Livros do Plano Nacional de Leitura: “A escolha é subjetiva, discutível e criticável”, diz Marcelo

Presidente da República comentou a polémica com livro de Valter Hugo Mãe e sustentou que não se deve “dramatizar” .

LUSA | 31.01.2017

O Presidente da República desvalorizou nesta terça-feira a polémica suscitada pela inclusão do romance de Valter Hugo Mãe O Nosso Reino nas leituras recomendadas ao 3.º ciclo, considerando que todas as escolhas são subjetivas e criticáveis.

Invocando a sua experiência como professor universitário, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o processo de escolha das leituras “é sempre um processo complicado”: “o que se escolhe e aquilo que não se escolhe, a adequação à idade, o diálogo permanente com a comunidade educativa, com os pais e os encarregados de educação, com os professores”, observou.

Questionado sobre a contestação de alguns pais de alunos do 8.º ano à inclusão do livro no Plano Nacional de Leitura, por conter frases de cariz sexual, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que não se deve “dramatizar” e frisou que “como tudo na vida, a escolha é subjetiva, é discutível e criticável”.

O Presidente da República considerou ainda “salutar haver o debate sobre a matéria”, porque é através do debate “que se vai melhorando”.

“Não é nenhum drama, faz parte da vida”, acrescentou.

O Nosso Reino estava nas listas dos livros de leitura recomendada para o 3.º ciclo do ensino básico, que abrange 7.º, 8.º e 9.º anos, portanto, alunos com idades entre os 12 e os 15 anos.

Na segunda-feira, o comissário do Plano Nacional de Leitura, Fernando Pinto do Amaral, disse à Lusa que a obra sairá das leituras recomendadas no 3.º ciclo e passará a constar apenas da lista recomendada ao secundário, a partir do 10.º ano.

O comissário argumentou que o livro entrou na lista do 3.º ciclo “por lapso”, já que originalmente tinha sido escolhido para o secundário.

O Presidente da República falava aos jornalistas no final de uma iniciativa que reuniu no Palácio de Belém o escritor Miguel Sousa Tavares e alunos do colégio Nossa Senhora da Conceição, de Guimarães.

A iniciativa, designada “Escritores no Palácio de Belém”, contará com a participação de 30 autores de obras recomendadas pelo Plano Nacional de Leitura e de 30 estabelecimentos de ensino, públicos e privados, de todo o país.

 

Livro de Valter Hugo Mãe fica no Plano Nacional de Leitura apenas para o secundário

Romance O Nosso Reino gerou polémica pelas passagens de cariz sexual.

LUSA | 30.01.2017

O romance O Nosso Reino, de Valter Hugo Mãe, que gerou polémica pelas passagens de cariz sexual, sairá das leituras recomendadas no 3.º ciclo pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) para constar apenas do secundário, disse o comissário Fernando Pinto do Amaral, nesta segunda-feira.

“Não está em causa a sua qualidade literária, o que houve foi um problema de inserção na lista. O livro entrou no 3.º ciclo por lapso, porque foi escolhido para o secundário”, explicou o comissário do PNL. São centenas de livros e dezenas de listas que integram o PNL, pelo que é normal que ocorram erros deste tipo, explicou o responsável, exemplificando com um caso semelhante que aconteceu há uns anos com um livro da escritora Alice Vieira.

De qualquer forma, o poeta desvaloriza a polémica, explicando que não se trata de uma obra de cariz erótico, mas de um livro com memórias de infância e que tem umas passagens com conteúdo sexual, que apareceram descontextualizadas da narrativa. Assim, o livro continuará a integrar o PNL, mas na lista das leituras recomendadas para alunos do secundário.

O Nosso Reino estava nas listas dos livros de leitura recomendada para o 3.º ciclo do ensino básico, que abrange 7.º, 8.º e 9.º anos, portanto, alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos.

A polémica surgiu quando pais de alunos do 8.º ano da Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa, que leram o livro nas férias do Natal, se aperceberam do seu conteúdo e protestaram.

A decisão de passar o livro para as listas do secundário foi tomada após uma reunião na tarde desta segunda-feira com a comissão de especialistas que selecionam os livros. Contudo, Fernando Pinto do Amaral sublinhou que esta decisão não foi uma “reação” à polémica, mas sim a correção de um lapso, que entretanto foi detectado.