que se comemora a Internet Segura.
No trabalho de campo também houve perguntas dirigidas aos pais, tendo sido pedido que identificassem situações particularmente incómodas para os filhos na Internet. Nos testemunhos, há relatos sobre estranhos que entraram em contacto com os filhos e que lhes pediram a morada. Um dos pais conta que a filha de 16 anos conheceu um homem na Internet e convidou-o para ir lá casa. Quando a mãe chegou, a filha estava no quarto inconsciente e teve de receber tratamento hospitalar. Nunca se chegou a descobrir o que lhe aconteceu ou que terá tomado.
Outros depoimentos dos pais relacionam-se com mensagens desagradáveis enviadas por colegas aos filhos, conversas perturbadoras com estranhos, visualização de vídeos chocantes e fotografias de filhos divulgadas em sites com comentários negativos.
Já as crianças, quando questionadas sobre o que é que poderia incomodar alguém da idade deles na Internet, responderam: Enviar insultos, contar mentiras sobre outras pessoas, sites com coisas feias, com imagens chocantes, disse uma menina de 12 anos. Outra rapariga de 15 anos escreveu: Fazer troça de alguém criando sites e usando o Youtube para gozar. Uma adolescente da mesma idade, a quem uma colega enviou mensagens desagradáveis, identificou como incómodo insultos que baixam a auto-estima e afectam psicologicamente.
Apesar de o inquérito EU Kids Online ser de 2010, o relatório com as respostas das crianças e dos jovens na primeira pessoa só é divulgado esta terça-feira. Para além disso, os investigadores portugueses resolveram voltar ao terreno, cerca de um ano depois, mas desta vez para comparar as primeiras respostas com as de uma amostra de crianças e adolescentes de contextos socioeconómicos mais desfavorecidos.
Quando decidimos adaptar o questionário EU Kids Online a uma amostra de crianças socialmente desfavorecidas, os nossos objectivos eram não só conhecer os seus contextos de acesso, uso e formas de mediação, mas também ter em atenção a percepção das crianças sobre os riscos e segurança online, na forma como o expressam, e compará-los, escrevem os investigadores Cristina Ponte, José Alberto Simões e Ana Jorge, num artigo que será publicado no próximo mês.
Não estragar o computador
Neste segundo inquérito, dirigido a miúdos entre os 9 e os 16 anos do programa Escolhas, que visa promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, a pergunta foi colocada da seguinte forma: O que é para ti usar a Internet de forma segura? Que conselho darias a uma pessoa da tua idade?
A pesquisa, realizada em 19 centros da área metropolitana de Lisboa e do Porto, mostrou que, comparadas com a amostra nacional do EU Kids Online, as crianças do Escolhas são aparentemente mais inclinadas para o entretenimento e que as competências digitais ligadas à informação estão menos presentes Mais frequentados por rapazes do que por raparigas, os centros Escolhas proporcionam um acesso a meios digitais, o que leva os investigadores a concluir que exclusão social e exclusão digital não são necessariamente equivalentes.
Se na amostra portuguesa do EU Kids Online 47% dos pais tinham o 9.º ano ou menos, entre os pais das crianças do Programa Escolhas esta percentagem atinge os 90%. O acesso das crianças à Internet também é mais reduzido no Escolhas, o que pode dever-se aos baixos níveis de escolaridade dos pais que também não são, eles próprios, utilizadores da Internet: 60% dos pais portugueses abrangidos no EU Kids Online usavam a Internet, enquanto no caso do Programa Escolhas esta percentagem desce para 43.
Para além deste dado, salienta-se que 92% das crianças do EU Kids tinham acesso à Internet em casa, percentagem que, no caso do Escolhas, se fica pelos 46 (no que respeita a crianças) e pelos 70 (no caso dos adolescentes).
Algumas das respostas das crianças do programa Escolhas mostram que a percepção que têm sobre o que é usar a Internet de forma segura relaciona-se com o manuseamento cuidado dos equipamentos não querem estragar computadores que não são deles em vez dos conteúdos.
As referências a conteúdos sexuais são escassas, o que se pode dever ao facto de estas crianças e jovens acederem à Internet em locais como a escola e os centros Escolhas, onde são usados filtros e onde o acesso é mais controlado. Apesar de haver essa supervisão, uma criança do Escolhas escreveu o seguinte: Não devia fazer, mas faço. Não jogar jogos nem tentar criar contas no Facebook. Eu faço na escola, mas com outro nome.
E quanto a contactos com estranhos, que disseram os miúdos? Uma rapariga de 14 anos, abrangida pelo Escolhas, respondeu o seguinte: Uso a net há cinco anos e felizmente até hoje não me aconteceu nada. Já falei e me encontrei com desconhecidos e correu sempre bem. Se toda a gente tiver o mesmo cuidado que tenho e atenção, nada de mal acontecerá.
Os investigadores verificaram que entre jovens do Escolhas, o contacto com pessoas desconhecidas pode ser uma oportunidade para aumentarem o capital sociala rede de contactos. E perceberam também que crianças mais novas se sentem seguras quando navegam na Internet, porque apenas fazem um número limitado de actividades em períodos curtos de tempo.
Os autores do artigo frisam ainda que, apesar de as crianças portuguesas liderarem, a nível europeu, o acesso à Internet através de portáteis, tal não se traduzia num uso frequente. De acordo com os dados do EU Kids Online, 66% das crianças portuguesas tinham acesso à Internet através de portáteis, contra uma média europeia de 23%; porém, apenas 54% acediam diariamente à Internet, quando a média europeia era de 57%.
Uma vez que os dados das pesquisas são de 2010 e de 2011, Cristina Ponte considera que seria relevante voltar ao terreno para um novo estudo, que teria como objectivo perceber como está a actual crise a afectar as condições de acesso à Internet por parte das crianças e jovens.
Agora também há uma rede social para que os pais sigam os filhos na escola
Público | 24.01.13
Plataforma online é orientada em exclusivo para a educação e foi criada para permitir que os pais saibam o que fazem os seus filhos na escola.
Dois antigos colegas de faculdade decidiram criar uma plataforma online com o objectivo de facilitar a comunicação entre pais e escolas.
A experiência, lançada há dois anos, nasceu da constatação das dificuldades que ambos sentiam, como pais, de ter uma ideia concreta do que faziam os seus filhos, contou ao PÚBLICO um dos criadores da plataforma Weduc, Pedro Barros.
Os autores da Weduc partiram do pressuposto de que a comunicação entre as escolas e os pais é ainda, na maior parte dos casos, ineficiente, sendo que em muitos casos o elo de transmissão entre ambos se fica pelo aluno. O objectivo primordial da plataforma é o de colmatar esta lacuna.
Perguntamos ao nosso filho o que fez hoje na escola e o mais certo é recebermos como resposta um já não me lembro ou coisa parecida, comenta Pedro Barros.
Actualmente, a Weduc conta com 13 mil utilizadores e tem em rede 70 escolas, a grande maioria do ensino particular. Este mês, a utilização da plataforma passou a ser gratuita. O objectivo, adianta Pedro Barros, é o de permitir a massificação da sua utilização. Para o efeito foi celebrado, em Novembro, um protocolo com a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) e lançada uma campanha que levou já os autores da Weduc a 600 escolas de todo o país.
Levar a escola a casa
O sucesso da nova plataforma, que funciona como uma rede social, depende sobretudo da adesão e da disponibilidade dos professores e das escolas em partilharem a informação sobre os alunos com os seus encarregados de educação.
A ideia é que um encarregado de educação possa receber a escola em casa através de um simples computador, afirma Albino Almeida, presidente da Confap.
Pedro Barros admite que este processo de partilha encontre resistências no início, mas está confiante de que os professores acabarão por ver na Weduc uma oportunidade de valorização do seu trabalho em sala de aula, o que potenciará a sua adesão.
Por outro lado, diz Pedro Barros, os professores também poderão utilizar a Weduc para disponibilizar conteúdos pedagógicos aos alunos de acordo com o seu desempenho individual; e partilhar experiências e informação entre docentes de todo o país e não só, já que no final deste semestre a plataforma ligará também escolas do Brasil.
Esta rede permitirá também que os pais deixem o papel de espectador a que estão remetidos, podendo passar a interagir e comunicar com todos os professores dos filhos, bem como com os outros pais da turma, acrescenta Pedro Barros.
Albino Almeida espera, por exemplo, que através desta plataforma os pais de uma turma possam ter uma relação mais activa com os seus representantes e permitir assim que os problemas detectados possam ser levados por estes às reuniões dos Conselhos de Turma.
Ciberdúvidas lança aplicações
Público | 22.01.13
O Ciberdúvidas, um conhecido site para esclarecimento de dúvidas sobre a língua portuguesa, está a partir de quarta-feira disponível em aplicação para smartphones e tablets.
O lançamento das aplicações, que foram desenvolvidas com o apoio da Fundação Vodafone, vai ser também acompanhado por uma remodelação do site.
Segundo um comunicado dos responsáveis, os objectivos passam por melhorar a funcionalidade e o grafismo da página e, ao mesmo tempo, criar condições para potenciais apoios através da publicidade digital.
O site, que é gerido por especialistas e não tem fins lucrativos, tem em arquivo 30 mil respostas a questões colocadas por utilizadores. Para além disto, inclui artigos sobre a língua portuguesa e agrega algumas teses académicas na área da linguística.