À procura de jovens autores e ilustradores no secundário
Público | 28.11.12
Concurso promovido pela Nissan quer premiar novos talentos. No Japão existe há 29 anos e chega agora a Portugal com o apoio do Plano Nacional de Leitura.
Pela primeira vez em Portugal, aliás, na Europa, o concurso japonês da Nissan Jovens Autores de Histórias Ilustradas vai arrancar com o objectivo de premiar jovens talentos na escrita e na ilustração, a encontrar nas escolas secundárias do país.
Todas as escolas, públicas e privadas, com ensino secundário podem concorrer. O concurso foi apresentado esta quarta-feira, em Lisboa. O tema é a "mobilidade sustentável". Marco Toro, director-geral da Nissan em Portugal, explica que a empresa "tem como visão melhorar a vida das pessoas, criando, para isso, soluções de mobilidade cada vez mais amigas do ambiente". Por isso, as histórias e ilustrações devem centrar-se nesta ideia, o que não significa que tenham de ter carros ou motores.
Os alunos poderão participar desde que tenham até 21 anos. Primeiro, o concurso decorre na escola, e em duas fases. Na primeira, as histórias são escritas e apresentadas a um júri do estabelecimento de ensino, que selecciona a melhor. Depois, cabe à escola avançar para o concurso de ilustração da história vencedora, seleccionando o melhor trabalho. Segundo o regulamento, também são admitidos projectos produzidos por dois alunos, independentemente de serem ou não da mesma turma. Cada trabalho não poderá exceder as dez páginas e deverão ser enviados por correio electrónico já maquetados, prontos para serem editados.
Esses trabalhos chegarão a um júri nacional de que fazem parte o escritor António Torrado, o ilustrador Paulo Buchinho e elementos dos parceiros deste projecto – o Plano Nacional de Leitura (PNL), a Leya e o PÚBLICO – e ainda representantes da Sociedade Portuguesa de Autores e da Sociedade Nacional de Belas-Artes, além de um responsável da Nissan.
Caberá a este júri escolher a melhor história, a melhor ilustração e o melhor conjunto (história e ilustração). Os trabalhos admitidos a concurso estarão ainda numa plataforma gerida pela Nissan e podem ser votados pela comunidade registada na página oficial da Nissan no Facebook. Ao todo, serão escolhidos dez trabalhos, incluindo os dos vencedores, e todos ganharão uma visita ao Nissan Design Center, em Londres, com fim-de-semana livre e alojamento incluído. Além disso, os trabalhos serão editados pela Leya.
O que vai diferenciar os vencedores dos restantes trabalhos escolhidos é que os que tiverem a melhor história e a melhor ilustração – que não serão necessariamente da mesma escola ou agrupamento – vão poder publicar, no próximo ano, um livro em conjunto em que farão uma história original com ilustração. O objectivo é descobrir novos talentos e contribuir para que permaneçam no mercado. "Gostaríamos muito de ver que, como resultado desta iniciativa, alguns alunos descobrissem a sua vocação", refere Marco Toro.
Na cerimónia de apresentação, o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho, admite que, neste momento de crise no país, "é uma boa contribuição aquele olhar crítico de um jovem". E acrescenta: "Precisamos de começar a ver o futuro pelos olhos dos jovens e é a interpretação da forma como eles vêem o futuro que nos ajuda muitas vezes a definir algumas metas e a corrigir caminhos".
Fernando Pinto do Amaral, comissário do PNL, refere que é a partir dos 2.º e 3.º ciclos, e depois no secundário, que há uma quebra da leitura. Por isso, "uma actividade deste género serve para estimular esses jovens", acredita.
A intenção é que o projecto se repita anualmente, mas com diferentes temas a cada ano ligados à cultura e ao sector de automóveis. O concurso vai ser lançado no próximo dia 3 de Dezembro nas escolas. Em Junho do próximo ano, serão entregues os prémios.
Mas a iniciativa não termina aqui, de Outubro a Março do próximo ano, em escolas, associações ou fundações, os membros do júri e outras figuras públicas andarão pelo país em sessões de leitura das histórias vencedoras.
Tim Burton e Oliveira no Plano Nacional de Cinema que começa em 23 escolas
Público | 21.09.12
Obras de cineastas como Charlie Chaplin, Tim Burton, François Truffaut, Steven Spielberg, Martin Scorsese, Abbas Kiarostami, Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Luís Filipe Rocha, Edgar Pêra, João Salaviza, Regina Pessoa fazem parte do programa do Plano Nacional de Cinema (PNC), criado pela Secretaria de Estado da Cultura e pelo Ministério da Educação e Ciência, que foi apresentado nesta sexta-feira de manhã, na Cinemateca, em Lisboa.
Francisco José Viegas salientou que esta lista de filmes não resultou de gostos pessoais, foi um trabalho que envolveu também agentes do sector "Não houve nenhuma preocupação de instituir uma quota para o cinema português, mas a lista tem mais de 50 por cento de filmes portugueses", acrescentou o secretário de Estado da Cultura.
O Plano Nacional de Cinema começa a funcionar este ano lectivo em 23 escolas do ensino básico e secundário, públicas e privadas, em todos os distritos, na forma de um plano piloto que abrangerá cerca de três mil alunos.
Haverá uma escola por cada distrito, duas no do Porto, três no de Lisboa e três no de Faro. A escolha das escolas, explicou na cerimónia a secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite, decorreu primeiro de um processo de consulta aos estabelecimentos de ensino e de uma selecção posterior entre aquelas que manifestaram interesse em participar. Em cada uma dessas escolas, o plano será desenvolvido por um professor coordenador, sob a direcção e com a responsabilidade do director da escola ou do agrupamento.
O programa do Plano Nacional de Cinema abrange longas e curtas-metragens de vários géneros – cinema mudo, westerns, musicais, cinema de animação e documentário. O que lhe serviu de base foi o Programa JCE – Juventude Cinema na Escola, que existe desde 1998, e foi dirigido por Graça Lobo, antiga responsável pelo Cineclube de Faro, que coordena agora o PNC e esteve na conferência de imprensa ao lado do Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, e de Isabel Leite.
O PNC está inscrito na recém-aprovada Lei do Cinema e do Audiovisual, com o objetivo de impulsionar a criação de novos públicos através da promoção de "um programa de literacia para o cinema junto do público escolar para a divulgação de obras cinematográficas de importância histórica".
Querem "ter adolescentes que daqui a alguns anos saiam das escolas a saber que o cinema não começou com Tarantino, não começou com os filmes de há dois ou três anos. Tem uma história, tem património comum", explicou Viegas. Irão aproveitar a rede de cineteatros, cineclubes e auditórios do país, e os custos sobre direitos de exibição de obras cinematográficas serão suportados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual. tal como estava previsto na nova lei.
No próximo ano lectivo, o plano poderá ser alargado a mais escolas do país, que se queiram associar ao projecto, e aos restantes níveis de escolaridade, incluindo os primeiros anos do ensino básico. E está também a ser preparada a criação de um Plano Nacional da Música, adiantou o secretário de Estado da Cultura.
Filmes do Plano Nacional de Cinema
Público | 21.09.12
Lista dos filmes incluídos no Plano Nacional de Cinema, apresentado em Lisboa, nesta sexta-feira, e que vai arrancar numa primeira fase em 23 escolas de todo o país.
5.º ano
– "Estória do Gato e da Lua", de Pedro Serrazina (Portugal, 1995)
– "O Estranho Mundo de Jack", de Henry Selick, escrito e produzido por Tim Burton (EUA, 1993)
– "A Bola", de Orlando Mesquita Lima (Moçambique, 2001)
– "Com Quase Nada", de Margarida Cardoso e Carlos Barroco (Portugal e Cabo Verde, 2000)
– "Aniki-Bobó", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1942)
– "As coisas lá de Casa", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 2003)
6.º ano
– "O Garoto de Charlot", de Charles Chaplin (EUA, 1921)
– "ET, o Extraterrestre", de Steven Spielberg (EUA, 1982)
– "Diz-me Onde Fica a Casa do Meu Amigo", de Abbas Kiarostami (Irão, 1987)
7.º ano
– "História Trágica com Final Feliz", de Regina Pessoa (Portugal, 2005)
– "A Noiva Cadáver", de Tim Burton (EUA, 2005)¿
– "Saída de Pessoal Operário da Camisaria Confiança", de Aurélio da Paz dos Reis (Portugal, 1896)
– "A Invenção de Hugo", de Martin Scorsese (EUA, 2011)
– "Serenata à Chuva", de Stanley Donen (EUA, 1852)
– "Shane", de George Stevens (EUA, 1953)
8.º ano
– "Adeus, Pai", de Luís Filipe Rocha (Portugal, 1996)
– "Eduardo, Mãos de Tesoura", de Tim Burton (EUA, 1990)
9.º ano
– "Romeu + Julieta", de Baz Luhrman (EUA, 1996)
– "A Suspeita", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 1999)
– "O Barão", de Edgar Pêra (Portugal, 2011)
– "Um Outro País", de Sérgio Tréfaut (Portugal, 1999)
10.º ano
– "Persépolis", de Marjane Satrapi e Vicent Paronnaud (França, 2004)
– "A Noite", de Regina Pessoa (Portugal, 1999)
– "Douro, Faina Fluvial", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1931)
– "Jaime", de António Reis (Portugal, 1974)
– "Rafa", de João Salaviza (Portugal, 2012)
– "Luzes da Cidade", de Charles Chaplin (EUA, 1931)
11.º ano
– "Os 400 Golpes", de François Truffaut (França, 1959)
– "Senhor X", de Gonçalo Galvão Teles (Portugal, 2010)
– "A Esquiva", de Abdelatlif Kechiche (França, 2004)
12.º ano
– "Belarmino", de Fernando Lopes (Portugal, 1964)
– "Fado Lusitano", de Abi Feijó (Portugal, 1995)
– "Os Respigadores e a Respigadora", de Agnès Varda (França, 2000)
– "Viagem à Lua", de Georges Méliès (França, 1902)
– "O Estranho Caso de Angélica", de Manoel de Oliveira (Portugal, 2010)¿
– "Os Salteadores", de Abi Feijó (Portugal, 1993)
– "A Cortina Rasgada", de Alfred Hitchcock (EUA, 1966)
Tim Burton e Oliveira no Plano Nacional de Cinema que começa em 23 escolas
Público | 21.09.12
Obras de cineastas como Charlie Chaplin, Tim Burton, François Truffaut, Steven Spielberg, Martin Scorsese, Abbas Kiarostami, Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Luís Filipe Rocha, Edgar Pêra, João Salaviza, Regina Pessoa fazem parte do programa do Plano Nacional de Cinema (PNC), criado pela Secretaria de Estado da Cultura e pelo Ministério da Educação e Ciência, que foi apresentado nesta sexta-feira de manhã, na Cinemateca, em Lisboa.
Francisco José Viegas salientou que esta lista de filmes não resultou de gostos pessoais, foi um trabalho que envolveu também agentes do sector "Não houve nenhuma preocupação de instituir uma quota para o cinema português, mas a lista tem mais de 50 por cento de filmes portugueses", acrescentou o secretário de Estado da Cultura.
O Plano Nacional de Cinema começa a funcionar este ano lectivo em 23 escolas do ensino básico e secundário, públicas e privadas, em todos os distritos, na forma de um plano piloto que abrangerá cerca de três mil alunos.
Haverá uma escola por cada distrito, duas no do Porto, três no de Lisboa e três no de Faro. A escolha das escolas, explicou na cerimónia a secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite, decorreu primeiro de um processo de consulta aos estabelecimentos de ensino e de uma selecção posterior entre aquelas que manifestaram interesse em participar. Em cada uma dessas escolas, o plano será desenvolvido por um professor coordenador, sob a direcção e com a responsabilidade do director da escola ou do agrupamento.
O programa do Plano Nacional de Cinema abrange longas e curtas-metragens de vários géneros – cinema mudo, westerns, musicais, cinema de animação e documentário. O que lhe serviu de base foi o Programa JCE – Juventude Cinema na Escola, que existe desde 1998, e foi dirigido por Graça Lobo, antiga responsável pelo Cineclube de Faro, que coordena agora o PNC e esteve na conferência de imprensa ao lado do Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, e de Isabel Leite.
O PNC está inscrito na recém-aprovada Lei do Cinema e do Audiovisual, com o objetivo de impulsionar a criação de novos públicos através da promoção de "um programa de literacia para o cinema junto do público escolar para a divulgação de obras cinematográficas de importância histórica".
Querem "ter adolescentes que daqui a alguns anos saiam das escolas a saber que o cinema não começou com Tarantino, não começou com os filmes de há dois ou três anos. Tem uma história, tem património comum", explicou Viegas. Irão aproveitar a rede de cineteatros, cineclubes e auditórios do país, e os custos sobre direitos de exibição de obras cinematográficas serão suportados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual. tal como estava previsto na nova lei.
No próximo ano lectivo, o plano poderá ser alargado a mais escolas do país, que se queiram associar ao projecto, e aos restantes níveis de escolaridade, incluindo os primeiros anos do ensino básico. E está também a ser preparada a criação de um Plano Nacional da Música, adiantou o secretário de Estado da Cultura.
Filmes do Plano Nacional de Cinema
Público | 21.09.12
Lista dos filmes incluídos no Plano Nacional de Cinema, apresentado em Lisboa, nesta sexta-feira, e que vai arrancar numa primeira fase em 23 escolas de todo o país.
5.º ano
– "Estória do Gato e da Lua", de Pedro Serrazina (Portugal, 1995)
– "O Estranho Mundo de Jack", de Henry Selick, escrito e produzido por Tim Burton (EUA, 1993)
– "A Bola", de Orlando Mesquita Lima (Moçambique, 2001)
– "Com Quase Nada", de Margarida Cardoso e Carlos Barroco (Portugal e Cabo Verde, 2000)
– "Aniki-Bobó", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1942)
– "As coisas lá de Casa", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 2003)
6.º ano
– "O Garoto de Charlot", de Charles Chaplin (EUA, 1921)
– "ET, o Extraterrestre", de Steven Spielberg (EUA, 1982)
– "Diz-me Onde Fica a Casa do Meu Amigo", de Abbas Kiarostami (Irão, 1987)
7.º ano
– "História Trágica com Final Feliz", de Regina Pessoa (Portugal, 2005)
– "A Noiva Cadáver", de Tim Burton (EUA, 2005)
– "Saída de Pessoal Operário da Camisaria Confiança", de Aurélio da Paz dos Reis (Portugal, 1896)
– "A Invenção de Hugo", de Martin Scorsese (EUA, 2011)
– "Serenata à Chuva", de Stanley Donen (EUA, 1852)
– "Shane", de George Stevens (EUA, 1953)
8.º ano
– "Adeus, Pai", de Luís Filipe Rocha (Portugal, 1996)
– "Eduardo, Mãos de Tesoura", de Tim Burton (EUA, 1990)
9.º ano
– "Romeu + Julieta", de Baz Luhrman (EUA, 1996)
– "A Suspeita", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 1999)
– "O Barão", de Edgar Pêra (Portugal, 2011)
– "Um Outro País", de Sérgio Tréfaut (Portugal, 1999)
10.º ano
– "Persépolis", de Marjane Satrapi e Vicent Paronnaud (França, 2004)
– "A Noite", de Regina Pessoa (Portugal, 1999)
– "Douro, Faina Fluvial", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1931)
– "Jaime", de António Reis (Portugal, 1974)
– "Rafa", de João Salaviza (Portugal, 2012)
– "Luzes da Cidade", de Charles Chaplin (EUA, 1931)
11.º ano – "Os 400 Golpes", de François Truffaut (França, 1959)
– "Senhor X", de Gonçalo Galvão Teles (Portugal, 2010)
– "A Esquiva", de Abdelatlif Kechiche (França, 2004)
12.º ano
– "Belarmino", de Fernando Lopes (Portugal, 1964)
– "Fado Lusitano", de Abi Feijó (Portugal, 1995)
– "Os Respigadores e a Respigadora", de Agnès Varda (França, 2000)
– "Viagem à Lua", de Georges Méliès (França, 1902)
– "O Estranho Caso de Angélica", de Manoel de Oliveira (Portugal, 2010)
– "Os Salteadores", de Abi Feijó (Portugal, 1993)
– "A Cortina Rasgada", de Alfred Hitchcock (EUA, 1966)
Tribunal de Contas censura contratos de informatização das escolas do anterior governo
Dinheiro Vivo | 28.03.12
O Tribunal de Contas (TC) divulgou hoje as conclusões de uma auditoria ao Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE), entretanto extinto, e que tinha sido criado no governo de José Sócrates para produzir e analisar estatísticas no âmbito do Ministério da Educação.
A atenção da instituição presidida por Guilherme d’Oliveira Martins recaiu no acompanhamento feito pelo GEPE à execução do Plano Tecnológico da Educação (PTE). O PTE tinha como objetivo equipar as escolas com as novas tecnologias de informação.
O TC criticou diversas práticas na contratação de serviços jurídicos e de assessoria técnica aos projetos do plano de informatização das escolas, nomeadamente o recurso ao ajuste direto.
As despesas de assessoria jurídica ascenderam a quase 1,3 milhões de euros, com os contratos a serem invariavelmente atribuídos a dois escritórios de advogados: Vieira de Almeida (cinco contratos) e Sérvulo Correia (18 contratos). O TC diz que apesar da censura à situação em causa, por ausência, na ocasião, de regras sobre a matéria, "entende-se não imputar responsabilidades individuais pelo procedimento adotado".
Já em relação a outros contratos, o TC formula uma "opinião globalmente desfavorável", avisando tratarem-se de situações "suscetíveis de constituir eventual responsabilidade financeira sancionatória".
Idêntico entendimento é feito em relação a contratos de assistência técnica – à exceção de um com a A.T. Kearney Portugal -, em que "atentos os factos e as alegações apresentadas entende-se que é de relevar a inerente responsabilidade financeira sancionatória".
O Tribunal de Contas também censurou a forma como foi acompanhada a execução do contrato de 51,9 milhões de euros com a PT para instalar "banda larga" nas escolas. Escreve o TC que o prazo de execução da empreitada terminou em julho de 2009, não tendo sido concluídas 257 escolas. A PT diz que concluirá, sem quaisquer encargos adicionais, a implementação do projeto, mas o TC censura o facto de o Estado não ter exigido as penalidades contratualmente previstas por incumprimento do prazo.
A concluir, o Tribunal de Contas recomendou à Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência que, entre outras entidades, sucedeu nas atribuições do GEPE, a adoção de quatro medidas para evitar a repetição destes factos, nomeadamente procurar maiores poupanças, mais transparência e concorrência e melhor fiscalização dos contratos.
Esta auditoria do Tribunal de Contas segue-se a uma outra, também relativa à atuação do Ministério da Educação no governo de José Sócrates, sobre o projeto do Parque Escolar, em que concluiu que houve um desvio colossal entre as despesas inicialmente orçamentadas e aquelas que o Estado teve de pagar a final.
Filmes que deveriam ser mostrados nas escolas
Publico | 23.04.12
Portugal vai ter um Plano Nacional do Cinema. Que filmes deverão fazer parte? Dez personalidades aceitaram sugerir ao PÚBLICO um top ten de filmes e realizadores do cinema nacional e mundial.
"Os Verdes Anos", um filme de 1963 realizado por Paulo Rocha, o documentário Belarmino, que Fernando Lopes fez no ano seguinte, tendo-se tornado ambos bandeiras do Cinema Novo, e também "Recordações da Casa Amarela" (1989), de João César Monteiro, estão no topo da lista do cinema português que deve ser mostrado nas escolas, segundo a opinião de dez personalidades da cultura convidadas pelo PÚBLICO a escolher os dez filmes nacionais, e outros tantos do cinema mundial, que devem vir a integrar o Plano Nacional do Cinema (PNC).
No ranking do cinema estrangeiro, os dois filmes que colheram mais nomeações foram o clássico do neorrealismo italiano "Ladrões de Bicicletas" (1948), de Vittorio De Sica, e a comédia que o francês Jacques Tati realizou uma década depois, "O Meu Tio" (1958), na qual satiriza a vida moderna e urbana.
A criação de um PNC foi anunciada no início de março pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, apontando para a sua entrada em vigor no ano letivo 2013/14. O objetivo de fazer entrar a arte e a história do cinema nos currículos escolares é também referido, de passagem, no projeto da nova Lei do Cinema, que a SEC tem atualmente em consulta pública.
Quando Viegas prometeu o novo PNC, numa visita a uma escola de Trás-os-Montes, associou-o ao modelo do já existente Plano Nacional de Leitura. E acrescentou que ele terá por base um catálogo de cem filmes, que, além da componente educativa – "os estudantes devem perceber que o cinema não começou há cinco anos, começou há cem", disse Viegas, segundo o relato da Lusa -, servirá igualmente para formar novos espectadores.
O gabinete de comunicação da SEC explicitou depois ao PÚBLICO que o PNC irá resultar de um trabalho conjunto dos responsáveis da Cultura com o Ministério de Educação, a que se associará a Cinemateca Portuguesa, pois será do seu arquivo que sairão os filmes a disponibilizar às escolas. "O objetivo é criar uma filmoteca digital, com uma maioria de filmes portugueses, que seja acessível às escolas", disse João Villalobos, assessor de Viegas, explicando que os filmes a selecionar deverão ter conteúdos que "correspondam aos programas letivos e pedagógicos do ensino básico e secundário, entre o 7.º e o 12.º ano".
Foi com base nesta carta de intenções que o PÚBLICO desafiou uma dezena de figuras a propor o catálogo de filmes que consideram dever entrar nas salas de aula – algo que os professores já fazem hoje em dia, mas por iniciativa individual e de forma mais ou menos casuística. Das personalidades contactadas , aceitaram responder o ensaísta Eduardo Lourenço, o poeta e comissário do Plano Nacional de Leitura Fernando Pinto do Amaral, a atriz , realizadora e deputada independente pelo PS Inês de Medeiros, o diretor do Museu de Serralves, João Fernandes, os realizadores João Salaviza e Jorge Silva Melo, o escritor Manuel António Pina, o arquiteto Nuno Portas, o crítico e ex-diretor da Cinemateca Pedro Mexia e a professora de Literatura Rosa Maria Martelo.
Houve várias pessoas que não quiseram responder, por razões diversas. Entre elas, a escritora e ex-ministra da Educação Isabel Alçada, que, contudo, deixou alguns alertas relativamente ao projeto . "Um plano não pode ser só uma lista, para além de que esta é sempre reducionista", disse a ex-governante da equipa de José Sócrates. E reclamou "condições para que os professores possam escolher" os filmes a mostrar, além de referir que o catálogo deve ser organizado por "especialistas que conheçam os programas pedagógicos e educativos".
A dificuldade de condensar mais de um século da história do cinema numa lista de apenas 20 títulos foi a objeção mais vezes referida pelos que aceitaram, apesar de tudo, fazer o seu catálogo. Eduardo Lourenço chegou mesmo a dizer que, com este limite, se via obrigado a "fazer uma guerra" contra filmes de que tanto gosta e que lhe parecem fundamentais para a escola. "Cheguei a ponderar escolher dez filmes do Chaplin", gracejou o autor de Heterodoxia. Outros quiseram acompanhar as suas listas de pequenas notas justificativas (ver na edição online), que assumem o carácter subjetivo da escolha e a prioridade do gosto pessoal, que nalguns casos se terá sobreposto à preocupação pedagógica. Mas voltemos aos filmes, e aos dois rankings apurados.
No cinema português, depois de "Os Verdes Anos" (com oito nomeações) e de "Belarmino e Recordações da Casa Amarela" (ambos com seis), surgem, também ex aequo (com quatro), duas longas-metragens de estreia: "Aniki-Bóbó" (1942), de Manoel de Oliveira, e "O Sangue" (1989), de Pedro Costa. Seguem-se (com três) a primeira-obra de Oliveira, o documentário Douro, "Faina Fluvial" (1931), "Uma Abelha na Chuva" (1972), com que Fernando Lopes adapta o romance homónimo de Carlos de Oliveira, "Brandos Costumes" (1975), de Alberto Seixas Santos, um retrato de Portugal nos anos do Estado Novo através das intrigas de uma família, "Conversa Acabada" (1981), de João Botelho, sobre a relação literária de Fernando Pessoa com Mário de Sá-Carneiro, e "Os Mutantes" (1998), de Teresa Villaverde, retrato de uma juventude inadaptada e à deriva.
Há depois mais 49 filmes, com duas e uma citações, que percorrem praticamente toda a história do cinema português, desde "A Canção de Lisboa" (1933), de Cottinelli Telmo, até ao recente "Sangue do Meu Sangue" (2011), de João Canijo. E, entre uma esmagadora maioria de longas-metragens de ficção, surgem também documentários, curtas e até um filme de animação, "Os Salteadores" (1993), de Abi Feijó.
Sem surpresa, o cineasta com mais filmes nomeados é Oliveira (16 citações para nove filmes). Seguem-se Fernando Lopes (10/3), Paulo Rocha (9/2) e João César Monteiro (9/4), João Botelho (7/4) e Pedro Costa (7/3), Teresa Villaverde (4/2) e, a completar os dez primeiros, Alberto Seixas Santos (3/1), José Fonseca e Costa (3/2) e João Canijo (3/3).
Dado curioso, mesmo que não inesperado, é a seleção de filmes portugueses privilegiar as produções dos anos 60, a década do Cinema Novo, e dos anos 80, sendo esta a década do boom e da afirmação internacional da cinematografia nacional, liderada pela dupla Oliveira e Paulo Branco (como produtor).
Mais filmes europeus
No cinema mundial, são os autores clássicos que dominam, e aqui, ao contrário do que se poderia esperar, com uma maioria de produções europeias: 47, contra 44 americanas e sete do resto do mundo. À cabeça, como vimos, está o filme-ícone do neorrealismo italiano, "Ladrões de Bicicletas", ex aequo com a que será a obra mais conhecida de Tati, "O Meu Tio", vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1959 (têm quatro nomeações cada). Seguem-se cinco filmes com três citações: "Tempos Modernos" (1936), de Charles Chaplin, "O Mundo a Seus Pés" (1941), de Orson Welles, "Sentimento" (1953), de Luchino Visconti, "A Sombra do Caçador" (1955), de Charles Laughton, e "A Palavra" (1955), de Carl Th. Dreyer. Ou seja, tudo obras realizadas nas décadas de 30 a 50 (sendo esta última a mais representada, ao inverso do que acontece com o cinema português, que não tem nenhum filme dos anos 50). Na lista dos filmes com duas citações há dez títulos, desde "Aurora" (1927), de F.W. Murnau, ainda no tempo do mudo, até ao incontornável "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola, sendo o mais recente dos referidos apenas uma vez "Rapsódia em agosto " (1991), do japonês Akira Kurosawa.
Na lista dos realizadores, Charles Chaplin colhe o maior número de escolhas (seis, para três filmes), seguido, ex aequo, de Dreyer e Visconti (5/3). Quatro outros autores dos anos de ouro do cinema arrecadaram quatro citações: Hitchcock, Welles, De Sica e Tati. E com três há nove realizadores, que vêm do tempo do cinema mudo alemão e chegam até ao realizador iraniano contemporâneo Abbas Kiarostami. Ainda no ranking do cinema mundial – e aqui, ao contrário do português -, não há nenhum filme realizado nas duas últimas décadas, enquanto as anteriores vão subindo em representação conforme se recua no tempo até aos anos 50. A confirmar que alguma distância temporal pode ser determinante na consagração da arte do cinema. com Luís Miguel Queirós.
As escolhas:
Eduardo Lourenço (Filósofo e ensaísta):
Portugueses: | Estrangeiros: |
---|---|
Aniki Bóbó (1942), Manoel de Oliveira |
O Couraçado Potemkine (Bronenosets Potyomkin, URSS, 1925), Sergei M. Eisenstein |
"Este é um exercício muito difícil de gerir. Aquilo que me pede é uma autêntica guerra, quase um ‘holocausto’ – obriga-me a sacrificar filmes como o Laura [Otto Preminger, 1944], de que gosto tanto. E também gostaria de incluir o Metropolis [1927], do Fritz Lang, O Desprezo [1963], do Godard, ou o Annie Hall [1977], de Woody Allen… Estive quase a optar pela solução mais fácil, que era meter dez filmes do Chaplin."
Eduardo Lourenço
Fernando Pinto do Amaral (Poeta, ensaísta e comissário do Plano Nacional de Leitura):
Portugueses: | Estrangeiros: |
---|---|
O Leão da Estrela (1947), Arthur Duarte |
O Anjo Azul (Der Blaue Engel, Alemanha, 1930), Josef von Sternberg |
"Esta é uma escolha naturalmente subjetiva , sem quaisquer preocupações canónicas , alinhando 10 filmes estrangeiros e 10 portugueses que por diversos motivos (às vezes muito pessoais) gosto de recordar. Muitos outros poderiam integrar a lista."
Fernando Pinto do Amaral
Inês de Medeiros (realizadora, atriz e deputada independente pelo PS):
Portugueses: | Estrangeiros: |
---|---|
Douro Faina Fluvial (documentário, 1930), Manoel de Oliveira |
O Último dos Homens (Der Letzte Mann, Alemanha, 1924), F.W. Murnau |
"Escolher é excluir. Quando me pediram para apresentar uma lista de dez filmes estrangeiros e dez nacionais como proposta para um Plano Nacional do Cinema, para cada filme que escolhia logo surgiam três ou quatro do mesmo autor ou da mesma altura que me pareciam incontornáveis. Tentei resolver o dilema definindo critérios. Por épocas, por autores, por atores , pelo impacto ou sucesso que tiveram, pela importância em termos de evolução tecnológica… Em vão. O resultado era sempre uma listagem informe. Acabei por optar pelo critério mais subjetivo : é uma lista dos filmes (de alguns dos filmes) que me fizeram gostar de cinema, querer ver outros filmes e que me ensinaram a ler e a ver o mundo. Não sei avaliar da sua eficácia em termos pedagógicos, sei que será sempre incompleta e por vezes incompreensível em relação a outros filmes do mesmo realizador que são mais conhecidos. Falta o Pasolini, o Rossellini e o Antonioni, para já não falar no John Huston, no Chaplin, no Minnelli, do Tati ou o meu querido Cukor. Como explicar a ausência de 1900, de O Caçador, ou d’O Couraçado Potemkin? E se é para ensinar cinema, como excluir o Méliès? Esta lista incompleta corresponde à minha interpretação da ideia defendida por Truffaut: um bom filme é aquele que nos ensina qualquer coisa que ‘nunca mais esqueceremos’. Com Baisers Volés [Beijos Proibidos, 1968], aprendi a barrar tostas sem as partir. O tê-lo revelado agora talvez me desculpe de não o ter posto nesta lista, mas na longa lista dos excluídos de que tanto gosto."
Inês de Medeiros
João Fernandes ( Diretor artístico do Museu de Serralves):
Portugueses: | Estrangeiros: |
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Douro Faina Fluvial (documentário, 1930), Manoel de Oliveira |
Zero em Comportamento (Zéro de Conduite, França, 1933), Jean Vigo |
João Salaviza (realizador):
Portugueses: | Estrangeiros: |
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Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha |
Nanook, o Esquimó (Nanook of The North, documentário, EUA, 1922), Robert Flaherty |
Jorge Silva Melo (Realizador e encenador):
Portugueses: | Estrangeiros: |
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Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha |
Roma, Cidade Aberta (Roma Città Aperta, Itália, 1945), Roberto Rossellini |
Manuel António Pina (Escritor e jornalista):
Portugueses: | Estrangeiros: |
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O Pai Tirano (1941), António Lopes Ribeiro |
Pamplinas Maquinista (The General, EUA, 1926), Clyde Bruckman e Buster Keaton |
"É em circunstâncias práticas como esta que a minha firmíssima convicção de que tudo é para todos vacila. As afinidades da escolha proposta com o Plano Nacional de Leitura fazem-me crer que o público em vista seja o mesmo, isto é, abranja níveis etários dos 4 ou 5 anos aos 17. Gostaria de poder incluir filmes como, por exemplo, A Palavra, de Dreyer, numa tal seleção , mas contive-me; como, se me fosse proposto selecionar uns livros para o Plano Nacional de Leitura, talvez gostasse de poder incluir o Ulisses, de James Joyce, e talvez igualmente me contivesse." Manuel António Pina
Nuno Portas ( Arquiteto e urbanista):
Portugueses: | Estrangeiros: |
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A Canção de Lisboa (1933), José Cottinelli Telmo |
Tempos Modernos (Modern Times, EUA, 1936), Charles Chaplin |
Pedro Mexia (Poeta, crítico e ex-diretor da Cinemateca):
Portugueses: | Estrangeiros: |
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Douro, Faina Fluvial (documentário, 1931), Manoel de Oliveira |
Aurora (Sunrise, EUA, 1927), W. F. Murnau |
"A lista estrangeira é propositadamente ‘clássica’, mas podiam perfeitamente ser outros dez ; para ter um critério, evitei (com duas exceções ) filmes demasiado ‘antigos’, bem como demasiado ‘modernos’, por motivos diferentes; e não incluí coisas um bocado inclementes para miúdos, os Bressons, os Tarkovskis, enfim, os cineastas de quem eu gosto. A lista portuguesa é mais defensável, em geral bastante óbvia, mas também não escolhi nada dos últimos quase vinte anos." Pedro Mexia
Rosa Maria Martelo (Professora de Literatura e ensaísta):
Portugueses: | Estrangeiros: |
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Os Verdes Anos (1963), Paulo Rocha |
Tempos Modernos (Modern Times, EUA, 1936), Charles Chaplin |
"Tendo em conta o contexto pedagógico e a faixa etária a que se destina esta seleção , tentei dar relevo ao valor da memória, por muito que essa memória nos confronte com a barbárie. Não a esquecermos (à barbárie) é a melhor forma de impedirmos que ela regresse. Obviamente, o filme de Kurosawa pode ser visto pelos mais novos, enquanto Noite e Nevoeiro foi escolhido a pensar nos mais velhos. Escolhi também vários filmes que acentuam não só respeito pela diferença, mas também a criatividade que tantas vezes lhe está associada. No caso do cinema português, pareceu-me importante explorar a relação entre o cinema e a literatura, embora esse não seja o único critério. Finalmente, também pensei na necessidade de promover a reflexão sobre o cinema enquanto arte: a janela de Hitchcock ou a porosidade da tela no filme de Woody Allen poderiam ser bons pretextos para isso. Mas há outras possibilidades." Rosa Maria Martelo