Computadores Magalhães custaram entre 40 e 50 milhões de euros à Ação Social Escolar

Público | 2009-12-15

Segundo o Governo, foram entregues cerca de 405 mil computadores Magalhães.

O secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Paulo Campos, revelou ontem que o programa e-escolinha (Magalhães) custou entre 40 a 50 milhões de euros à Ação Social Escolar (ASE) e 20 milhões aos operadores de telecomunicações. O secretário de Estado, que falava à margem da entrega do Prémio Zon Criatividade em Multimédia, disse que o contributo do Estado para o financiamento dos computadores portáteis “não vai além dos 50 milhões”.

De acordo com um esclarecimento do Ministério das Obras Públicas enviado ao PúBLICO, as operadoras já contribuíram com 30 milhões de euros para o programa Magalhães, enquanto os beneficiários pagaram um total que ronda os 12 milhões de euros. “Uma vez que as adesões ao serviço de Internet são anuais, não é possível neste momento ter as contas fechadas, motivo pelo qual os valores não são os finais”, acrescenta-se.

Segundo o Governo, foram entregues 406.085 computadores Magalhães, que tiveram um custo no fabricante de 208 euros. Tendo por base estes valores, a JP Sá Couto (a empresa que monta os portáteis) tem a receber pelo menos 85 milhões de euros. Paulo Campos sublinhou que “a ASE não pagou os Magalhães, mas sim a diferença” entre as condições gerais da oferta e os apoios previstos consoante os escalões dos beneficiários da ASE.

Ao contrário do e-escolas, onde vigorou o cofinanciamento entre operadores de telecomunicações e Estado, no e-escolinhas (um programa genericamente incluído no e-escolas, mas que tem pressupostos de financiamento diferentes), as empresas apenas tiveram de contribuir nos casos em que houve adesão dos alunos à banda larga e que se saldaram em “alguns milhares”.

Assim, coube ao Estado assegurar a maioria dos custos do programa, financiando não só os portáteis dos alunos carenciados, mas assumindo também a diferença de 158 euros entre o custo no fabricante (208 euros) e os 50 euros pagos pelos alunos não beneficiários.

Na sexta-feira, durante o debate do orçamento retificativo, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, admitiu no Parlamento que um dos objetivos deste orçamento foi reforçar as verbas da Ação Social Escolar.

Magalhães custou 50 milhões ao Estado – Operadoras contribuíram com 20 milhões.

Correio da Manhã | 2009-12-14

O secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Paulo Campos, revelou esta segunda-feira que a Ação Social Escolar (ASE) gastou uma verba entre 40 a 50 milhões de euros no programa e-escolinha (Magalhães), enquanto as operadoras móveis dispuseram para o projeto 20 milhões de euros.

Os números foram apresentados pelo governante, que manteve a mesma pasta do anterior Executivo, à margem da entrega do Prémio Zon Criatividade em Multimédia. Paulo Campos explicou que ‘o envolvimento dos operadores com e-escolinha é de 20 milhões de euros’ e que o contributo do Estado ‘não vai além de 50 milhões’.

O secretário de Estado explicou que foram entregues 400 mil computadores ‘Magalhães’, com um custo individual de 208 euros. Com este preço, a empresa fornecedora dos portáteis, a JP Sá Couto, vai embolsar uma verba que ronda os 83 milhões de euros.

Paulo Campos voltou a defender a ideia de que o concurso de adjudicação foi transparente e que não houve entrega direta à JP Sá Couto. O governante adiantou que as operadoras de telecomunicações consultaram previamente cerca de dez marcas, antes de se decidirem pela ‘melhor oferta’. O secretário de Estado reforçou ainda a ideia de que a Comissão Europeia está a investigar o projeto e-escolhinha como um todo, e não apenas a parte relativa à adjudicação.

As explicações de Paulo Campos surgem em resposta à notícia de sexta-feira, através da qual se ficou a saber que, pouco antes de deixar o cargo, o ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações Mário Lino transferiu uma verba de 180 milhões de euros da Ação Social Escolar para financiar os programas de computados. No Parlamento, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, admitiu que um dos objetivos do orçamento retificativo, aprovada na sexta-feira, foi o de reforçar as verbas deste apoio social a alunos carenciados.

O PSD já anunciou que vai propor a criação de uma Comissão de Inquérito Parlamentar para investigar o programa de entrega de computadores.

Em Londres: Escola testa utilização de iPhones com os alunos

Sol | 2009-12-11
Uma escola londrina distribuiu iPhones a um número limitado de alunos para testar a utilização do smartphone em contexto educacional. Teste vai durar sete meses.

No total são 30 os estudantes abrangidos no teste, com idades entre os sete e os 11 anos, que irão testar a utilização do dispositivo durante sete meses.

De acordo com o portal Kable, o projeto está a ser desenvolvido pela Gumley House Convent School em parceria com uma empresa de tecnologia para o setor da Educação e tem como base uma investigação académica sobre a utilização das novas tecnologias no contexto educacional.

A instituição londrina foi escolhida porque segundo os responsáveis pelo estudo, foi aquela em que os estudantes demonstraram mais interesse nas novas tecnologias, nomeadamente na utilização de aplicações de apoio à aprendizagem.

Citado pelo portal um dos responsáveis pela iniciativa, Simon Elledge, considera que «na maioria das escolas os telemóveis são vistos como distração e são banidos da sala de aula. Mas, como as tecnologias estão cada vez mais integradas no nosso dia a dia, queremos perceber como é que poder ser utilizadas de forma positiva no ambiente educacional».

O objetivo é promover a utilização das aplicações úteis existentes para o iPhone, sempre sob o olhar atento dos professores, que irão depois realizar testes cujos resultados serão analisados pelos investigadores.

Governo disponibilizou 50 milhões de euros para aquisição de novos portáteis

Correio da Manhã | 2009-12-11
Novos Magalhães vão ser adquiridos através de concurso público.

O Governo vai gastar 50 milhões de euros na compra de 250 mil portáteis destinados a alunos e professores do 1º Ciclo do Ensino Básico. Mas, desta vez, a aquisição dos novos Magalhães será feita através de concurso público internacional. Decisão justificada pelo Executivo com o facto de o Estado suportar, pela primeira vez, esta despesa.

“Há um erro de base na ideia de que o Estado, anteriormente, escolheu não fazer concurso público, mas não foi nada disso que aconteceu. Foram os operadores de telecomunicações que fizeram a aquisição dos computadores e-escolas e e-escolinhas”, afirmou ontem o secretário de Estado da Presidência, Tiago Silveira, no final da reunião do Conselho de Ministros, onde foi aprovada a abertura do concurso público para a compra do material informático.

Em 2008, a aquisição de cerca de 400 mil Magalhães foi feita por ajuste direto à empresa JP Sá Couto, o que motivou fortes críticas da Oposição.

Questionado sobre a transferência de 180 milhões de euros da Ação Social Escolar para o programa ‘Magalhães’, Tiago Silveira foi direto: “Não foi a Ação Social Escolar que adquiriu os computadores nem foi através dela que se adquiriram.” A transferência da verba foi, no entanto, confirmada pelo ex-ministro Mário Lino.

UE pede mais explicações sobre ‘Magalhães’

Sol | 2009-12-11

A Comissão Europeia (CE) mantém as dúvidas sobre a legalidade dos ajustes diretos realizados pelo Governo de Sócrates à J. P. Sá Couto e a outras empresas para a distribuição de mais de um milhão de computadores ‘Magalhães’, avança a edição do SOL desta sexta-feira.

Bruxelas não ficou satisfeita com as explicações enviadas por Portugal em novembro para ter adquirido sem concurso público mais de um milhão de computadores – incluindo 500 mil ‘Magalhães’ -, e o processo poderá avançar agora para uma fase contenciosa.

Terá sido, aliás, esse um dos fatores que levaram a nova ministra da Educação a abrir, ontem, concurso público para a compra de 250 mil portáteis a distribuir pelos alunos do 1.º Ciclo. Algo que poderá promover a concorrência entre a J. P. Sá Couto e outras empresas com produtos semelhantes ao ‘Magalhães’.

Entretanto, o PSD já formalizou a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito à administração da Fundação para as Comunicações Móveis.

Governo abre concurso para 250 mil portáteis

Correio da Manhã | 2009-12-10

Para 1.º ciclo do Ensino Básico

O Governo aprovou esta quinta-feira a abertura de concurso público com publicidade internacional para a aquisição até 250 mil computadores portáteis destinados ao 1.º ciclo do Ensino Básico, despesa que definiu teto máximo de 50 milhões de euros.

Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, o secretário de Estado da Presidência, João Tiago Silveira, referiu que esta despesa máxima de 50 milhões de euros inclui serviços conexos e instalação dos computadores.

“Determina-se a abertura de um concurso público para assegurar o acesso universal dos alunos do 1º ciclo do Ensino Básico a meios informáticos. O objetivo do Governo é continuar a ambição do Plano Tecnológico e assegurar para os anos letivos de 2009/2010 e 2010/2011 o acesso aos alunos do 1º ciclo do Básico a computadores a preços reduzidos ou com isenção de pagamento”, sustentou o secretário de Estado da Presidência, citado pela agência Lusa.

Segundo João Tiago Silveira, em 2008, no quadro do Plano Tecnológico da educação, o anterior Governo criou o programa e.escolinha (na sequência do programa e.escola), que “permitiu uma generalização sem precedentes da utilização de computadores junto de alunos, professores, famílias e cidadãos que se frequentaram o Programa Novas Oportunidades”.

Crianças apanhadas a ver pornografia no Magalhães

Sol | 2009-12-09

Um grupo de crianças de uma escola do concelho da Maia foi apanhado por professores e auxiliares de educação a aceder a sites com conteúdos pornográficos em pleno recinto escolar, noticia o Jornal de Noticias de hoje. O problema parece residir nas falhas de segurança do aparelho.

Professores e auxiliares de educação encontraram alguns alunos de uma escola básica da Maia a aceder a sites pornográficos através do Magalhães.

A escola contactou a autarquia, para que os pais sejam alertados para a segurança nos pequenos computadores e para o modo como eles são usados pelas crianças.

Um técnico da edilidade explicou ao Jornal de Notícias que o problema está no facto de a palavra-chave que protegeria estes conteúdos ser geral e estar acessível em diversos sites na Internet.

A Câmara da Maia deu ontem formação aos professores ligados ao ensino da informática que, por sua vez, vão falar com os pais e encarregados de educação.

Para além da problemática dos sites com conteúdos impróprios para crianças, os pais serão também alertados para os perigos associados a várias redes sociais.

Estudantes dinamarqueses vão poder consultar a Internet durante os exames

Público | 2009-11-06

Na Dinamarca, os estudantes finalistas do ensino secundário vão poder consultar a Internet durante os seus exames finais. A medida foi autorizada pelo Governo e o sentimento geral é de que os alunos são suficientemente sérios para poderem usufruir desta medida sem copiarem. Os chats e a troca de e-mails durante o exame estão, obviamente, proibidos.

Um total de 14 liceus da Dinamarca estão já a testar este novo sistema de exames com consulta e todas as escolas do país foram convidadas a juntar-se a esta nova modalidade até 2011.

Durante os exames, os alunos podem aceder a qualquer página que desejem, mesmo à da rede social Facebook, adianta a BBC, desde que não escrevam mensagens. Os chats e a troca de e-mails, quer seja entre os alunos quer seja com pessoas do exterior, estão proibidos.

A Dinamarca é um país modelar no que toca à absorção de novas tecnologias. Há mais de uma década que os alunos estão autorizados a escrever as suas respostas no computador, podendo prescindir da entrega das respostas em papel.

O governo dinamarquês defende que se a Internet está tão omnipresente na vida quotidiana dos dinamarqueses, então deverá igualmente fazer parte das aulas e dos exames.

Sanne Yde Schmidt, que coordena este projeto numa das escolas pioneiras, em Copenhaga, disse à BBC: “Se queremos ser uma escola moderna e ensinar aos alunos coisas que são relevantes para eles na vida moderna, temos que os ensinar a usar a Internet”.

Uma das principais preocupações das pessoas que estão a coordenar o projeto é, obviamente, a possibilidade de os alunos poderem copiar. Mas Schmidt diz que a solução é confiar nos alunos. De todo o modo, quem for apanhado a copiar pode ser expulso. “Nós confiamos neles. Eu acho que a percentagem de pessoas que copiam é muito baixa porque as consequências são muito graves”, Sanne Yde Schmidt.

Os professores consideram igualmente que este tipo de exames com consulta deixa de obrigar os estudantes a “regurgitar” factos e números, dando-lhes em vez disso a oportunidade de analisarem a informação que lhes é dada.

O ministro dinamarquês da Educação, Bertel Haarder, disse igualmente que os “exames têm que refletir a vida em sociedade”. “A Internet é indispensável, incluindo no exame. Tenho a certeza que em poucos anos a maioria dos países europeus estarão na mesma situação”.

Porto Editora lançou uma rede social dirigida às crianças especialmente segura

Público | 2009-04-22

Ao contrário do que se passa em redes como o hi5 ou o MySpace, a Kuska anuncia-se como um espaço seguro, com uma constante monitorização de conteúdos a cargo de cinco professores.

A Porto Editora criou uma rede social na Internet para crianças entre os cinco e os 13 anos.

A Kuska, acessível a partir dos endereços http://www.kuska.pt e http://www.sitiodosmiudos.pt, terá ainda uma vertente pedagógica que visa “dotar as crianças de ferramentas que lhes permitem minimizar os riscos a que estão sujeitas quando navegam na Internet”, segundo Filipe Silva, gestor do projeto.

Desde logo, os utilizadores da Kuska são confrontados com avisos do género: “Não deves usar linguagem agressiva ou ofensiva.” “Não marques encontro com alguém que tenhas conhecido na Internet.”

A interação nesta rede pode ser feita com os miúdos a exibirem fotografias reais ou por via de um avatar (representação gráfica), sendo que cada fotografia colocada na rede é escrutinada pelos moderadores.

A ideia de criar esta rede virtual para miúdos “nasceu do descontentamento de muitos pais relativamente às redes já existentes”, segundo o porta-voz da Porto Editora, Paulo Gonçalves.

Por outro lado, os próprios utilizadores do Sítio dos Miúdos, onde a editora disponibiliza vários conteúdos lúdicos e pedagógicos, reclamavam alguma interatividade. A sugestão inicial de se criar um chat caiu por terra porque “num chat a troca de mensagens é instantânea e isso inviabiliza uma moderação eficaz”, como notou Filipe Silva.

A Porto Editora acredita que a Kuska terá uma adesão semelhante ao Sítio dos Miúdos, que soma 50 mil utilizadores registados, 200 mil visitas mensais e quatro milhões de vage views.

Blogue da Educação chega a livro

Expresso | 2009-04-11

Um blogue quase inteiramente dedicado às questões do ensino tornou-se um dos mais lidos da blogosfera. Agora a ‘Educação do Meu Umbigo’ chega a livro.

O fenómeno foi tão rápido quanto surpreendente. O que leva um blogue quase inteiramente dedicado às questões da Educação a tornar-se um dos mais lidos da blogosfera, com quatro milhões de visualizações em 2008 e uma média diária de 15 mil, acima de outros mais mediáticos como o ‘Abrupto’, o ‘Arrastão’ ou o ’31 da Armada’? O que explica que um professor do ensino básico até há pouco tempo absolutamente anónimo passe a ser “seguido” por muitos colegas, lido no Ministério da Educação (ME), assediado por partidos e sindicatos?

Paulo Guinote, criador do blogue ‘Educação do Meu Umbigo’, é o primeiro a assumir a perplexidade. “A sério que não sabia no que daria”, confessa no livro que vai ser lançado no próximo sábado em Lisboa, pela Porto Editora, e que resume em 400 páginas alguns posts publicados desde novembro de 2005. Correspondem à vida do ‘Umbigo’, mas também ao mandato de Maria de Lurdes Rodrigues, Valter Lemos e Jorge Pedreira à frente do ME e a um dos períodos mais conturbados no setor, numa luta também alimentada nos blogues. O próprio lançamento mostra bem a aposta da editora no reconhecimento entre pares deste professor de História e Português na Escola Mouzinho da Silveira (Moita): o convite seguiu por e-mail para 95 mil docentes. Na capa lê-se: “Um livro que incomoda ministros e mobiliza professores”.

A influência
“Houve uma altura em que a secretaria-geral do Ministério se encontrava entre as cinco ou seis origens principais de fluxos”, revela Guinote. Mas não acha que “incomode” a ministra, “pelo menos de forma direta”. “O gabinete de imprensa acompanha tudo o que sai sobre Educação”, responde o assessor Rui Nunes, quando questionado sobre a importância atribuída na 5 de outubro a este blogue. A verdade é que os responsáveis ministeriais já se mostraram irritados com o que vai sendo escrito na blogosfera.

São várias as provas da sua influência. Quando fez um apelo a pedir contribuições para pagar um parecer ao advogado Garcia Pereira sobre o modelo de avaliação de professores, 1500 responderam ao pedido.

Quando começou a publicar moções de escolas a rejeitar o mesmo modelo, largas dezenas repetiram o gesto. Hoje, recebe cerca de 200 mails por dia. “Comecei a ter a noção de que tinha alguma influência quando passei a receber imensos pedidos de professores a solicitar conselhos”, diz. Ou quando apareceram as primeiras pressões mais ou menos explícitas. “Recebia avisos como: ‘não perdes por esperar’ ou ‘não penses que te vão perdoar'”.

à medida que a contestação dos professores foi crescendo, o ‘Umbigo’ foi ganhando mais e mais adeptos. A 8 de novembro de 2008, no dia da segunda megamanifestação de docentes, ultrapassou os 30 mil acessos. No dia da greve (3 de dezembro) bateu novo recorde: 38.510.

Começaram também a aparecer os contactos de políticos. Foi convidado a escrever na revista “OPS”, ligada a Manuel Alegre, passou a ter reuniões no Parlamento com deputados do PCP ou do BE. Mas a filiação partidária ou sindical nunca lhe interessou, garante Paulo Guinote, 44 anos. Cartão, só o de dador de sangue, costuma dizer. O que o move então?

“Inicialmente, uma irritação pela forma como o Ministério entrou a matar neste mandato, não se concentrando nas falhas do sistema mas em atacar os professores. E eu não reconheço em nenhum dos três elementos competência para fazer esse ataque”, resume.

Mas, aos poucos, o ‘Umbigo’ passou a ser mais do que o blogue pessoal de Guinote. Fizeram-se amizades e concertaram-se estratégias de luta. Para alguns, a identificação com os problemas vividos noutras escolas ou a possibilidade de dizer o que têm medo de afirmar na sala dos professores funciona mesmo como uma espécie de “catarse” ou de “desabafo psicanalítico”, avalia. “O blogue tornou-se um espaço de liberdade. As minhas posições são de alguém que está na escola e não de quem está a funcionar como porta-voz de um grupo. E as pessoas acabam por rever-se nisso”, conclui.

O novo Kindle DX é para estudantes e leitores de jornais

Público | 2009-04-07

A Amazon apresentou em Nova Iorque o novo Kindle DX, dois meses depois de ter revelado a segunda versão do seu leitor de livros eletrónicos. O Kindle DX é maior, mais caro e destinado a dois públicos em especial – estudantes e leitores de jornais. O ecrã é duas vezes e meia maior do que o Kindle de segunda geração, tem 3,3 gigabytes de memória capazes de armazenar 3500 livros (mais dois mil do que as versões normais) e traz um leitor de documentos em formato PDF.

O Kindle DX tem esses públicos em vista pelo facto de ter um ecrã de 24,6 centímetros (e que roda). “Vamos ter estudantes com mochilas menores, com menos carga” (o leitor pesa cerca de 500 gramas), disse Jeff Bezos, CEO da Amazon, na apresentação do DX. Mas a principal preocupação quanto ao DX era, na imprensa e nas reações de consumidores no Twitter, o preço – o Kindle DX custa 368 euros (o primeiro Kindle custava 270 euros).

O leitor estará à venda no verão (só nos EUA) e surge em parceria com o New York Times, o Boston Globe (que adiou o seu encerramento) e o Washington Post, que vão vendê-lo a preço reduzido para os assinantes. Três editoras de manuais (entre as quais não está a conhecida McGraw-Hill) vão vender os seus livros a preços mais baixos na loja on-line do Kindle. E cinco universidades vão trabalhar experimentalmente com o DX.

Não se sabe quanto vão custar os manuais nem que tipo de partilha de receitas a Amazon negociou com os jornais. Alguns peritos sugeriam que esta apresentação, tão pouco tempo depois do lançamento do Kindle 2, se pode ter destinado a manter à distância a concorrência de outros grupos que trabalham nos seus leitores.

Blogues e Twitter dados em escolas do Reino Unido

Público | 2009-03-26

Os alunos das escolas primárias britânicas deverão dominar ferramentas baseadas na Web como blogues, podcasts, Twitter e Wikipedia, segundo planos de alterações ao programa escolar ontem divulgados pelo jornal britânico The Guardian.

Em contrapartida, os alunos deixarão de ter como obrigatório o estudo de certos períodos históricos, como a época vitoriana ou a II Guerra Mundial (extensamente coberta no programa do secundário). O fim da rigidez dos programas deverá ser outra novidade, com os alunos a terem mais a dizer sobre a matéria.

O Guardian diz que as alterações serão as maiores da última década na educação primária do Reino Unido. Serão eliminadas centenas de especificações das áreas de ciências, geografia e história.

Por outro lado, os alunos devem terminar a primária sabendo utilizar a Wikipedia, uma enciclopédia escrita pelos internautas, sendo capazes de publicar um blogue, e ainda de comunicar através do Twitter (serviço com base na Web assente em mensagens de 140 caracteres). Terão de saber usar estas ferramentas como meios de recolha de informação e de comunicação.

A fonética, cronologia histórica e aritmética mental continuam a ter um peso forte nos programas. Mas os alunos vão aprender a escrever ao mesmo tempo que aprendem a usar o corretor ortográfico do computador, e a escrever à mão ao mesmo tempo que aprendem a usar um teclado.

A mudança – por enquanto ainda apenas em planos a que o jornal britânico teve acesso – irá incluir também a sensibilização para temas ambientais e de relacionamento social (como evitar a pressão dos outros miúdos, como gerir relações com família e amigos).

Em relação à história, a ideia é que os alunos continuem a ser capazes de ter uma noção geral que lhes permita ordenar cronologicamente uma série de acontecimentos, e perceber as ligações entre alguns deles. Estudarão com mais profundidade dois períodos-chave da história britânica, mas estes serão escolhidos pela escola.

O responsável do Sindicato dos Professores John Bangs comentou ao Guardian que o programa “parecia saltar das últimas tendências, como a Wikipedia e o Twitter, para as muito tradicionais descrições do ensino cronológico da história. Parece que há tendências de um lado, pressão política de outro.” Mas “livros tradicionais e textos escritos estão desvalorizados em relação ao conhecimento com base na Internet”.

Nos currículos das escolas primárias britânicas vão estar temas ambientais e a gestão de relações sociais

Deputado que detetou erros no Magalhães à espera que José Sócrates assuma as culpas

Público | 2009-03-08

O ministério apressou-se a tentar solucionar o problema e a pedir desculpa pelos erros de português existentes num programa instalado no portátil

O deputado que denunciou o caso dos erros de português num programa instalado no computador Magalhães – junto do semanário Expresso e em requerimento apresentado na Assembleia da República – acusou ontem José Sócrates de “cobardemente ter fugido a assumir as suas responsabilidades”. Isto porque, face à denúncia, quem fez o mea culpa foi o secretário de Estado adjunto da Educação, Jorge Pedreira, que chegou a afirmar que José Paulo Carvalho, o deputado que detetou os erros, “prestou um serviço ao país”.

Foi “quase por acaso” que o antigo deputado do CDS (hoje independente) deu com os erros. Conta José Paulo Carvalho que foi convidado a espreitar os jogos didáticos por uma amiga, professora, que se queixava de não ter formação para tirar partido do equipamento já distribuído a 200 mil crianças do 1.º ciclo. E foi enquanto exploravam, juntos, os jogos didáticos, que tropeçaram nos erros.

“Incrível, indescritível, de chorar!”, enfatizava ontem o deputado. Podia dar “dezenas de exemplos dramáticos, inadmissíveis”. Deu apenas alguns: “Encontrar-lo, subtrair-lo, joga na tua vês, gostas-te, puxando-la, fês, básicamente, caêm…”. Ou frases como: “Este interdito é ligado a uma ideia mais geral, os jogadores devem sempre permitir ao adversário de continuar a jogar”. “Não dava para acreditar!”

O pedido de formação dos professores passou para segundo plano e a denúncia dos erros tornou-se o objeto do requerimento que tem data de 4 de março, mas apenas foi entregue no limite do possível, na tarde de sexta-feira, como ontem confirmou ao PúBLICO o deputado. Mas, a essa hora, já o semanário Expresso confrontara o Ministério da Educação (ME) com os erros detetados por José Paulo Carvalho e a máquina começara a mover-se.

Explicações do ME
Pela manhã, o Ministério da Educação já podia informar a comunicação social, através de comunicado, que a Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC) tinha tomado medidas. Solicitara à empresa responsável pela instalação dos programas, a JP Sá Couto, a desinstalação do software nos computadores ainda não distribuídos; e elaborara um manual de instruções para que pais e educadores pudessem realizar “de imediato” a mesma operação, eliminando, assim, os erros classificados no comunicado como “intoleráveis”.

“Uma surpresa”
Apanhado logo de manhã em Alcobaça, numa cerimónia pública, pela agência noticiosa Lusa, Pedreira classificou como “uma surpresa” os erros de gramática, sintaxe e ortografia e admitiu que tal “não devia ter acontecido” e “devia ter sido detetado”. Isto ao mesmo tempo que sublinhava que “não é pelo facto de um programa de um jogo didático ter erros que a utilidade e a importância do projeto do computador Magalhães diminuem”.

Jorge Pedreira havia de repetir isto ao longo do dia de ontem, em declarações aos vários órgãos de comunicação social. Insistentemente, chamou ao Ministério da Educação “as responsabilidades” e apresentou “desculpas às famílias portuguesas”.

Enquanto isso, o ex-deputado do CDS-PP e agora independente José Paulo Carvalho sublinhava que esperava ouvir um pedido de desculpas de José Sócrates. “Estou chocado! é de uma leviandade incrível que, quando as coisas se complicam, o primeiro-ministro, que sempre apareceu na primeira linha para se exibir com o computador Magalhães, fuja, cobardemente, a assumir as suas responsabilidades”, afirmou.

Igualmente em declarações ao PúBLICO, ao fim do dia, o secretário de Estado adjunto da Educação, Jorge Pedreira, chegou a considerar que o deputado José Paulo Carvalho “prestou um serviço ao país, ao mostrar as deficiências do programa, permitindo, assim, que elas fossem corrigidas”. Mas criticou-o por pedir contas a José Sócrates. “Era só o que faltava! A responsabilidade é da empresa que forneceu o pacote ‘Linux Caixa Mágica’, que contém os jogos, e também da DGIDC, que devia ter ido além da verificação dos menus, assegurando-se da correção ortográfica das instruções. Nunca do primeiro-ministro”, disse Jorge Pedreira.

O secretário de Estado da Educação nada quis adiantar sobre o apuramento de culpas, interno e a nível da empresa fornecedora, afirmando que, ontem, “o importante” era “solucionar o problema”. E assegurou que a entrega dos computadores às crianças não será atrasada por este motivo. “Não há qualquer razão para que isso aconteça. Trata-se de não instalar os programas nos computadores que estão por distribuir ou, se possível, de instalar uma versão corrigida”, disse.

Os erros
Trocar vês por vez

“Ao princípio do jogo 4 sementes são metidas em cada casa. Os jogadores movem as sementes por vês.”

“A cada torno o jogador escolhe uma das seis casas que controla. Pega todas as sementes nela e as distribui (…).”

“Se a penúltima semente também fês um total de 2 ou 3 (…).”

“Carrega outra vês no chapéu para as fechares.”

“Com o teclado, escreve o número de pontos que vês nos dados que caêm.”

“Carrega em cada elemento que tem uma zona livre ao lado dele. Ele vai ir para ela.”

“O objetivo do quebra-cabeças é o de entrar cifres entre 1 e 9 em cada quadrado da grelha, frequentemente grelhas de 9 X 9 que conteêm grelhas.”

Empresa responsável por software com erros instalado no Magalhães reconhece “falha humana”

Público | 2009-03-07

“O processo de tradução/localização de software envolve um passo de tradução automática, sendo esse passo seguido de verificação manual. No caso do software Gcompis, por falha humana, parte da tradução desta aplicação não foi validada”, esclareceu hoje a empresa Caixa Mágica em comunicado enviado à agência Lusa.

O Ministério da Educação deu sexta-feira ordem para as escolas retirarem dos computadores Magalhães o software de jogos didáticos depois de o jornal Expresso ter confrontado o Executivo com os erros de ortografia, gramática e sintaxe nas instruções dos jogos incluídos no ambiente de trabalho Linux.

“Gravar-lo”, “puxando-las”, “acabas-te”, “básicamente”, “fês”, “caêm”, foram alguns dos erros detetados e que fizeram a capa do semanário Expresso.

No comunicado, a Caixa Mágica refere ainda que os erros foram sendo corrigidos em atualizações disponibilizadas em outubro do ano passado e janeiro deste ano “sendo estas automaticamente instaladas em todos os Magalhães que acedem à Internet”.

A empresa sublinha ainda que entre as “1.136 aplicações presentes no Linux Caixa Mágica no Magalhães, foram detetados erros apenas numa aplicação”.

Ministro francês da Educação “chocado” com o ‘faz-me o TPC.com’

Expresso | 2009-03-05

é uma das polémicas do momento em França. Fica hoje online o site que se propõe fazer os trabalhos de casa dos alunos a troco de alguns euros. O tutelar da pasta no Governo arrasa o projeto.

“Chocado e irado”. Foi assim que o projeto “faismesdevoirs.com”, que a troco de alguns euros se propõe fazer os trabalhos de casa dos estudantes, deixou o ministro francês da Educação, Xavier Darcos. A partir das 14 horas (13h em Lisboa) o site estará online.

“Vem cinicamente desenvolver um tipo de mercado do menor esforço, comercializando a ação educativa”, disse Darcos à estação de rádio Europe1.

Ontem, à saída do conselho de ministros, o governante disse ainda que “o melhor lugar para ser educado e para ver os seus trabalhos de casa corrigidos é a escola pública”, que na sua opinião “tem por missão oferecer estes serviços a todos os alunos gratuitamente”.

“Espero que o sucesso escolar jamais seja função da capacidade financeira dos pais dos estudantes”, concluiu Xavier Darcos.

Mas para o criador do site, o empresário, Stéphane Boukris, de 25 anos, este projeto “reduz as desigualdades sociais”, até porque é muito mais barato do que um explicador particular. Para os promotores de ‘faismesdevoris.com’ trata-se de um serviço legal e “pedagógico”.

“Explicar aos alunos que de nada serve arranjar quem estude por eles também é legal”, responde o presidente da FCPE, a principal federação francesa de pais.

Para Jean-Jacques Hazan “há muitas coisas que são legais mas não deixam por isso de ser imorais”.

“é um sinal claro da degradação do ensino”, rematou.

O ensino do futuro já chegou a Espinho

Jornal de Notícias | 2009-03-03

Projeto Camões equipou duas escolas com a mais avançada tecnologia

Espinho tem as oito salas de aulas mais avançadas do Mundo. O diagnóstico do Governo aponta progressos na modernização do ensino nacional, mas reconhece que ainda há muito a fazer para apanhar os parceiros europeus.

Duas escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico de Espinho passaram a ter, desde ontem, aquelas que são as mais modernas salas de aulas do país e mesmo do mundo, no que às novas tecnologias diz respeito. Tudo porque a empresa Microfil transformou, a custo zero, quatro salas de ambas as escolas, a EB1/JI Espinho n.º 2 e a Escola da Seara, na freguesia de Silvalde, em espaços verdadeiramente interativos e digitais com a aplicação do chamado Projeto Camões. Na inauguração esteve presente a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que teve o seu primeiro contacto com o inovador projeto.

Basicamente, o “Camões” é uma plataforma que permite a interligação e a intercomunicação entre alunos e professores através dos computadores “Magalhães”, já distribuídos por cada um dos estudantes, e quadros interativos, sendo estes utilizados quer por uns quer pelos outros.

Assim, por exemplo, o que o professor escrever no quadro pode surgir automaticamente nos ecrãs dos computadores pessoais dos alunos. E caso o docente considere interessante o trabalho de determinado aluno, pode igualmente, através do quadro, mostrá-lo a toda a turma. Mais: para ver o andamento dos trabalhos, o docente já não precisa de se deslocar até às carteiras, podendo fazê-lo através do seu próprio computador.

E se um aluno quiser levantar uma questão ou mesmo responder a uma qualquer pergunta do professor, já não terá de levantar o braço. Bastar-lhe-á clicar no “Magalhães” e a sua fotografia com o seu nome surgirá iluminada no quadro.

Entre as diversas funções do “Camões” aquela que, porém, chama mais a atenção prende-se com o facto de, caso um aluno seja obrigado a ficar em casa ou até mesmo no hospital devido a doença prolongada, se munido do seu computador, poderá assistir às aulas e até mesmo participar. Deitado na cama, poderá visionar toda a sala e até ser chamado ao quadro. Essa característica do “Camões” permite que uma aula que esteja a ser dada, por exemplo, em Timor ou em Macau, possa ser assistida em Portugal e vice-versa.

Outra novidade é o facto de todos os conteúdos dados nas aulas, bem como os trabalhos dos alunos, poderem ficar arquivados num servidor, dados estes que irão acompanhar o estudante ao longo de toda a sua vida académica. Até porque, se para já o “Camões” está especialmente adaptado ao “Magalhães” e ao 1.º Ciclo do Ensino Básico, segundo o presidente da Microfil, Manuel Antunes, o objetivo é que a plataforma possa ser usada em todos os outros níveis de ensino.

Em termos nacionais, no que diz respeito à modernização tecnológica da rede de escolas públicas, um estudo de diagnóstico do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação do Ministério, de 2008, afirma que “Portugal apresenta, nos últimos cinco anos, uma evolução muito significativa, observando-se, no entanto, ainda um grande atraso face à média europeia e aos objetivos traçados no âmbito do Programa Educação e Formação 2010”.

De acordo com o documento, as principais barreiras à modernização residem nas insuficiências ao nível do acesso (quantidade e qualidade de equipamentos e da internet) e das qualificações e competências.

Rodrigues de Freitas no topo das preferências
Requalificação física e tecnológica da escola tem cativado estudantes e motiva o corpo docente

A primeira sensação que se tem ao entrar na “nova” Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas é de conforto. Sente-se uma agradável temperatura ambiente, as paredes estão pintadas em tons suaves e só a inestética, mas imprescindível, galeria técnica que percorre todos os teto indica que, ao fim de 75 anos, a escola está pronta para enfrentar os desafios da Educação.

Constança Carvalho, Armanda Rocha, de 18 anos, e Ricardo Pais, de 17 anos, “ignoram” os computadores recém-estreados e a Internet a 100 mega por segundo. “Já podemos estar na sala só com uma camisola. Antigamente não podíamos tirar os casacos, pois isto era um gelo”, referiu, em início de conversa, Constança Carvalho. A amiga recorda, por outro lado, os laboratórios de Química, um “terror”, com os teto quase a cair e com torneiras de onde pingava água suja. “Agora, quanto mais não fosse, temos vontade de vir para a escola”.

Ricardo Pais acha que o Rodrigues de Freitas está “mais humano” e recorda que, no ano passado, quando queria apresentar um trabalho “tinha de recorrer ao Museu da Ciência, onde havia um vídeo-projetor. Agora trago o trabalho numa pen e mostro-o na sala”.

A Rodrigues de Freitas foi uma das quatro escolas piloto escolhidas para o arranque do Programa de Modernização das Escolas do Secundário e o que está à vista remete-nos para uma escola de “topo”. “Estamos muito bem apetrechados. Em cada três salas de aula uma tem um quadro interativo e as outras um vídeo projetor. Todas as salas têm computador [são mais de 150 equipamentos] e mesmo o livro de ponto é eletrónico. As mudanças mais profundas, no entanto, deram-se ao nível dos laboratórios”, sublinhou, ao JN, Maria José Ascensão, presidente da Comissão Administrativa Provisória.

Cristina Sá, vice-presidente daquele órgão, destacou a internet da nova geração, que permite os 100 mega de velocidade, e a rede sem fios que cobre toda a escola e a que os alunos acedem com uma password de acesso. “Investimos na formação para conseguirmos dar aulas mais interessantes e motivadoras e só o conseguimos com as condições que temos aqui. E isso é potencialmente propiciador de melhores resultados escolares”, defendeu.

Maria José Ascensão recordou que as novas tecnologias “são estimulantes, mas exigem muito trabalho dos docentes”. “Um professor tem, atualmente, níveis de exigência muito elevados. Os alunos estão à frente no uso das tecnologias e isso obriga-nos a uma atualização permanente, pois o aluno espera que um professor esteja ao seu nível. A escola está muito atrativa e temos de recusar inscrições. Os pais acreditaram no projeto e veem nele a oportunidade de melhorar a educação dos filhos”, concluiu a docente.

Magalhães: Demora na entrega dos computadores deixa alunos impacientes

Público | 2009-02-24

A demora da chegada do computador portátil Magalhães às escolas está a criar ansiedade, angústia e alguma “cobiça” nas crianças, que não compreendem por que é que alguns colegas recebem primeiro o computador portátil, alertam pais e professores. Cerca de 354 mil alunos do primeiro ciclo estão inscritos no programa e-escolinha, para receberem o computador, e até agora 200 mil têm o portátil. Muitas escolas optaram, por isso, por não trabalhar com os computadores até todos os alunos o receberem, enquanto outras optam por trabalhos de grupo para os alunos irem aprendendo informática. “Há uma grande insensibilidade da parte dos operadores na perceção do que são crianças a receber um bem como o Magalhães, que lhes aguçou o apetite”, disse à Lusa o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Albino Almeida. No entanto, a JP Sá Couto, empresa que produz os portáteis Magalhães, garante que os computadores serão distribuídos até ao final de março. “Acho um bocadinho aborrecida esta demora porque se cria expectativas nas crianças e depois demoram muito as entregas”, afirmou à Lusa Elizabete Vieira, mãe de Afonso, que frequenta a escola Alice Vieira, do Agrupamento de escolas Santa Maria dos Olivais, em Lisboa.

Albino Almeida referiu que, se o prazo de entrega “corresponder à verdade, as escolas terão o último período para se preparar para o próximo ano letivo, definindo a metodologia e as estratégias” a adotar sobre a utilização do Magalhães. é que, face aos “atrasos nas entregas e à forma como estão a decorrer”, este ano letivo será apenas para preparar “a utilização do Magalhães de forma cabal no próximo ano letivo”, considera a Confap. Em dezembro, o Ministério das Obras Públicas assegurou à agência Lusa que as entregas tinham entrado já em “velocidade de cruzeiro”.

“Com a Net temos que andar de pé atrás”

Público | 2009-02-16

Os crimes cometidos via Internet contra menores não param de aumentar. A PJ decidiu ir às escolas

“Quando a miúda de 14 anos acabou o namoro, ele zangou-se e espalhou o vídeo em que ela estava a fazer um strip tease…”. O inspetor da Polícia Judiciária (PJ) Carlos Alves já descrevia há uns bons trinta minutos casos reais que misturam Internet, menores e abusos, nomeadamente sexuais, quando é interpelado por uma voz da assistência composta por alunos da EB 2,3 de Cabreiros, em Barcelos: – “Não foi o namorado que pôs o vídeo, foi o irmão que lhe sacou o telemóvel e passou as imagens”. – “Esta história passou-se numa escola de Famalicão. Será o mesmo caso?”, volveu o inspetor.

Minutos depois, concluem tratar-se de histórias diferentes. O inspetor aproveita a coincidência para reforçar a mensagem que o levou ali, em mais uma das 50 palestras que a PJ de Braga já promoveu nas escolas do distrito. “Há centenas de histórias iguais a estas que vos estou a contar. E todas elas envolvem colegas vossos que foram pressionados para fazer coisas que julgavam que nunca fariam.”

A missão dos inspetores da PJ – alertar alunos, pais e professores para os riscos inerentes à Internet – não é nada impossível e até já permitiu que a PJ desencadeasse processos de investigação a partir de casos relatados pela assistência. “Houve um aluno de uma escola de Viana do Castelo que denunciou a existência de conteúdos pedófilos num site”, exemplificou aquele responsável. A lista de crimes envolvendo menores na Internet é interminável. Da pedopornografia ao cyberbulling, passando por injúrias, burlas e pela chantagem. Um dos casos que passaram recentemente pela PJ de Braga envolvia uma miúda de 13 anos chantageada por alguém que conheceu num chat. “Falaram-se durante meses e ela, às tantas, aceita enviar-lhe umas fotografias por correio eletrónico em que aparecia de calcinhas e nua da cintura para cima. Pouco tempo depois, ele, que era muito mais velho, ameaça divulgar essas fotos se ela não aceitasse ter relações sexuais”. A chantagem prolonga-se por semanas até que a adolescente acaba por desabafar com uma professora. A PJ acabou por conseguir identificar o indivíduo e o caso é um dos que Carlos Alves costuma relatar nas escolas. “Ainda que falem o dia inteiro durante cinco meses na Internet com alguém que não conhecem pessoalmente, não acreditem que já conhecem a pessoa. A regra é desconfiar sempre”.

A mãe de um dos miúdos ali presentes, Glória Martins, sai da sessão preocupada. “Com isto da Internet temos que andar sempre de pé atrás, não é? A gente nunca sabe”, preocupa-se. O filho, com dez anos, só tem permissão para navegar na presença do pai. “Eu confundo-me muito com aquilo, acho que é muito evoluído para mim. Vejo lá as letras e as palavras, mas não consigo entender-me. O que sei é que tanto pode dar para o bem como para o mal”.

Abusos sexuais
Por saber das dificuldades de muitos pais em lidar com a Internet, sobretudo em meios rurais como o que envolve esta escola de Barcelos, é que a professora de Informática, Hélia Lima, decidiu assegurar que os pais vão ser orientados no manuseamento do programa de controlo parental contido nos Magalhães. “é importantíssimo que os pais aprendam como proteger os miúdos”. Os contactos estabelecidos a partir de redes sociais como o Hi5, Messenger, MySpace e Facebook, entre outros, estão na base de muitas queixas chegadas à PJ. Das quais um preocupante número dizendo respeito a abusos sexuais. “O simples facto de os miúdos aparecem em fotografias que os identificam nas páginas do Hi5 pode suscitar o interesse dos predadores sexuais”, sublinha Carlos Alves.

O inspetor-chefe Camilo Oliveira, da PJ de Coimbra, que também anda em palestras pelas escolas, confirma que aqueles “pontos de encontro” são, ao mesmo tempo, verdadeiros catálogos para predadores sexuais. “Neles, estes indivíduos conseguem selecionar as suas vítimas em função da idade, do sexo e da localização”, refere. “O ano passado, nos Estados Unidos, foi feito um cruzamento entre bases de dados e descobriu-se que 29 mil predadores sexuais cadastrados tinham página no MySpace”, conta o responsável da PJ, apontando estudos que demonstram que “mais de 80 por cento do tempo que os miúdos portugueses passam na Net é em sites do género”.

Não por acaso, em 2007, foram registados em Portugal nove desaparecimentos de meninas associados a contactos via Net. E os casos vão-se repetindo. Em setembro de 2008, a PJ de Lisboa deteve um homem de 52 anos que aliciou uma menor de 13 via Internet. Em julho, dois indivíduos foram acusados da coautoria de uma violação de uma rapariga de 16 anos que conheceram através da Internet e atraíram depois para o mundo off line. Em novembro, os jornais contaram a história de uma adolescente de 14 anos que viajou do Estoril ao Funchal, sem conhecimento dos pais, para encontrar-se com um rapaz que tinha conhecido num chat. Ao todo, no ano passado, passaram pela PJ perto de duas dezenas de casos de adolescentes violadas ou vítimas de abusos sexuais, na sequência de encontros marcados pela Internet. A maioria dos casos, porém, não chega à polícia. “As crianças ou nem se apercebem que estão a ser vítimas de crimes ou escondem dos pais, com medo dos castigos”, diz Camilo Oliveira.

Mesmo assim, foi o aumento das denúncias que fez com que o crime de pornografia envolvendo menores até aos 18 anos com enquadramento na Internet ganhasse autonomia no Código Penal. “Se a criança tiver menos de 14 anos e o indivíduo a aliciar para fins de natureza sexual, convencendo-a por exemplo a exibir-se perante uma web cam, a pena vai até três anos”, exemplifica Camilo Oliveira. Se o caso envolver “a produção, distribuição, venda ou cedência de pornografia de menores, as penas vão de um a cinco anos de prisão”.

Ricardo Teles, de 15 anos, e um dos alunos da EB 2,3 de Cabreiros que foram ouvir o inspetor Carlos Alves, é assíduo na Internet, tem MSN e página no Hi5 e jura que não sabia que histórias como as que ouviu contar podiam acontecer. Lição aprendida? “Claro. Vou mudar a foto no Hi5 e tirar o meu nome verdadeiro. E vou pensar duas vezes antes de me pôr a falar com estranhos”.

29 mil predadores sexuais cadastrados dos EUA tinham página no MySpace, uma rede social aberta.

PJ “não tem recursos suficientes”
A procuradora-geral adjunta Maria José Morgado garante que a PJ “tem investigadores altamente capacitados” para combater o crime sexual via Internet. O problema, acrescenta a diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, está na “inexistência de recursos em número suficiente, considerando a intensidade e a exuberância do fenómeno”. Mais ainda porque este tipo de crime exige “uma ação proativa, com um policiamento constante” do espaço cibernético. O relatório que a PGR divulgou o ano passado revelou que, dos 561 inquéritos por crimes sexuais abertos em 2007, mais de 12 por cento dizem respeito a crimes cometidos via Net. E apontou a exploração sexual de crianças através da Internet como “um dos maiores flagelos do nosso tempo” e “um dos maiores desafios de sempre”.

Pais têm muitas dúvidas sobre o Magalhães

Público | 2009-02-16

Até ao momento registaram-se 326 mil inscrições no e.escolinha, o que representa 80 por cento dos alunos

Na escola, a professora informou que se os pais aderissem ao computador portátil Magalhães, no futuro os filhos não poderiam aceder ao programa e.escola, destinado aos alunos do 2.º ciclo e seguintes. A informação foi mal dada e diariamente os pais questionam as escolas sobre o programa e.escolinha, informa o Gabinete de Comunicação do Plano Tecnológico da Educação.

Os alunos do 4.º ano que este ano adiram ao Magalhães, “caso a oferta se mantenha”, poderão pedir o equipamento do programa e.escola no próximo ano, “independentemente do facto de ter aderido ao programa e.escolinha no decorrer do presente ano letivo”, esclarece o mesmo gabinete. Até ao momento registamos 326 mil inscrições no e.escolinha, o que representa 80 por cento dos alunos do ensino público abrangidos pelo programa. E os dois programas vão manter-se no próximo ano? “é prematuro pronunciarmo-nos sobre essa matéria”, responde Diogo Sousa, do gabinete de comunicação do plano.

As dúvidas mais frequentes dos pais e dos professores são sobre o custo do computador portátil, se é obrigatório ter Internet e porque é que são os professores a fazer a inscrição.

As respostas aqui ficam: o Magalhães é gratuito para as crianças no escalão A da Ação Social Escolar, 20 euros para os do escalão B e 50 euros para os restantes. A Internet é facultativa. O computador traz vários programas instalados, alguns são adequados ao trabalho que se realiza na escola, outros permitem desenvolver materiais, comunicar ou navegar na Internet. Em todos os computadores encontram-se instaladas ferramentas de segurança, que permitem aos pais, caso queiram, acompanhar e orientar o uso dos portáteis pelos seus filhos, o chamado controlo parental.

Porque é que cabe aos professores fazer a inscrição? Porque o Governo encara o Magalhães como um “material recomendado para utilização em sala de aula”. Portanto, o que se pretende é o envolvimento dos professores e das escolas.

A escola deve assegurar que muitas famílias que ainda estão familiarizadas com as novas tecnologias, possam aceder a este programa. “Pretende-se que este programa contribua para reduzir as desigualdades sociais entre alunos. O não envolvimento da escola e dos professores neste processo contribuiria para o aprofundar das desigualdades de acesso”, considera o gabinete do Plano Tecnológico da Educação.

Alunos portugueses sem regras de acesso à Internet

Público | 2009-02-12

Quase metade dos alunos portugueses, entre os oito e os 17 anos, não tem qualquer controlo no acesso à Internet

Mais de 44,4 por cento dos alunos entre os oito e os 17 anos afirmam não ter regras para usar a Internet em casa e 54,3 por cento referem que ninguém controla as páginas que visitam nem mesmo o correio eletrónico.

Os dados foram revelados ontem no estudo Crianças e Internet: Usos e representações, a família e a escola”, elaborado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.

No caso dos 55,6 por cento de alunos que afirmaram ter regras em casa para a utilização da Internet, 71,5 por cento dizem que as mesmas se referem ao tipo de páginas que podem visitar, 62,2 por cento às pessoas com quem pode comunicar e 58,9 por cento às informações que podem dar.

Os resultados do estudo revelam que as crianças são influenciadas pela sua condição social, sendo que os pais com origens sociais desfavorecidas não compreendem a relevância da Internet no uso doméstico.

Da mesma forma, revela que a existência de regras sobre o uso da Internet em casa é maior (63,9 por cento) quando os pais têm um nível de escolaridade “superior” e menor (42,5 por cento) quando a educação dos encarregados de educação é designada de “elementar”. 67,8 por cento das crianças afirmam mesmo que percebem mais de Internet do que os próprios encarregados de educação. No total dos inquiridos, 43,4 por cento dizem que aprenderam a utilizar a Internet sozinhos, e só 25,5 por cento afirma ter aprendido com a ajuda dos pais.

Questionados sobre se já sentiram medo ao usar a Internet, 12,7 por cento dos alunos respondeu “sim”, sendo que o medo mais referido é o medo de desconhecidos, com 45,5 por cento de respostas. No entanto, 5,7 por cento dos estudantes admitiram já ter marcado um encontro com desconhecidos através da Internet, sobretudo rapazes entre os 13 e os 17 anos.

Mais de 80 por cento dos inquiridos reconhecem que não se pode confiar em toda a informação que se encontra na Internet e 61,1 por cento referem que é mais fácil fazer os trabalhos de casa com esta ferramenta.

Vendas de portáteis em Portugal dispararam 85,6 por cento

Público | 2009-02-12

A crise parece estar a passar ao lado do mercado dos computadores, pelo menos em Portugal. As vendas gerais de computadores (incluindo portáteis e “desktops”) aumentaram 58,8 por cento no ano passado, mas foram sobretudo impulsionadas pelas vendas de portáteis, que dispararam 85,6 por cento.De acordo com os dados divulgados pela consultora IDC, o mercado nacional de computadores, que inclui as vendas de portáteis e “desktops”, atingiu os 1,63 milhões de unidades em 2008, tendo crescido 58,8 por cento em relação a 2007 – um valor bastante superior à média de 16,8 por cento da Europa Ocidental.

No caso dos computadores portáteis, a diferença é ainda maior. Dos 1,63 milhões de computadores vendidos, 1,33 milhões eram portáteis, o que faz de Portugal o país da Europa Ocidental onde se vendem mais portáteis, em termos proporcionais. Em relação a 2007, o crescimento deste mercado foi de 85,6 por cento.

Do lado oposto estão os “desktops”, que viram as suas vendas cair 2,8 por cento em 2008, para as 303,8 mil unidades.

De acordo com Gabriel Coimbra, da IDC Portugal, “entre os principais fatores impulsionadores da procura de PCs portáteis pelo mercado doméstico e pelas empresas portuguesas estão os programas e.escolas e e.escolinhas, a crescente concorrência entre fabricantes e ainda a introdução no mercado dos mini-portáteis de baixo custo”.

O estudo da IDC mostra ainda que a HP lidera o mercado nacional de computadores, seguida da Toshiba e da JP Sá Couto, que produz o portátil Magalhães.

Quando analisado apenas o segmento dos computadores portáteis, é a Toshiba que assume a liderança, seguindo-se a HP, a Asus e a JP Sá Couto.

Em relação às vendas de “desktops”, a HP detém a maior quota de mercado, relegando a Dell e a JP Sá Couto para o segundo e terceiro lugares, respetivamente.

O “Magalhãesinho” mudou a vida de Nuno e de toda a família Santos

Público | 2009-02-08

Numa casa de Portel, a chegada do pequeno computador mudou hábitos de trabalho e entretenimento de pais, filhos, irmãos e tios

Ana Santos lembra-se como se tivesse sido ontem e até sabe o dia de cor – a 23 de setembro “a senhora ministra foi à escola e deu os Magalhãesinhos!”. O Nuno, o seu filho mais novo, recebeu um e a vida de toda a família mudou.

A escola de Portel, no Alentejo, onde a família de Ana Santos vive, foi uma das primeiras de Portugal a receber o computador portátil Magalhães (já foram entregues 120 mil em todo o país), destinado ao 1.º ciclo. No seu caso, foi a própria ministra Maria de Lurdes Rodrigues que os entregou e o Nuno “gostou tanto, tanto!” que, “quando chegou a casa, começou logo a usá-lo!” O Magalhães foi o primeiro computador a entrar em casa de Ana Santos, de 40 anos, e do marido, um casal que casou cedo e tem três filhos. A filha mais velha, de 22 anos, casou e tem um bebé de três, mas, apesar já não viver em casa dos pais, passa lá muito tempo com os irmãos, Vítor de 14 anos, que está no 9.º ano, e Nuno, que tem nove e está no 4.º.

Hoje, nesta casa de Portel todos usam o Magalhães. Mal a máquina chegou, a família rodeou-a e, curiosos, todos experimentaram. Em breve, com a ajuda do irmão e do cunhado, Nuno tornou-se um especialista. Usa o Magalhães para estudar, para fazer os trabalhos de casa, as cópias ou as composições. Mas também brinca. Em outubro, um mês depois de ter recebido o computador, Nuno já tinha uma pasta só sua com músicas que tinha gravado com a ajuda do irmão, fazia vídeos com os sobrinhos e tirava fotografias.

Dos jogos à pesquisa
No topo do ecrã, há uma câmara que permite fotografar e filmar e ele sabe bem como usá-la. Com o rato, desliza pelo visor até uma pasta, abre-a e mostra orgulhoso um pequeno filme que fez, no qual o protagonista é o sobrinho, que está a cantar. à noite, a família diverte-se a brincar no computador. “Gosto de jogar pinball com o meu cunhado”, diz Nuno.

Uns meses depois, foi a vez de o irmão do meio, Vítor, receber o computador do programa e-escola (já foram entregues 350 mil). Bem maior do que o “Magalhãesinho”, este tem uma mais-valia, o acesso à Internet. “O Nuno e o Vítor pesquisam coisas na Net para mim, porque eu também estou a tirar uma formação em Apoio à Família e à Comunidade”, revela a mãe, que, antes do curso, “fazia um pouco de tudo, limpeza, passar a ferro…”

O portátil de Nuno faz tanto sucesso que a mãe-estudante já o levou para évora, onde está a estudar, o dia todo, no novo programa Novas Oportunidades. “Levei para as professoras de Inglês e de Português verem o Magalhãesinho. Deu cá um sucesso! Ainda nenhuma delas tinha visto porque estão à espera que os seus filhos recebam!”, diz divertida.

Quando era criança, Ana Santos não pôde estudar e só completou o 6.º ano. Agora, está feliz com a oportunidade de regressar à escola. “Gosto de estudar e motivo os meus filhos a estudarem. Gostava de lhes dar uma vida melhor e vou lutar e ajudá-los para que o consigam.” Depois de terminado o curso, tem a esperança de conseguir um trabalho melhor. Quanto aos filhos: “Acredito que o computador pode ajudá-los a terem mais sucesso na escola porque eles têm mais acesso à informação. Foi uma coisa boa!”

2007: 9,5
Meta para 2010: 5

Grande teste chegou com a crise
Bandeira política de José Sócrates foi surpreendida com o aumento do risco de falências e do desemprego em áreas-chave como a da Qimonda.

Os Magalhães não vão desaparecer, nem os serviços públicos on-line, nem a Empresa na Hora – mesmo assim o Plano Tecnológico não vai escapar à crise. Nos dois anos que ainda tem para chegar ao fim, a ideia política que marcou a primeira metade da legislatura de José Sócrates vai mostrar se sobrevive ou sucumbe.

O risco de falência da Qimonda, uma das empresas à medida do Plano Tecnológico, fez soar o alarme, com os seus 1,4 mil milhões de euros de exportações anuais em semicondutores.

O Plano Tecnológico ainda faz sentido? Sim, dizem João Caraça e Vítor Corado Simões, que acrescentaram ao guia de indicadores do Governo uma segunda grelha de análise mais profunda para verificar se o plano torna, de facto, a economia portuguesa mais competitiva. Reconhecem, porém, que esta é uma altura difícil.

“O objetivo faz sentido e a tendência geral da ideia que preside ao Plano Tecnológico deve ser mantida: melhor qualificação dos recursos humanos, introdução de uma dimensão digital e reforço da inovação”, explica Corado Simões.

O país “não pode perder de vista a direção que quer seguir”, defende João Caraça, que é também diretor do serviço de ciência da Fundação Calouste Gulbenkian. Portugal, prossegue, “está apostado num caminho de modernização e de superação de índices de menor intensidade em relação à Europa. Tem de se manter o rumo”.

Mais autoestima
O mapa de indicadores destes dois investigadores, que valoriza, entre outros, a balança tecnológica – compra e venda ao exterior de aquisição e utilização de patentes, assistência técnica, serviços de investigação e desenvolvimento -, pode mesmo vir a revelar que as crianças portuguesas têm muito mais computadores e o número de doutorados cresceu sem que essas mudanças signifiquem que a economia passou a produzir mais riqueza.

O Plano Tecnológico não dá subsídios, nem aprova projetos. é apenas uma ideia política. A grelha de indicadores escolhidos pelo Governo afere, na prática, se o discurso político convenceu, por exemplo, as empresas de telecomunicações a investir em banda larga, que por sua vez animou a compra de computadores e facilitou o acesso à Internet.

Também prioritários são os incentivos à qualificação dos recursos humanos, embora o resultado final nem sempre seja o desejado. No programa Novas Oportunidades, destinado à formação de adultos e no qual estão hoje inscritas mais de 400 mil pessoas, quem recebe um certificado ganha mais autoestima do que oportunidades profissionais – o diagnóstico é de Hugo Rico, autor de uma tese de mestrado sobre o tema e profissional da área há sete anos.

A principal conclusão do estudo aponta que as pessoas a quem foi atribuído um certificado de equivalência escolar conseguiram sobretudo “elevar o nível de competências pessoais, da autoestima e do auto-conhecimento e ficaram com uma maior predisposição para novas formações”. O investigador ressalva que trabalhou com uma amostra “relativamente pequena, de cerca de 100 pessoas”. Mas, sublinha, “na esmagadora maioria dos casos, [o certificado] não teve impacto profissional”.

Pressão estatística
A descoberta contrariou as expectativas com que Hugo Rico partiu para o trabalho. E, afirma, também contraria o que a maioria das pessoas procura quando se envolve nestes processos.

Hugo Rico avança uma hipótese para a ausência de impacto profissional do Novas Oportunidades: “Talvez as instituições não estejam a capitalizar as competências e não se verifique, por parte dos empregadores, um aproveitamento das habilitações obtidas.”

Embora já previstos antes do Plano Tecnológico, foi só com o Novas Oportunidades que surgiram os certificados de equivalência ao 12.º ano (antes, a certificação estava limitada ao nono ano). Mas a principal vantagem do programa do Executivo de Sócrates, diz Hugo Rico, foi o grande aumento de oferta de formações para adultos: “Nunca houve em Portugal um investimento tão forte na formação de adultos.”

O programa também trouxe, porém, uma preocupação com as estatísticas: “Há uma pressão enorme da tutela para que os centros certifiquem pessoas. As metas sempre existiram em qualquer trabalho, mas não estamos numa linha de produção em que se pode fazer das pessoas aquilo que elas não aprenderam [a ser] ao longo da vida.”

A escola da vida também dá diplomas
é fácil perceber porque é que as aulas ficaram para trás na vida de Miguel Santos: trabalhou como figurante num filme de Manoel de Oliveira, foi empregado de mesa num restaurante de luxo no Algarve, operador de transmissões no centro de mensagens encriptadas do Exército, condutor da seleção inglesa no Euro 2004 e formador de jovens com deficiências.

Uma das profissões de que mais gostou foi a de jardineiro – trabalhou numa quinta isolada na Alemanha, para onde partiu com cinco “contos” no bolso, e foi contratado, anos depois, como jardineiro da Câmara Municipal de Coimbra, onde ainda trabalha. Tem 37 anos, é funcionário numa pequena biblioteca e quer terminar o 12.º ano no âmbito do programa Novas Oportunidades.

A lista não é completa. Miguel Santos teve outras ocupações desde que abandonou a escola e São Romão, na serra da Estrela. Aos 18 anos, reprovara já “duas ou três vezes” no 8.º ano e o trabalho num bar local permitia-lhe o desafogo possível para quem era o terceiro mais velho numa família de 11 irmãos.

Depois de ter figurado como guerreiro de Viriato no filme Non, ou a Vã Glória de Mandar, de Oliveira e parcialmente rodado na região, decidiu seguir a comitiva para Lisboa. “Surgiu uma proposta de trabalho da Madragoa Filmes. Estava saturado da escola. Tinha amigos mais velhos e alguns já tinham trabalho. Também queria a minha independência.” O produtor Paulo Branco deu-lhe emprego como técnico de adereços.

A experiência no cinema foi “divertida”, mas curta. A partir daí, numa sucessão de empregos e formações avulso, com o serviço militar pelo meio, desenhou-se uma vida onde a escola não tinha lugar. “Não estou arrependido.” Mas logo acrescenta: “Talvez tenha sido precipitado deixar a escola. A malta é nova, às vezes não pensa.”

Em 2003, decidiu pedir o certificado de equivalência ao 9.º ano, através de um processo de reconhecimento de competências adquiridas ao longo da vida. E tinha adquirido muitas. Na tropa, tirou um curso de telecomunicações. Pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, tirou outro de agrária. E soma-se a isto o que os profissionais da área chamam “aprendizagem não formal”. é o caso das línguas estrangeiras, que aprendeu como emigrante em Espanha e na Alemanha.

Na altura em que pediu o certificado, ninguém falava ainda de Plano Tecnológico. Desistiu do processo, retomou-o uns anos depois e quando obteve o diploma, em 2007, foi já no âmbito das Novas Oportunidades do Governo socialista.

Tirar o 9.º ano era um “grande objetivo pessoal”, mas a ideia era também progredir na carreira. As novas habilitações, contudo, ainda não tiveram qualquer impacto na vida profissional de Miguel Santos: apesar de trabalhar numa biblioteca municipal, mantém a categoria de jardineiro e está à espera de promoção.

2007: 4,4%
Meta para 2010: 12,5%

Nem sempre o Plano Tecnológico é a melhor ajuda
As vidas profissionais de Sandra e Maria João estão distantes no tema – uma observa golfinhos no Sado, a outra reescreve documentos oficiais em linguagem clara. Os seus projetos não são tecnológicos nem “empresa na hora”. São, sobretudo, mulheres empreendedoras, um grupo social que o Plano Tecnológico procura incentivar. Têm também a mesma idade, 35 anos, e duas histórias que são um bom teste às virtudes e fragilidades do Plano Tecnológico.

Maria João Fonseca lançou a Vertigem Azul com um amigo, há uma década, em Setúbal. Depois de uma licenciatura em Gestão e Planeamento de Turismo na Universidade de Aveiro, de um estágio em Londres, na Deloitte, e de um trabalho sobre o Parque Natural da Arrábida, Maria João criou, em 1998, a primeira empresa de observação de golfinhos do Sado, ao abrigo das iniciativas locais de emprego (ILE).

Dos 500 visitantes do estuário em 1998, a Vertigem Azul regista hoje 7000 anuais. Começaram por ser sobretudo estrangeiros, hoje são nacionais e escolas. Trabalha com quatro colaboradores permanentes e na época alta contrata outros tantos.

Em 2004, a empresa decidiu trocar o velho semirrígido de seis metros e as canoas por um catamaran de 23 metros, com capacidade para 80 pessoas, comprado a um estaleiro francês. A embarcação começou a funcionar em 2007. Mal sabia que em janeiro de 2009 o processo ainda não estaria fechado. Foram 800 mil euros de investimento. Primeiro foi a candidatura aos apoios ao abrigo do Siftur, depois o aumento de capitais próprios, depois a compra da embarcação e os registos. é aqui que Maria João ainda está.

A capitania do porto de Setúbal emitiu inicialmente licenças de navegabilidade do catamaran que considera agora insuficientes e remete o caso para o Instituto Marítimo e Portuário, em Lisboa. O processo de registo ora requerido, sobre o qual a empresa se queixa de não ser claro, implica despesas de 70 mil euros. Num processo com muitas incertezas e com a burocracia às voltas, Maria João desabafa que este é o “caminho mais antiplano tecnológico possível”.

é exatamente da falta de clareza na comunicação externa da administração pública que nasceu a ideia empreendedora de Sandra Martins. A empresa, constituída em 2007, chama-se Português Claro e é a “primeira empresa portuguesa totalmente dedicada à comunicação em linguagem clara”. Depois de uma formação em Psicologia, de uma passagem pelo sistema de saúde público inglês, como psicóloga, e pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Sandra fez uma pós-graduação em Empreendedorismo no ISCTE.

Depois, desempregada mas motivada pelo curso e por umas ideias que não lhe saíam da cabeça desde Inglaterra, lançou-se a criar a empresa. Candidatou o projeto da Português Claro e recebeu, no âmbito das ILE, uma ajuda equivalente a 18 salários mínimos que tinham de ser gastos em investimento e não em pessoas, o que lhe pareceu pouco apropriado tanto mais que o fator distintivo do projeto estava no conhecimento das pessoas e não nos equipamentos.

Hoje, a empresa trabalha para a administração pública, banca e consultadoria de comunicações. Um dos últimos trabalhos foi para a Segurança Social – passar para linguagem acessível os textos para o novo contact center. A Segurança Social presta perto de centena e meia de serviços (subsídio de desemprego, doença, invalidez, etc.) e para cada um deles tem um texto com regras de quatro a 20 páginas. O trabalho da Português Claro foi transformar esses textos num guião disponível no ecrã das operadoras do contact center, que abriu há um mês, de modo a responderem de forma acessível a quem telefona para lá. O Plano Tecnológico, lançado dois anos antes da criação da Português Claro, tem impacto na sua atividade, diz Sandra Martins. “Se não houvesse Simplex, ninguém falaria em simplificação. Há mais disponibilidade das organizações para este assunto.”

Estima-se que 80 por cento dos portugueses não têm literacia suficiente para entender a linguagem do Estado.

2007: 142 Projetos apoiados
Sem meta para 2010

Estado on-line num país com fraca literacia informática
A Empresa na Hora e o Simplex tornaram-se duas das medidas mais mediáticas do Plano Tecnológico para a desburocratização da administração pública, que já levava em paralelo um programa de reforma. Hoje, as estatísticas indicam que tanto as empresas como os cidadãos deverão sentir diferenças na sua relação com as repartições públicas, onde o recurso ao trabalho informático e à Internet cresceu nos últimos anos. Em três anos, de 2005 ao final de 2007, Portugal passou da 13.ª/14.ª posição do ranking europeu para a 3.ª/4.ª posição no que se refere à disponibilidade dos serviços on-line.

Os serviços públicos disponíveis on-line e a sua sofisticação (interatividade com o utilizador) são os principais indicadores utilizados pela Comissão Europeia para avaliar a desburocratização e desmaterialização do trabalho da função pública, com base em 20 serviços públicos, dos quais 12 para cidadãos e oito para empresas.

No final de 2007 (último ano disponível), 87 por cento dos serviços da administração pública estavam ligados à Internet em banda larga, mais 14 pontos percentuais do que dois anos antes. Também a disponibilidade de serviços públicos on-line passou de 40 para 90 por cento entre 2005 e 2007 e a sua sofisticação de 68 para 90 por cento, com maior peso para as empresas: os serviços para estas já atingiram o nível máximo de 100 por cento, de acordo com dados do coordenador do Plano Tecnológico.

Uma outra medida de aparente crescimento refere-se à entrega de declarações por via eletrónica. Portugal tinha 6,7 milhões de utilizadores registados de declarações eletrónicas, até 2008, ou seja, mais quatro milhões do que em 2004.

No entanto, esta pode não ser uma medida direta de sucesso. Sandra Martins, da Português Claro, lembra que num país onde 80 por cento dos cidadãos não têm um nível de literacia suficiente para entender a linguagem do Estado e 20 por cento não conseguem preencher um formulário, muitos “pagarão para ter a sua declaração de IRS preenchida na Internet”.

2007: 90%
Meta para 2010: 100%

Wikipedia prepara aproximação às enciclopédias tradicionais

Público | 2009-01-28

A Wikipedia pode vir a adotar um modelo de revisão, aproximando-se assim do funcionamento de uma enciclopédia tradicional. O fundador Jimmy Wales propôs que as alterações feitas por utilizadores recém-chegados tenham de aguardar o aval de editores mais experientes antes de surgirem nas páginas.

A ideia surge na sequência de dois erros recentes. Durante o almoço da tomada de posse de Barack Obama, o senador Ted Kennedy desmaiou e foi hospitalizado e um outro senador, Robert Byrd, de 91 anos, resolveu sair da cerimónia após o incidente. Pouco passava das três da tarde quando a Wikipedia dava os dois como mortos. Mas estão ambos de boa saúde.

Os erros foram corrigidos cinco minutos depois. é uma das características do site: o grande número de utilizadores atentos a cada modificação faz com que a maioria dos erros não persista durante muito tempo. Mas a correção não foi célere o suficiente para que a imprensa e a blogosfera não desse conta da falha e para que não se levantassem protestos contra a falta de exatidão da enciclopédia.

As alterações nas entradas dos dois senadores foram feitas por pessoas diferentes, que não eram utilizadores assíduos da Wikipedia: um deles não tinha qualquer historial no site, o outro tinha apenas feito outras duas contribuições nos dias anteriores.

A maioria do conteúdo da Wikipedia é produzida por um núcleo relativamente restrito de utilizadores voluntários. Como em qualquer comunidade online, estes utilizadores são ciosos da sua reputação e tendem a zelar pela exatidão das entradas que escrevem ou alteram. Mas qualquer cibernauta pode modificar o conteúdo e são estes que frequentemente introduzem erros.

A proposta de Wales – que sugere apenas um período de testes do novo modelo de funcionamento – não é pacífica. Ao estilo da Wikipedia, a sugestão está sujeita à aprovação da comunidade. Muitos utilizadores argumentam que a solução (adotada, por exemplo, na Wikipedia alemã) tornaria o processo de atualização demasiado lento e trabalhoso. Cerca de 60 por cento dos participantes na discussão mostram-se favoráveis à mudança.

Mais de três quartos dos computadores vendidos em Portugal já são portáteis

Público | 2009-01-16

A nível global, 2008 foi o ano em que os desktops foram ultrapassados. Mas no mercado português o fenómeno já é antigo e as marcas enfrentam o desafio dos pequenos netbooks

Os computadores portáteis ganham terreno face aos de secretária, os preços baixam e os mini-portáteis são um sucesso e uma aposta de várias marcas. Em traços largos, é o retrato recente da venda de computadores a nível mundial.

Em Portugal, o mercado não foge à regra – mas, se no resto do globo só em 2008 os portáteis ganharam a dianteira (e por uma ligeira margem), no caso português já há muito que os consumidores preferem a portabilidade.

Dados da empresa de análise de mercado GfK apontam que, entre janeiro e novembro do ano passado, 78 por cento dos computadores vendidos em Portugal eram laptops. à frente do que se passou a nível internacional, este indicador era de 71 por cento em 2007 e atingira os 68 por cento no ano anterior.

Já os preços têm vindo a descer (um fenómeno que favorece a adoção de portáteis, que há uns anos eram muito mais caros do que os restantes computadores). Em 2008, indica a GfK, um portátil em Portugal custava, em média, 775 euros (os desktops ficavam-se pelos 580). Mas, há apenas dois anos, comprar um portátil implicava um gasto médio de 1115 euros.

Com um mercado de portáteis maduro, um dos desafios que as marcas enfrentam agora é a explosão do negócio dos netbooks, assim chamados pelo facto de estarem vocacionados para tarefas básicas, como o processamento de texto, o acesso à Web, a utilização de e-mail e de outras aplicações online. São computadores muito pequenos e leves, vendidos a preços que oscilam entre os 200 e os 400 euros.

Tipicamente, os ultra-portáteis eram computadores com características técnicas próximas das de um portátil convencional e vendidos a preços muito elevados, para executivos interessados em manter uma conectividade constante. O segmento dos netbooks foi inaugurado pela Asustek, em 2007. Também em Portugal, a Asustek, com o Eee PC, foi a primeira a chegar. Desde então, porém, várias marcas apresentaram os respetivos modelos de netbooks.

Neste setor, a Acer foi das marcas mais rápidas a reagir e, a nível global, já conquistou o lugar da frente: segundo a empresa de análises DisplaySearch, a Acer detém 39 por cento do mercado, contra 30 da Asus.

Risco de canibalização
A HP é líder mundial na venda de portáteis, com uma quota de mercado a ultrapassar os 18 por cento. Em Portugal, a empresa vendeu 56 mil destes computadores em 2008 – mas não especifica qual a fatia de mercado a que este volume corresponde. Contudo, tendo em conta as vendas conjuntas de laptops e desktops, a marca fabrica um quarto dos computadores vendidos no mercado português.

O diretor de marketing da HP em Portugal, Alexandre Silveira, considera a tendência para os mini-portáteis “um movimento natural da indústria”. E nota que este sucesso não está a afetar as restantes vendas.

Um dos desafios que a indústria enfrenta com o sucesso dos netbooks é o facto de o fenómeno poder ter um impacto negativo na venda dos portáteis tradicionais. Quando a Asus lançou o Eee, tinha como alvo os estudantes. Mas o produto tornou-se atrativo para vários públicos. Só que, enquanto alguns optam pelos netbooks como segundos computadores (às vezes, como segundos portáteis), noutros casos o netbook é a primeira opção.

Alexandre Silveira, no entanto, observa que “não se assiste a uma canibalização com expressão no mercado de portáteis”. E refere um aspeto positivo: “é uma nova proposta [também dirigida a] utilizadores que, de outra forma, não iriam adquirir um portátil”. Silveira faz uma analogia com os voos low-cost: “Continua a haver lugar para vários tipos de oferta. De um modo geral existem mais passageiros, mas coexistem os utilizadores deste tipo de voos com os das carreiras tradicionais”.

Em meados de 2008, as lojas FNAC começaram a vender o portátil Eee, da Asustek. Era uma máquina pequena, com um monitor de apenas sete polegadas (um portátil tradicional tem normalmente um ecrã de 15 polegadas), muito leve e equipada com Windows ou uma versão especial de Linux. O computador já estava à venda há algum tempo nos EUA e, quando chegou a Portugal, conquistou adeptos. Não muito tempo depois, surgiu nas lojas o Acer Aspire One, com um ecrã e teclado ligeiramente maiores, bem como novos modelos do Eee, também maiores do que o original e que proporcionavam um maior conforto de visualização e na utilização do teclado. Rapidamente, surgiram ofertas de outras empresas: chegaram a Portugal netbooks da Toshiba, LG, HP, novos modelos da Asustek e ainda da marca portuguesa Tsunami. Em setembro, também o Magalhães (que se encaixa na categoria de netbook, embora seja destinado a crianças ou adultos sem experiência com computadores) chegou às prateleiras.

Wikipedia faz 7 anos

Público | 2009-01-15

Nasceu em 2001, anos antes da moda da criação e partilha de conteúdos chegar à Web. Muitos negam que seja uma verdadeira enciclopédia – mas é sem dúvida um gigantesco repositório de saber. No dia do sétimo aniversário, sete factos sobre a enciclopédia.

O termo wiki não nasceu com a Wikipedia. Trata-se de uma palavra havaiana que significa “rápido”. A palavra também foi aplicada na Internet muito antes de a Wikipedia nascer. Neste contexto, designa uma página Web que pode ser facilmente editada por qualquer pessoa. O primeiro wiki chamava-se WikiWikiWeb e foi lançado em 1995 por um programador in formático americano – o site era dedicado a programação e foi um sucesso, dando origem a vários sites que adotaram o mesmo modelo colaborativo.

Atualmente, há muitos wikis para além da Wikipedia. Um deles é o dicionário Wiktionary, que está associado à enciclopédia.

Há muitos que hesitam em chamar enciclopédia à Wikipedia. Mas o primeiro projeto do fundador Jimmy Wales estava muito mais próximo de uma enciclopédia tradicional.

A Nupedia, lançada em 2000, pretendia ser uma enciclopédia gratuita on-line (tal como a atual Wikipedia). Mas cada artigo deveria ser revisto por especialistas que estivessem dispostos a colaborar voluntariamente. A Wikipedia nasceu pouco depois como um projeto secundário.

A Nupedia, contudo, foi um fracasso. O processo de revisão de artigos era demorado e, ao fim de mais de três anos de atividade, o site acabou por encerrar. Estavam então concluídas apenas 24 entradas. Só a Wikipedia em língua inglesa conta hoje com quase 2,7 milhões de artigos.

Jimmy Wales, de 42 anos, enriqueceu o suficiente nos mercados financeiros em meados da década de 90 para não ter de se preocupar com dinheiro. é, regra geral, descrito como o fundador da Wikipedia. Mas não estava sozinho no lançamento do site.

Na verdade, a ideia de criar uma enciclopédia aberta foi descrita pela primeira vez pelo filósofo Larry Sanger, que Wales contratara como diretor da Nupedia (que veio a dar origem à Wikipedia). Contudo, Wales, em 2005, alterou o conteúdo da sua própria biografia na Wikipedia para retirar a expressão “cofundador” e apagar o papel de Sanger no lançamento do site. A Wikipedia permite que as pessoas façam apenas pequenas alterações às respetivas biografias. Wales ultrapassou estes limites.

Fazer uma pesquisa no Google significa frequentemente ter a Wikipedia nos resultados cimeiros. Isto acontece por causa da forma como o Google hierarquiza os sites.

A cada site, o motor de busca atribui uma nota, calculada com base no número de links que esse site recebe. O Google considera um link de uma página para outra como um voto da primeira na última. Mas os “votos” não são todos iguais. Um link a partir de uma página é tão mais importante quantos mais links essa página, por sua vez, tiver recebido. E também são contados os “votos” de um site em si próprio.

Ora, uma página da Wikipedia tem vários links para outras páginas da enciclopédia e para outras secções do site. A Wikipedia é uma fábrica de links para si própria – e a isso o Google não resiste.

Se a versão inglesa tem quase três milhões de entradas, a Wikipedia portuguesa fica-se por uma conta muito mais modesta: cerca de 450 mil artigos. O número, porém, é o suficiente para a Wikipedia em língua portuguesa ser a oitava maior, atrás de línguas como o francês, o alemão e o japonês, mas à frente do espanhol.

A Wikipedia em português integra artigos escritos em português de vários países. A ortografia do Brasil é mais frequente e muitos artigos dizem também respeito a pessoas, locais ou factos associados a este país. Indicadores como o tráfego do site ou a proveniência dos utilizadores ativos apontam serem sobretudo os brasileiros a impulsionarem a Wikipedia lusófona.

Os artigos da Wikipedia não são apenas gratuitos – são de todos. O site optou por uma licença que permite a qualquer pessoa a cópia integral, redistribuição e modificação dos conteúdos, inclusivamente para fins comerciais.

Foi ao abrigo das permissões desta licença que o portal Sapo lançou, em finais de 2007, o Sapo Saber. Basicamente, é uma réplica da Wikipedia lusófona, que privilegia os conteúdos respeitantes a Portugal e na qual algumas entradas são validadas por especialistas – o objetivo é que essas páginas sejam marcadas como tendo sido validadas, numa tentativa de contornar um dos grandes problemas que os detratores apontam à Wikipedia: a falta de credibilidade.

Na Alemanha, foi lançada uma versão da Wikipedia em livro (acompanhado por um DVD), que contém os 50 mil artigos correspondentes aos termos mais pesquisados naquele país. Algumas iniciativas também gravaram conteúdos do site em CD para distribuir em países africanos com dificuldades de acesso à Internet.

A Wikipedia é dos sites mais visitados do mundo. Segundo o Alexa, um serviço de medição de tráfego na Internet, é o oitavo site mais consultado: são milhões de utilizadores a acederem diariamente a milhões de artigos, que são escritos, revistos e alterados por milhares de pessoas. Tudo isto implica uma imensa infraestrutura informática (e 23 funcionários) para manter a Wikipedia a funcionar. O fundador Jimmy Wales informou recentemente que o projeto gasta “menos de seis milhões de dólares [4,6 milhões de euros]” anuais.

O site, contudo, não recorre a anúncios publicitários (que seria o modelo de negócio mais óbvio). Em 2002, Wales garantiu que a Wikipedia nunca teria publicidade. Em vez disso, o site lança periodicamente campanhas de angariação de donativos. A mais recente arrancou em finais de dezembro. Poucos dias depois, a meta dos seis milhões de dólares tinha já sido ultrapassada. Além disto, algumas empresas oferecem gratuitamente equipamento e serviços.

Chegou a era dos portáteis

Público | 2009-01-12

São pequenos (ou mesmo muito pequenos), estão cada vez mais baratos, transformaram-se em acessórios de moda e satisfazem as modernas necessidades de conectividade constante. Os portáteis estão a ganhar terreno aos tradicionais computadores de secretária – é o começo de um novo ciclo.

é um sinal dos tempos e veio dois ou três anos antes do que a maioria das previsões antecipava: em 2008, noticiou a agência Reuters em dezembro, já se venderam mais computadores portáteis em todo o mundo do que computadores de secretária. A diferença entre as vendas dos dois tipos de computador ainda é ligeira – poder-se-ia até falar de um empate técnico. Mas a tendência é clara e a distância entre desktops e portáteis vai aumentar nos próximos anos. Este é o momento em que começa o fim de uma era.

Ainda no início da década, os computadores portáteis eram uma opção relativamente rara. A razão era simples: eram muito mais caros do que um computador de secretária. Hoje, um olhar sobre os catálogos e escaparates das lojas de informática não deixa margem para dúvidas: a redução dos preços dos computadores esbateu a diferença entre desktops e laptops. Mesmo os portáteis de baixa gama têm capacidades técnicas suficientes para as necessidades da maioria dos utilizadores (escrever textos, navegar na Internet, jogar jogos simples) – e os preços destes modelos rondam os 500 euros. Aproveitando promoções, não é difícil consegui-los por valores mais baixos (já os topo de gama aproximam-se dos três mil euros).

Com os preços reduzidos e a mobilidade a ser uma vantagem incontornável, o que poderá levar alguém a comprar um computador de secretária? O preço, precisamente, pode continuar a ser uma razão. Para utilizadores pouco exigentes, cerca de 100 euros (teclado, rato e monitor à parte) bastam para comprar uma máquina com características técnicas que fazem corar de inveja quem tenha comprado um computador há mais de dois anos. Mesmo fazendo as contas ao resto do equipamento, os gastos para ter a máquina a funcionar em casa não ultrapassam as poucas centenas de euros.

Entre os utilizadores que tipicamente preferem os desktops estão os jogadores inveterados. Muitos dos modernos jogos de computador exigem máquinas potentes – e obter um portátil com este nível de desempenho já implica abrir muito os cordões à bolsa. Além disto, os portáteis têm ecrãs relativamente pequenos onde se perde parte da qualidade gráfica que estes jogos oferecem. Por razões semelhantes, alguns profissionais que trabalham na edição de vídeo, imagens ou fotografia preferem fazê-lo em computadores de secretária.

Acessórios de moda
A adoção de portáteis reflete também novas necessidades, surgidas com a massificação do acesso à Internet. A procura de conectividade constante, a larga oferta de produtos de Internet móvel (um tipo de ligação que foi bem recebida pelo mercado português), a maior dependência de ferramentas on-line para trabalho e diversão fomentam o uso do computador em muitos ambientes para além da casa ou do escritório.

Diversos locais públicos têm procurado nos anos recentes adaptar-se a esta realidade. Um pouco por todo o país, câmaras municipais lançam iniciativas para disponibilizar Internet gratuita e sem fios. Vários bares e cafés usam a oferta de ligação à Internet como chamariz de clientela, sobretudo jovem. Ler o e-mail enquanto se toma café tornou-se um hábito para alguns utilizadores – e passou a ser tido como parte de um estilo de vida urbano e moderno.

Já do ponto de vista profissional, os portáteis aproximam-se, em certos casos, do imprescindível. Muitos executivos não dispensam levar o computador consigo nas muitas viagens que fazem (há Internet nos aeroportos, nos hotéis e já se começam a testar sistemas de acesso dentro dos aviões). As marcas que apostam neste segmento esforçam-se para criar baterias com uma duração cada vez maior, de forma a responder às necessidades de profissionais que passam boa parte do tempo fora do escritório. é o caso da HP, que anunciou em setembro uma bateria capaz de trabalhar 24 horas sem ser recarregada.

Por outro lado, um computador já não é uma mera ferramenta. Hoje, o computador pessoal é muito mais pessoal do que há uns anos e é um objeto suficientemente estimado para muitos preferirem trazê-lo sempre debaixo do braço ou na mochila, em vez de o deixar em casa e serem obrigados a usar outros computadores fora de portas. E, enquanto objeto pessoal, um portátil tem uma outra vantagem sobre um computador de secretária: transforma-se facilmente num acessório de moda. é um caminho que não passou despercebido aos fabricantes.

Muitas marcas já perceberam que o tempo dos portáteis em tons de cinzento está ultrapassado. A Sony, com a sua gama Vaio, produz computadores de múltiplas cores e padrões. As estruturas em plástico brilhante estão na moda (é uma aposta da LG, por exemplo). E a Apple (cujos portáteis têm vindo recentemente a conquistar adeptos em Portugal) faz do design e do aspeto sofisticado quase uma questão de honra.

Ainda mais portáteis
Desde o ano passado que têm vindo a surgir em Portugal vários modelos de um novo tipo de portátil. São aparelhos muito pequenos, muito leves (alguns chegam a pesar menos de um quilo) e baratos: os preços oscilam entre os 250 e os 400 euros. A Asus inaugurou este mercado, mas, desde então, a LG, a Acer e a Toshiba já introduziram os respetivos modelos.

O portátil Magalhães tem a particularidade de estar pensado para crianças, mas também se encaixa nesta categoria. São portáteis que se destinam sobretudo a tarefas como escrever texto, navegar na Web e usar o e-mail (é possível ouvir música e até ver filmes, mas não jogar um jogo de última geração). E, embora o primeiro-ministro José Sócrates tenha garantido, em outubro, durante a cimeira ibero-americana e perante vários chefes de Estado, que os seus assessores não precisavam de outra ferramenta, o mais provável é que quase ninguém use o Magalhães ou qualquer outro computador deste género para trabalho a sério.

Estes computadores, chamados netbooks, são construídos para quem precisa de muita mobilidade e não tem que usar software exigente, uma vez que a performance destas é reduzida face à de outros computadores. Alguns netbooks estão equipados com sistemas operativos Windows, mas outros têm instaladas versões especiais de Linux, desenhadas para tirar o máximo proveito dos ecrãs de reduzidas dimensões. Apesar das limitações, têm sido um sucesso.

O domínio dos computadores portáteis já se desenhava há alguns anos, mas, como tipicamente acontece no mundo da informática, não foi previsto com muita antecedência. Na década de oitenta, quando os portáteis eram muito rudimentares e um luxo muito caro, havia a convicção de que um computador que podia ser transportado facilmente era apenas um produto de nicho. Em 1985, o New York Times chamava aos portáteis “computadores para executivos” e argumentava que também poderiam interessar aos militares.

Não é caso único de previsão falhada. Anos antes, em 1977, um empresário americano e engenheiro do prestigiado MIT, chamado Ken Olsen, fizera uma outra previsão, que ficou célebre na história da tecnologia: “Não há nenhuma razão para alguém ter um computador em casa”. Na verdade, havia várias e os desktops, que nessa altura começavam a chegar ao público, acabaram por massificar-se e dominar o mercado. Foi uma era que durou perto de 30 anos.

1975 A IBM lança o primeiro computador com o aspeto de um desktop moderno. Incluía um teclado querty, monitor e um dispositivo de armazenamento de informação em fita magnética.

1975 é fundada a Microsoft, responsável pelo MS-DOS e pelo Windows, atualmente o sistema operativo mais usado em todo o mundo.

1976 é fundada a Apple, que criou em finais da década de 70 e início de 80 vários computadores pessoais inovadores para a época.

1981 A IBM lança o IBM Personal Computer, equipado com DOS. é lançado o primeiro PC portátil – pesava mais de dez quilos.

1983 A Apple lança o primeiro sistema operativo com interface gráfica.

1985 A Microsoft lança o Windows, aderindo ao paradigma das interfaces gráficas.

1986 A IBM introduz no mercado o primeiro portátil com um aspeto semelhante ao dos atuais.

1990 A Intel fabrica processadores próprios para portáteis.

1991 A Apple lança os portáteis PowerBook, introduzindo algumas inovações num mercado onde já operavam vários fabricantes.

Biblioteca Digital Camões com novos conteúdos é sinal do caminho para o séc. XXI

Público | 2009-01-08

No mês em que comemora 80 anos, o Instituto Camões renova o seu site e, através das novas tecnologias, prepara o caminho para o futuro.

O Centro Virtual Camões, que pertence ao site oficial do Instituto Camões e integra a Biblioteca Digital Camões, tem cerca de 500 mil visitas mensais. A partir das 16h de hoje poderá passar a ter muito mais, pois a Biblioteca Digital Camões abrirá com design renovado e novos conteúdos.

é um projeto em construção, afirma a presidente do Instituto Camões, Simonetta Luz Afonso, que pretende que esta biblioteca digital venha a ser um repositório da cultura em língua portuguesa e que seja um sinal do caminho a seguir pelo instituto neste século XXI.

Terá dicionários, a Infopédia, obras e partituras em PDF que poderão ser descarregadas. E a obra Os Lusíadas estará disponível a partir de hoje em formatos que permitem a sua leitura em telemóveis. Outras obras se seguirão.

A Biblioteca Digital Camões do site do Instituto Camões (http://www.instituto-camoes.pt/) irá disponibilizar 1200 documentos da cultura portuguesa dos últimos cinco séculos (textos literários, pautas musicais, ensaios, poesia e estudos científicos). Alguns já existem dispersos em outros sites, mas aqui ficarão agrupados num só sítio.

Estes conteúdos resultam de acordos até agora feitos com a Imprensa Nacional – Casa da Moeda (INCM), a Porto Editora, a editora Quimera, a Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), o Instituto de Investigação Científica Tropical (o seu acervo é o do antigo arquivo da Torre do Tombo) e ainda a MISO.

Foi conseguida a cedência dos direitos de publicação eletrónica do acervo da Comissão para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses através da DGLB e a digitalização (que inclui por exemplo as revistas Oceanos e outras edições que estão esgotadas e desapareceram do mercado) está a ser feita pela equipa do Instituto Camões.

Obras esgotadas do catálogo do INCM, já em domínio público (de autores falecidos há mais de 70 anos), irão estar disponíveis para descarga gratuita, bem como a coleção de clássicos portugueses da Porto Editora que inclui obras de Camilo, Júlio Dinis, Herculano, Vieira e Garrett.

Estas não são novidade, pois já estão disponíveis há anos em PDF no site da Porto Editora, bem como a coleção Vicente (a edição crítica da obra completa de Gil Vicente), que irá estar disponível na Biblioteca Digital Camões, mas que também pode ser descarregada através do site da Quimera. Contactaram também o projeto Gutenberg e utilizarão alguns dos seus conteúdos.

Algumas instituições mostraram-se disponíveis para fornecer conteúdos que não estão ainda no domínio público, mas pediram ao IC algum tempo para negociar com os autores.

Uma caixa de pesquisa para a Infopédia, da Porto Editora, estará disponível e a novidade é que quem aceder à enciclopédia em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Timor-Leste terá acesso gratuito.

Novas bases de dados foram acrescentadas ao Centro Virtual Camões (Novos escritores Portugueses, Banda Desenhada Portuguesa, Animação Portuguesa, Arte Contemporânea Portuguesa e Música Portuguesa dos Sécs. XIX, XX e XXI) e vão disponibilizar 200 partituras. “Há todo um mundo que através das novas tecnologias nós podemos abrir à cultura portuguesa. Inclusivamente, pedi-lhes que colocassem a partitura do hino nacional porque é muito pedida por estrangeiros”, diz Simonetta Luz Afonso.

200 partituras de música portuguesa dos séculos XIX, XX e XXI vão estar disponíveis na Biblioteca Digital Camões.

80 anos de história. Protocolos serão assinados no dia 22
No dia 22 de janeiro irá realizar-se uma cerimónia de comemoração do aniversário dos 80 anos do Instituto Camões (1929-2009) e nessa altura serão assinados os vários protocolos com as editoras e com as instituições que estão a participar neste projeto. Os cursos de formação a distância também fazem parte do Centro Virtual Camões, o sítio na Internet do Instituto Camões que serve para apoio ao ensino e aprendizagem do português.

A ideia nasceu quando um senhor telefonou da Sibéria para o Instituto a pedir que lhe dessem todos os dias uma aula de português pelo telefone.

Atualmente são mais de doze os cursos on-line (de cultura portuguesa contemporânea, estudos pós-coloniais, etc.) que são pagos e têm monitores. Este ano serão integrados três novos cursos de Intercompreensão linguística (Português, Espanhol, Francês), Interpretação de Conferências e História da Primeira República.