Vai haver clubes Ciência Viva em 237 escolas
Governo disponibiliza dois milhões de euros no próximo ano para financiar atividades desta rede. Universidades, politécnicos e laboratórios científicos vão colaborar com os estabelecimentos de ensino.
PÚBLICO | 08.12.2018
Um conjunto de 237 escolas portuguesas vai poder contar com a colaboração de investigadores de universidades, politécnicos e laboratórios científicos para criarem programas de promoção da Ciência junto dos seus alunos. A rede Clubes Ciência Viva na escola vai ter dois milhões euros à disposição no próximo ano, para financiar as suas atividades, anunciou esta sexta-feira o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.
Solução para os media? Investigador propõe jornalistas a formar leitores de todas as idades
“Acho que faz todo o sentido o Estado intervir porque é do seu interesse ter pessoas críticas”, diz Vítor Tomé. O jornalista e investigador assinala, contudo, que “uma coisa é dar dinheiro aos media em troca de nada” e outra é “remunerar as empresas [jornalísticas] por esta formação” dos leitores.
LUSA | 05.12.2018
Um investigador na área dos media defendeu nesta terça-feira, como uma possível solução para o sector, a literacia dos leitores de todas as idades através de formações dadas por jornalistas, cujas empresas receberiam apoios do Estado para promover tais ações.
“É preciso formar leitores e isso passa por educar as pessoas, numa lógica integrada, desde que nascem. Além da escola, os media poderiam ter um papel nessa equação e essa seria uma forma de o Estado os financiar por esse serviço prestado à sociedade”, disse à agência Lusa o jornalista Vítor Tomé, formador e investigador nas áreas da Literacia dos Media e do Jornalismo.
O professor universitário observou que “o Estado já está a investir em literacia porque já tem a escola pública, mas faltam pessoas essenciais na equação, os jornalistas”. “Penso que os media têm um papel na formação das pessoas e estes são cidadãos de todas as idades, não só crianças nas escolas, como também adultos”, acrescentou.
A seu ver, isso poderia ser “parte da solução para a crise no sector porque era uma lógica de dupla entrada: os media seriam financiados sem haver uma intervenção direta do Estado na gestão dessas empresas e, ao mesmo tempo, haveria leitores mais informados”.
Foi, em parte, esta falta de literacia que levou à crise no jornalismo, segundo Vítor Tomé, que disse “desconhecer” modelos de negócio sustentáveis sem serem baseados nos leitores, ou através da compra de jornais, ou de assinaturas neste e noutros formatos. A juntar a isto, está “a sensação que há que tudo o que está online é gratuito”. “Se as pessoas reconhecerem o valor do jornalismo, as pessoas poderiam pagar para ter esse jornalismo”, referiu o investigador.
A posição surge depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter questionado durante a entrega dos prémios Gazeta, na semana passada, se o Estado não tem o dever de intervir face à crise da comunicação social, considerando que há uma “situação de emergência” que já constitui um problema democrático e de regime.
“Acho que faz todo o sentido o Estado intervir porque é do seu interesse ter pessoas críticas. Um público informado não embarca em notícias falsas”, vincou Vítor Tomé. Ainda assim, o especialista assinalou que “uma coisa é dar dinheiro aos media em troca de nada” e outra é “remunerar as empresas por esta formação” dos leitores.
Formar professores para formar alunos
Vítor Tomé é um dos participantes num projeto de literacia dos media que arranca em Janeiro, resultante do 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses (realizado no ano passado em Lisboa), e que será financiado pela Direcção-Geral de Educação e pelo Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (Cenjor), contando com o apoio da Presidência da República. “Há aqui uma abertura [do Estado] para estas iniciativas”, notou o especialista.
Também em declarações à Lusa, a presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco, explicou que essa iniciativa recebeu o “apoio desde sempre” destas instituições e abrangerá até 100 professores de cinco escolas piloto do continente.
Os estabelecimentos de ensino em causa são o Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira (Algarve), o Agrupamento de Escolas n.º 2 de Évora (Alentejo), o Agrupamento de Escolas António Sérgio (Centro) e a Escola Secundária Adolfo Portela e o Agrupamento de Escolas do Cerco do Porto (Norte). A estas escolas serão alocados dez formadores, em equipas constituídas por um jornalista no ativo e por um professor universitário especialista em media. Previsto está que, ao longo e depois da formação (que durará quatro a cinco meses), os professores destas escolas do ensino básico e secundário criem atividades com os seus alunos, no âmbito da disciplina de Educação para a Cidadania.
Sofia Branco notou ainda que a área do ensino acaba por ser “outra ocupação para jornalistas”, dado o desemprego existente no sector, resultante da crise.
Relativamente a essa crise, e no âmbito do Orçamento do Estado para 2019 (OE 2019), a Associação Portuguesa de Imprensa apresentou aos partidos uma proposta para a criação de benefícios em IRS para quem comprar jornais e revistas e em IRC para pequenos anunciantes que publicitem nestes meios.
Escola ensina rapazes tarefas domésticas para promover igualdade de género
Objetivo das aulas é mostrar aos alunos que cozinhar, passar a ferro e limpar não é trabalho exclusivamente para mulheres.
Correio da Manhã | 17.11.18
O Colégio Montecastelo na cidade de Vigo, em Espanha, está a dar que falar por promover a igualdade de género de uma forma nunca antes vista numa instituição de ensino.
Esta escola decidiu dar aulas aos alunos do sexo masculino cuja matéria são as tarefas domésticas. O objetivo é mostrar que estas não pertencem exclusivamente às mulheres.
A escola criou a atividade extracurricular “trabalho doméstico” que inclui atividades como passar a ferro, aprender a cozinhar, limpar uma casa e técnicas de costura.
Na sua página de Facebook, o Colégio Montecastelo descreve as atividades como um desafio aos alunos: “é um autêntico desafio para os alunos que, de repente, têm que se ver com um ferro e os seus diferentes ajustes segundo o tipo de roupa, entre fogões com um avental amarrado à sua cintura, ou a colocar roupas de molho para realizar uma lavagem à mão”. Gabriel Bravo, coordenador destas atividades, disse aos meios de comunicação locais que a igualdade é aprendida praticando-a.
“Pareceu muito útil para os nossos alunos aprender a realizar essas tarefas para que, quando um dia eles formarem uma família, estejam envolvidos desde o início e saibam que uma casa é uma questão de dois. Que não é uma questão de a mulher limpar, colocar a máquina de lavar louça e passar a ferro. Isto vai permitir que se tornem conscientes e saibam como se comportar em casa”, diz Gabriel citado pelo jornal argentino Clarín. Pais e professores são os responsáveis pelo ensino destas tarefas.
China limita número de videojogos para “evitar miopia” entre as crianças
Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à proteção da visão das crianças.
Lusa | 31.08.18
A China vai limitar o número de videojogos disponíveis na Internet do país, “para evitar a miopia”, uma doença que afeta muitas crianças e adolescentes chineses, avançou o ministério chinês da Educação. O novo regulamento foi anunciado na quinta-feira, logo após uma “importante diretriz” do Presidente chinês, Xi Jinping, que apelou à proteção da visão das crianças. As autoridades limitarão o número de videojogos na Internet, mas também o lançamento de novos produtos no mercado, segundo o comunicado do ministério da
Crianças, a aula vai começar: tirem os sapatos e vamos jogar
Abriu recentemente uma escola de ensino não-convencional para crianças do primeiro ciclo. O plano curricular é o mesmo do ensino público, mas o método e a filosofia são diferentes. O i foi à Ericeira conhecer a Skool
Jornal i | 03.07.18
Dizer sempre a verdade, tratar bem dos materiais, mexer nas janelas só com autorização, respeitar a vez para falar, falar com volume adequado – estas são algumas das 17 regras da Skool, uma escola de ensino não convencional na Ericeira vocacionada para o primeiro ciclo. Em nenhuma é usada a palavra não. “Quando elaborámos o documento com as regras da escola, a ideia era fazê-lo com uma ideia mais positiva. O não tem um efeito pesado e então foi um bom exercício para eles tentarem dizer as coisas de outra forma e vê-los desconstruir. Vivemos numa sociedade que negativiza muito as coisas”, defende ao i a coordenadora pedagógica e tutora – nome dado aqui a quem ensina – Cátia Zeferino, 33 anos. Tem a formação de qualquer outra professora de primeiro ciclo, mas percebeu que o método convencional não lhe enchia as medidas e começou a desenvolver outras metodologias.
A escola – Skool, como insistem que lhe chamemos – nasceu da mente de um grupo de 25 pais que estavam “fartos” do ensino convencional, explica ao i José Borralho, um dos pais, que é também o presidente. Tão fartos que decidiram não esperar mais e abrir ainda este ano letivo, a 14 de maio.
“Eles são muito mais livres aqui e nós, enquanto pais, gostamos disso”, continua. Criaram uma associação sem fins lucrativos e lançaram a Skool, que definem como “um espaço de apoio ao ensino doméstico” e que é frequentada por 14 crianças. “O regime de ensino doméstico é um regime em que os pais, tendo um determinado tipo de grau de escolaridade, assumem a responsabilidade pelo ensino dos seus filhos. Os pais inscrevem as crianças na escola primária do agrupamento a que pertencem – aqui é em Mafra –, mas dizem que a criança não vai frequentar o ensino público e vai estar em regime de ensino doméstico. A Skool surge como um espaço de apoio ao ensino doméstico. As pessoas que optam pelo ensino doméstico põem aqui as crianças e elas estão cá como se fosse uma escola”, explica José. Em Portugal, segundo os dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da Educação, existem 661 crianças neste regime.
Aqui ensina-se o plano curricular do ensino público, mas a filosofia e o método são diferentes. Os sapatos e a rigidez ficam à porta.
Cada um (mesmo) ao seu ritmo
À chegada à sala principal da Skool, os sapatos das crianças estão à porta. “Eles andam descalços ou de pantufas na sala, por questões de limpeza e de cuidado com o espaço, até porque às vezes sentam-se no chão… e quando entra alguém até costumam dizer que tem de tirar os sapatos”, conta José, entre risos.
Mas as diferenças vão muito mais longe: ao contrário da escola comum, aqui não há primeira, segunda, terceira ou quarta classes, nem turmas. Existem dois grupos – o de iniciação, que corresponde à primeira e segunda classes, e o de desenvolvimento, equivalente à terceira e quarta classes. Mas como funciona, afinal, este método? “De manhã estamos em sala, cada um a trabalhar no seu plano, de forma autónoma. À tarde trabalhamos mais coletivamente, em oficinas de expressão dramática, musical, físico–motora ou outras”, explica a tutora Cátia.
Comum aos dois momentos é o facto de o exterior da Skool, além das salas no seu interior, ser também um espaço de aprendizagem. “Fazemos muito trabalho lá fora”, acrescenta José Borralho. “Por exemplo, quando aprendem o que é o metro quadrado, podem ir lá fora desenhar no chão e aprendem assim”, descreve. Por não se limitar às ferramentas tradicionais – aqui, os livros não são a única fonte de informação e as mesas não são individuais, por exemplo – é que, nesta Skool, o ano letivo dura mais tempo. “Este método exige mais tempo e, por isso, fechamos apenas em agosto”, justifica a coordenadora pedagógica. Por outro lado, os períodos convencionais de férias não existem. “Cada família leva a criança de férias quando lhe dá jeito e isso não a prejudica porque cada uma tem o seu ritmo e o seu plano individual”, explica Cátia.
Outra questão que assume especial importância neste método é o lado humano e social. “Queremos que as crianças aprendam a matéria de forma relevante e que saiam daqui seres humanos”, nota José Borralho. Uma das ferramentas utilizadas para desenvolverem esse lado é a ida semanal ao lar da terra. “É bom não só pelo encontro de gerações, mas também porque muitas destas crianças não estão habituadas a estar com pessoas mais velhas. Ficam tensas e envergonhadas, e aprendem a lidar com isso. É uma oportunidade de trabalhar essas questões sociais”, assume Cátia.
Na parte da manhã, os alunos aprendem, cada um ao seu ritmo, as suas competências. A matéria está organizada por disciplinas, em dossiês guardados nas estantes da sala, ao alcance de todos. Cada dossiê exibe o número um ou dois – correspondente ao grupo de iniciação ou ao de desenvolvimento. Lá dentro, os tópicos da matéria estão organizados e as crianças seguem as indicações. Para realizarem as tarefas tanto recorrem a livros como à escola virtual ou a jogos. “No roteiro 1 de Português, por exemplo, para eles conseguirem trabalhar de uma forma autónoma, existem símbolos de correspondência entre o que está no dossiê e as tarefas propriamente ditas. Para aprender o dê, sabem que começam com um jogo porque veem o símbolo. E o primeiro contacto com essa letra é a imagem que expressa uma palavra que a contenha, como dado, por exemplo. A segunda tarefa é aprender a desenhar a letra. E por aí fora. Claro que têm muito mais vontade assim do que se ficarem manhãs inteiras a repetir letras”, explica Cátia.
Quanto aos trabalhos de casa, são combinados entre a escola e a família. “Há famílias que não querem, outras que sim, outras que querem só de uma disciplina”, conta Cátia. “Enquanto tutoras, estamos atentas, e se acharmos que as crianças precisam de trabalhos de casa avisamos.” Além de Cátia, há outra tutora, Luísa Paços, 43 anos.
E também é assim com os testes? “Não”, responde a tutora. “Claro que há testes, até porque as crianças têm de estar preparadas para tudo, para não se sentirem desconfortáveis. ‘Vou treinar’ é a expressão que utilizamos. E esse treino tem um objetivo muito específico: ver o que eles precisam de treinar mais para saberem melhor, e não fazer a avaliação num sentido competitivo e para ver quem sabe mais.”
Quando chegam ao final do percurso – depois de completarem todos os objetivos dos grupos de iniciação e de desenvolvimento –, as crianças passam para o ensino público e são submetidas a um exame para testar conhecimentos antes de ingressarem no quinto ano.
Por mensalidade, a escola cobra 245 euros. As inscrições para o próximo ano letivo estão abertas até 31 de julho.
A sala mágica
Ao lado da sala principal existe outra sala conhecida como sala mágica. “É uma sala onde nos reunimos para conversar, por exemplo”, esclarece a tutora Cátia.
A sala é um elemento determinante no desenvolvimento humano das crianças. Quando existe um conflito entre elas, e se não têm coragem de confrontar o outro no momento, é aqui que expõem as suas mensagens, que podem ser preocupações ou pensamentos. Mas é aqui que partilham também as suas alegrias.
Para tudo isso existe um quadro de cortiça dividido entre uma carinha sorridente, um envelope – que significa que a mensagem é secreta e destinada apenas a uma pessoa – e uma carinha triste. Às crianças, basta-lhes que coloquem a sua mensagem no sítio certo. “Eu gostei muito de vir para esta Skool”, lê-se num dos bilhetes, assinado pela Alice.
Site ajuda autistas a aprenderem matemática
Esta é a primeira plataforma do género em português e foi criada por Isabel Santos.
Lusa | 28.06.18
Um “site” criado na Universidade de Aveiro permite ajudar crianças com perturbação do espectro do autismo (PEA) a desenvolver o raciocínio matemático e auxiliá-las na leitura e na linguagem, revelou esta quinta-feira fonte académica. Denominado LEMA (das iniciais em inglês de Learning Environment on Mathematics for Autistic children), trata-se da primeira plataforma do género em português e foi criada por Isabel Santos, durante o seu doutoramento em Multimédia em Educação na Universidade de Aveiro (UA), com o objetivo de ajudar à aprendizagem da matemática.
“Os resultados obtidos nas sessões de aferição com crianças e com professores e educadores da Educação Especial permitem assumir o LEMA como um importante instrumento de apoio à promoção do desenvolvimento do raciocínio matemático em crianças com PEA”, congratula-se Isabel Santos. Para além da Matemática, o LEMA é também um auxiliar aos desenvolvimentos da linguagem e leitura, do planeamento, da memorização, da gestão de emoções, da atenção e concentração e da interação entre pares.
“O ambiente digital poderá constituir-se como um instrumento pedagógico relevante para a premissa de uma escola inclusiva, garantindo o acesso e equidade de crianças com PEA ao processo de ensino e de aprendizagem, preparando a sua transição para uma vida ativa em sociedade”, salienta Isabel Santos.
Destinado a crianças entre os 6 e os 12 anos diagnosticadas com PEA, o LEMA contém dois perfis de utilizadores: um para o educador e outro para a criança. Integra 32 classes de atividades de matemática, cada uma delas subdividida em cinco subclasses, de acordo com níveis de dificuldade. A plataforma permite a seleção personalizada de uma até dez classes e subclasses de atividades, tendo em conta o perfil funcional do aluno, bem como a visualização do registo de desempenho de cada aluno na realização das atividades propostas por parte do educador.
O número de alunos diagnosticados com PEA tem aumentado nas últimas décadas em Portugal. O estudo mais recente realizado pela Federação Portuguesa de Autismo, referente a 2011 e 2012, indica uma prevalência de 15,3 crianças/jovens diagnosticadas com PEA em
França proíbe telemóveis nas escolas
A Assembleia Nacional francesa aprovou, esta quinta-feira, uma “interdição efetiva” de telemóveis nas escolas públicas e privadas do ensino básico e secundário do país, a partir do próximo ano letivo.
Jornal de Notícias | 07.06.18
A medida é descrita pelo governo como “um sinal para a sociedade”, escreve o francês “Le Monde”. Segundo o jornal, a proposta de lei foi aprovada com os votos a favor dos partidos La République en Marche (LRM), do presidente Emmanuel Macron, Movimento Democrático e União dos Democratas e Independentes. Os restantes partidos consideraram que a proposta do Governo é “inútil”, um “embuste” e “uma simples operação de comunicação”.
O ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, fala numa “medida de desintoxicação” para combater a distração na sala de aula e o “bullying”. Segundo o governante, a nova lei envia “um sinal à sociedade francesa” e alegou que “estar aberto às tecnologias do futuro não significa aceitá-las para todos os efeitos”, enumerando uma série de “maus usos”, como o cyberbullying, a consulta de sites pornográficos e o vício dos ecrãs. À “lista negra”, o ministro da Justiça, François Bayrou, acrescenta o aumento de roubos de telemóveis, extorsão e obsessão com marcas da moda.
De acordo com os últimos dados, em França, mais de 90% das crianças com 12 anos ou mais têm pelo menos um telemóvel.
A nova lei permite às escolas decidirem o modo como querem aplicar a proibição, podendo obrigar os alunos a colocarem os dispositivos em bolsas específicas dentro das mochilas escolares, mas permitindo o acesso em caso de emergência ou uso pedagógico, ou proibir a sua utilização por completo, sob a pena de sanções.
Um representante do sindicato dos professores UNSA, Stephane Crochet, disse à rádio RTL considerar a inclusão dos adultos na proposta de lei um insulto e um risco de segurança.
Conhecidos os dez finalistas na corrida para o melhor professor
Já são conhecidos os dez finalistas do Global Teacher Prize Portugal, que pretende premiar professores excecionais. O vencedor, que será anunciado a 16 de maio, recebe 30 mil euros e fica automaticamente nomeado para o concurso mundial que se realiza em 2019. Para esta edição foram apresentadas 110 candidaturas.
Jornal de Notícias | 26.04.18
O objetivo do Global Teacher Prize, promovido pela Fundação Varkey e conhecido como o “Nobel da Educação”, é premiar professores que se tenham destacado pelo trabalho excecional e contribuído para a valorização da profissão.
Este é o primeiro ano em que Portugal participa, o prémio começou a ser atribuído em 2015. O vencedor a nível mundial recebe um milhão de dólares (mais de 821 mil euros ao câmbio atual).
Sete dos finalistas portugueses são professores do ensino público, os restantes três do privado, e abrangem todos os níveis de ensino, do pré-escolar ao secundário. Há também duas professoras do ensino especial.
Os finalistas são (por ordem alfabética):
Celso Costa é professor de Ciências e Humanidades do 3.º ciclo e secundário, do ensino privado, no Porto. Para além das aulas, desenvolveu um programa – o CSS Program – direcionado para o treino de competências transversais que possam capacitar alunos, neste momento entre o 9.º e o 12.º ano de escolaridade, para uma adaptação bem-sucedida ao mercado de trabalho.
Dulce Gonçalves é professora do Ensino Especial no 3.º ciclo e secundário, do ensino público, no concelho de Loures. Criou o projeto “Mentes Sorridentes”, baseado em “mindfulness”, com o objetivo de aumentar os níveis de atenção e concentração na sala de aula, com reflexo no aproveitamento escolar e diminuir o número de ocorrências de natureza disciplinar.
Jaime Rei é professor de Ciências e Robótica nos 7.º e 8.º anos, do ensino público, em Torres Vedras. A possibilidade de criar projetos em que os alunos se sintam úteis na sociedade, assim como lhes proporcionar a possibilidade de serem os atores principais na construção dos materiais e saberes a desenvolver nos projetos, é altamente transformadora na forma como os estes se realizam e na forma como olham para a escola.Tem alunos vencedores em concursos nacionais e internacionais.
Joana Simas é professora de História dos 5.º e 6.º anos, no ensino privado, na Amadora. Trabalha a integração crescente da tecnologia nos projetos que desenvolvo ao redor do currículo de História e Geografia de Portugal. Os alunos usam tópicos como a Revolução Francesa, recriando batalhas em “Minecraft”, criam bandas desenhadas no “Comics Head” para representar a Revolução Liberal, ou animações no “PuppetMaster” para recriarem a Queda da Monarquia e a Instauração da República.
José Teixeira é professor de Ciências, no Ensino Secundário, do ensino público, em Chaves. Há 12 anos fundou, na Escola Secundária Fernão de Magalhães, o Clube do Ensino Experimental das Ciências (CEEC), com o intuito de conciliar ambas as vias de aprendizagem, formal e não formal. O projeto é aberto à comunidade, às iniciativas dos alunos e/ou professores, de custos muito reduzidos e que aproveita o material das escolas. É interdisciplinar, transversal e ajuda os alunos a encontrar a sua vocação.
Maria João da Silva Passos, Porte de Lima, é professora de Matemática e Ciências do 5.º e 8.º anos, do ensino público, em Ponte de Lima. A utilização dos surfaces com caneta (pen), dos telemóveis e das aplicações educacionais do office 365 permitiram-lhe desenvolver práticas educacionais mais inovadoras e motivadoras para os alunos. Tem feito workshops com os Encarregados de Educação com o intuito de lhes explicar, através da metodologia de trabalho que utiliza, o modo como podem ajudar os seus filhos/educandos a estudar em casa bem como a aprenderem, cada um ao seu ritmo.
Maria Francisca Serra é professora do Primeiro Ciclo, do ensino privado, em Lisboa. Desenvolve uma abordagem que parte da fusão entre a ciência e a criatividade. Tudo começa por adotar uma atitude, independente dos alunos ou do contexto, que valoriza a capacidade de criar relações inesperadas entre conteúdos distintos. Passa pela criação de um ambiente quase utópico em sala de aula, assente no respeito e na liberdade, estimulando os alunos a propor hipóteses, experimentar teorias, debater ideias e inventar soluções.
Maria Cristina Simões é professora de Ensino Especial, no 1.º ciclo do ensino público, em Tondela. Trabalha práticas educacionais inovadoras, pois assentam na implementação do constructo da qualidade de vida aos alunos que apoia, com base em oito domínios: desenvolvimento pessoal, autodeterminação, relações interpessoais, inclusão social, direitos, bem-estar emocional, bem-estar físico e bem-estar material. Como metas, pretende desenvolver a independência, a participação social e o bem-estar dos seis alunos com quem trabalha. Este modelo tem vindo a ser amplamente trabalhado em termos internacionais.
Nelson Soares é professor do pré-escolar, no ensino público, em Ponta Delgada. Na qualidade de educador de infância desenvolveu investigação-ação em contexto de sala de atividades, tendo em conta problemáticas que ia encontrando junto dos alunos. As questões alusivas ao género e à cidadania entram na escola por intermédio das crianças, integrando o quotidiano escolar. Porém, subsistem dificuldades na sua abordagem, bem como muitas vezes este assunto é “esquecido”. Para colmatar estes pontos, criou um conjunto de atividades, visando a desconstrução de estereótipos de género.
Rosa Oliveira é professora de Português, no 3.º ciclo e secundário do ensino público, em Aveiro. O projeto que desenvolve, “Narrativas de Vida” tem por objetivo ajudar os alunos a lidar com seus problemas, comprometendo-os com a escola, a família e comunidade. Numa abordagem inclusiva, dinamiza oficinas de escrita com base em memórias / histórias da vida, permitindo conhecer melhor os alunos. Tem desenvolvido desde 2010 um método de investigação que auxilia a suplantar a escolarização com imaginação e criatividade, dando aos alunos a possibilidade de terem acesso à sua vocação literária natural e de recuperar o gosto por aprender, através do “educurar”: isto é, educar e ao mesmo tempo curar.
Professores – O novo braço armado de Trump
Para Donald Trump tudo na vida parece um filme ou um jogo de computador. Não percebe o que está a fazer às novas gerações. Só assim se explica esta nova decisão de tornar os professores de todas as escolas do país no seu novo braço armado.
Jornal i| 23.02.18
Como todos já sabem, a maioridade nos Estados Unidos da América só se completa aos 21 anos, idade em que as pessoas adquirem todos os direitos e deveres na sociedade. Até lá – e desde os 16 – existe um gradual depósito de responsabilidade nos cidadãos. Não é novidade para ninguém que, por lá, o consumo de álcool só é permitido depois de completo esse processo. Mas para fumar ou ter a posse de uma arma de fogo as exigências são bem menores. Partimos, por isso, do princípio que só atingindo a maioridade achamos que uma pessoa está completamente habilitada a corresponder de uma forma equilibrada na sociedade: poder andar aos tiros será uma coisa de somenos.
A verdade é que os lobbies das armas mandam no país e essas mesmas armas têm que ser escoadas para algum lado, porque existem muitos milhões para faturar e com eles untar uma série de políticos e também, porque não dizê-lo, de pseudo ativistas que criaram autênticos negócios baseados na chantagem que fazem ao poder instituído. Se não existe uma guerra de momento – porque nem para criar uma este Donald teve jeito – tem que se abrir uma nova frente de utilização do produto. Retirar a possibilidade de em alguns Estados as crianças de qualquer idade poderem usar uma arma de fogo desde que acompanhadas pelos pais? Restringir o uso e a sua posse, filtrar os licenciamentos e reduzir o armamento ? Claro que não, é mais fácil armar mais uns quantos para a coisa ficar mais equilibrada.
Num país onde é proibida a venda de um chocolate “kinder surpresa” (porque a criança pode ter uma boca suficientemente grande para se engasgar com o ovo laranja que contém no interior ), vemos um vídeo de uma criança de 13 anos a chorar de emoção por receber dos seus pais uma Beretta 686 – que é “só” uma espingarda de canos sobrepostos usada para caça e desporto, mas que te fura de um lado ao outro se preciso for. Ah e tal, mas só pode usar na presença deles. Claro que sim, os resultados estão à vista. Em média, há um tiroteio por semana (que se saiba ) numa escola americana. Tornou-se já tão banal que não abre telejornais, só quando há mortes significativas.
E para resolver o assunto das crianças armadas o que fazemos? Armamos os professores até ao nó para ser justo. Assim, de cada vez que uma criança sacar da sua arma numa sala de aula, do outro lado teremos um formador que, através de um balázio, lhe explicará que não é bonito andar por aí aos tiros. Penso até que a próxima decisão do Trump será autorizar o uso de trincheiras nas salas e nos pátios e obrigar os auxiliares a usar coletes à prova de bala, não vá o Diabo tecê-las. Existe ainda a possibilidade de se abrir uma secção no refeitório de tiro ao prato para que os mais afoitos possam praticar educadamente sem atirar em pessoas.
É absolutamente surreal a forma como as pessoas são induzidas e se deixam levar. A desculpa para o armamento? Se existir um ataque terrorista, as pessoas estarão mais preparadas para reagir. Claro que sim. Vejo um carro a despistar-se na minha direção e de imediato saco da “Glock” que carrego no coldre, não vá essa senhora desgovernada ser uma discípula de Alá que nos vem atropelar a todos. Se não for azar, tivesse mais cuidado. Em seguida sopro na ponta do cano para afastar o fumo e, qual Lucky Luke, dou-lhe meia volta e guardo-a enquanto conserto o chapéu de cowboy. O circo está montado. Felizmente que, por cá, a nossa cultura é bem desenvolvida nesse aspeto e o acesso a armas de fogo é muito restrito e condicionado. Também não estou a imaginar a minha professora de Físico-Química a chegar com uma “Kalashnikov” debaixo do braço entre a carteira e o casaco…Parece um episódio do “Family Guy” mas não. É a realidade que temos…Enquanto isso, morrem centenas de jovens todos os anos e ninguém faz nada.
José Paulo do Carmo