Ciganos portugueses têm baixos níveis de escolaridade
Desempregados, sem habilitações literárias, mais de metade já passou fome. O retrato dos ciganos portugueses no primeiro estudo sobre a comunidade, encomendado pelo Alto Comissariado para as Migrações.
Lusa | 23.06.15
Os ciganos portugueses têm baixos níveis de escolaridade, casam cedo, fazem da venda ambulante a principal atividade económica, muitos estão desempregados, bastantes recebem o Rendimento Social de Inserção e mais de metade admite que já passou fome.
Estes e outros dados constam do primeiro estudo nacional sobre as comunidades ciganas, encomendado pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM), e para o qual foram entrevistadas 1.599 pessoas ciganas, dispersas por todo o território nacional, durante o ano de 2014.
Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do estudo disse que uma das coisas que ressaltam são os padrões regionais, destacando haver “aspetos singulares” que variam consoante as regiões do país e que contribuem para a heterogeneidade entre os ciganos portugueses, tendo sido possível detetar três grandes grupos.
Um primeiro grupo é constituído por jovens até aos 34 anos de idade, com níveis de escolaridade muito heterogéneos entre si, com uma grande percentagem de pessoas que nunca trabalhou ou que não se consideram trabalhadores, havendo muitos que vivem na dependência de familiares.
“Estas pessoas predominam em zonas como Estarreja, Ovar, [Santa Maria da] Feira e Barreiro e este é um grupo que se distingue”, apontou Manuela Mendes.
Um outro grupo concentra pessoas mais velhas, com 45 ou mais anos de idade, que vivem em “condições mais deficientes ou com maior índice de vulnerabilidade”. Mais de metade não trabalha e “uma percentagem significativa” recebe o Rendimento Social de Inserção (RSI) ou outro tipo de prestações sociais.
“Encontramos aqui reformados, domésticas, viúvos, e há uma maior incidência deste perfil em zonas do país como Castelo Branco, Santarém, Campo Maior e também no Algarve, em Lagoa. São pessoas que vivem em maior precaridade, com piores condições em termos habitacionais e de acesso a serviços e equipamentos”, disse a investigadora.
O terceiro grupo é constituído por pessoas em idade ativa e com família constituída ou estabilizada, com idades entre os 25 e os 34 anos de idade, muitos com o primeiro ciclo. Tem um maior número de trabalhadores, sobretudo pessoas que andam em vendas ambulantes ou trabalhadores por conta de outrem.
“São pessoas mais abertas a amizades com pessoas não ciganas, têm redes de relações menos fechadas e são pessoas que, grosso modo, se concentram sobretudo em Almada, Guarda, mas também no concelho de Espinho e Vila do Conde”, adiantou.
A investigação mostra também que, no que diz respeito à alimentação, quase metade (48%) admitiu ter passado fome, dos quais 18,6% disseram que foi entre uma a duas vezes por ano e 13,7% entre uma a duas vezes por mês.
Muitos (58,6%) afirmaram ter-se sentido discriminados por serem ciganos, tanto em contexto de trabalho, serviços, quer públicos ou privados, ou na escola, mas também é apontado que quando as comunidades ciganas “coabitam com outros grupos étnico-culturais” tem havido “alguns problemas de relacionamento, sobretudo com pessoas de origem africana”.
Por outro lado, os percursos escolares dos ciganos “são geralmente muito curtos, principalmente no caso das raparigas”, os casamentos acontecem em idades muito precoces (entre os 13 e os 15 anos) e parece dominar o culto evangélico, ligado sobretudo à Igreja de Filadélfia.
Manuela Mendes sublinha que é falsa a ideia de que os ciganos sobrevivem à conta de prestações sociais, defendendo que “uma percentagem grande trabalha”, só que muitas vezes não se trata de trabalho no mercado formal, com um contrato ou um salário.
Ao nível das recomendações, o estudo sugere, entre outros, o reforço de alguns projetos, como o Programa Escolhas ou os mediadores culturais, e a capacitação das mulheres ciganas, principalmente através da aquisição de competências profissionais.
A 24 de junho assinala-se o Dia Nacional do Povo Cigano.
Será que as escolas deviam proibir o uso de borracha?
Portugueses discordam da teoria de que a borracha cria a cultura da vergonha do erro. Deixar os erros expostos no caderno é que criaria embaraço, defendem. E ninguém pensa em apagar a tecla “delete”.
Diário de Notícias | 11.06.15
As borrachas devem ser banidas das salas de aulas porque criam “uma cultura de vergonha do erro”, defende o cientista cognitivo Guy Claxton, professor convidado do Kings College, em Londres. Para ele, a borracha “é uma forma de mentir para o mundo, dizendo “eu não errei, acertei à primeira”.” Claxton diz mesmo que se trata de um “instrumento do diabo”. No seguimento das declarações do cientista, o DN ouviu três especialistas: o pediatra Mário Cordeiro, a psicóloga Ana Gomes e o professor Paulo Guinote. Nenhum aplaude a ideia do professor inglês.
“Se é verdade que a experiência e o aperfeiçoamento se ganham analisando os erros, também é verdade que se ganham corrigindo-os. A cultura do “apontar o erro”, culpabilizadora, herança da nossa moral judaico-cristã, é negativa e por vezes mesmo humilhante”, defende Mário Cordeiro. Para o pediatra, “uma coisa é branquear o erro, outra é aperceber-se dele e emendar.” Mário Cordeiro considera que “tal e qual como devemos fazer na vida normal, quando cometemos erros relativamente a factos ou a alguém, a capacidade de reparação é um fator protetor do ser humano e uma enorme qualidade”.
Em que país estão as melhores escolas do mundo?
A resposta certa não é Portugal, que só surge na 30.ª posição do ranking deste estudo da OCDE, mesmo juntinho a Espanha ou EUA.
Diário de Notícias | 13.05.15
É na Ásia que estão as melhores escolas do mundo. E é em África que estão as piores. De acordo com um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), que tem por base os resultados de testes de matemática e ciências em 76 países, Portugal só aparece na 30.ª posição.
O primeiro lugar do ranking é ocupado pelas escolas de Singapura. Seguem-se Hong Kong e Coreia do Sul, na segunda e terceira posições, respetivamente. No quarto lugar ex-aequo, estão Japão e Taiwan.
Só na sexta posição é que surge o primeiro país europeu, Finlândia, ao qual se seguem Estónia, Suíça e Holanda. O Canadá, na décima posição, é o primeiro país americano no ranking, sendo seguido pela Polónia e Vietname.
O Reino Unido só surge na 20.ª posição, França está na 23.ª, Espanha na 27.ª e os Estados Unidos estão na 28.ª.
No fim da tabela estão Omã, Marrocos, Honduras, África do Sul e, na última posição deste ranking de 76, o Gana.
As conclusões deste estudo serão formalmente apresentadas na próxima semana, na Coreia do Sul, durante o Fórum Mundial da Educação.
Não é anedota! É mesmo a sério. Escola proíbe raparigas de correr para não perderem virgindade
Autoridades australianas já abriram inquérito. “O diretor pensa existirem provas científicas”
Lusa | 23.04.15
As autoridades da Austrália deram hoje início a um inquérito sobre uma escola islâmica que terá proibido as raparigas de participarem em corridas por recearem que “percam a virgindade”.
Em comunicado, o ministro da Educação do estado de Victoria, James Merlino, afirmou ter pedido “à autoridade reguladora para abrir um inquérito” relativo a uma situação “muito preocupante”, caso se comprovem as acusações.
Um antigo professor da escola Al-Taqwa de Melbourne escreveu, esta semana, ao Governo federal e do estado de Victoria para acusar o diretor, Omar Hallak, de acreditar “que se as mulheres correrem excessivamente podem perder a virgindade”, noticiou o jornal The Age.
“O diretor pensa existirem provas científicas que demonstram que se as raparigas ficarem feridas, por exemplo, se partirem uma perna a jogar futebol, podem ficar estéreis”, indicou.
O jornal publicou também uma carta dirigida ao diretor a criticar, numa aparente referência à equipa de corrida de fundo da escola, a proibição imposta, em 2013 e no ano passado, de participação das alunas da primária nestas competições.
Esta decisão é “um verdadeiro insulto para todas as raparigas que iam participar nas corridas. O ‘hadith’ [ensinamento do profeta Maomé] não proíbe as raparigas de correr. Desde que se use o vestuário apropriado, as mulheres podem correr”, pode ler-se na carta.
O estabelecimento de ensino privado, que tem 1.700 alunos com idades entre os cinco e os 18 anos, da primária ao liceu, é considerado o maior do estado de Victoria, de acordo com dados governamentais. Em 2013, a escola recebeu mais de 15 milhões de dólares australianos (10,8 milhões de euros) em financiamentos públicos.
Esta não é a primeira vez que Omar Hallak domina a capa dos jornais. No mês passado, disse ao The Age ter pedido aos alunos para não se juntarem ao movimento extremista Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria porque o grupo faz parte de uma conspiração dos Estados Unidos e Israel para dominar os recursos petrolíferos no Médio Oriente.
Os combatentes do EI “são equipados e treinados” pelos Estados Unidos e Israel, declarou ao jornal.
“A prova é que todos os equipamentos dos ‘jihadistas’ são novos (…) não pensamos que tenham sido muçulmanos a criar o EI. Matar inocentes não é islâmico”, disse Hallak.
Em setembro, a Austrália elevou o nível de alerta terrorista, na sequência da partida de mais de 100 cidadãos australianos para o Iraque e Síria para combater nas fileiras do EI.
Portal que permite comparar notas das escolas serve para “ajustar práticas de avaliação”
O representante dos diretores escolares, Filinto Lima, acredita que, com esta informação, “as escolas vão poder “ver se há algo que devem ou não corrigir”.
Lusa | 19.01.15
O Ministério da Educação considera que a informação do novo portal electrónico, que compara as notas atribuídas pelas escolas, é importante para os estabelecimentos de ensino, que assim podem “refletir e eventualmente ajustar as suas práticas de avaliação”.
O Ministério da Educação e Ciência (MEC) entende que “uma escola isolada, por si só, não consegue saber com exatidão se está a ser mais exigente ou menos exigente do que a generalidade das outras escolas do país, na avaliação do desempenho escolar dos seus alunos” e, na semana passada, lançou um portal electrónico com indicadores que permitem fazer essas comparações.
Segundo uma análise realizada pelo jornal Público, hoje divulgada, há 24 escolas “que dão por sistema notas acima do que é esperado” e outras 29 que estão a fazer exatamente o contrário: dar notas abaixo do espectável.
O representante dos diretores escolares, Filinto Lima, acredita que, com esta informação, “as escolas vão poder analisar os resultados e ver se há algo que devem ou não corrigir”.
O vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas sublinha, no entanto, que “este é apenas mais um indicador para as escolas, e não se devem tirar conclusões precipitadas”.
Também o ministério considera que “a tarefa mais importante é passar essa informação às próprias escolas, para que possam refletir e eventualmente ajustar as suas práticas de avaliação”: “Uma escola e os seus professores não podem fazer ajustes se não conhecerem os dados precisos, tratados de forma cuidadosa. Até porque algumas escolas podem até não fazer ideia de como se comparam a nível nacional. O principal trabalho de reflexão será interno, das próprias escolas”.
As escolas, no entanto, poderão vir a contar no futuro com recomendações da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), que está a analisar os dados.
Segundo o MEC, a IGEC irá utilizar o conhecimento assim obtido em próximas intervenções inspetivas que vier a fazer, com “recomendações focadas no processo de avaliação interna dos alunos”.
Filinto Lima considera residual o número de escolas que podem estar a dar notas acima ou abaixo do expectável: “Num universo de cerca de 570 escolas, há 24 que estão desalinhadas para cima e 29 que estão desalinhadas para baixo. Penso que não se pode transformar esta questão num campo de batalha”.