ORE | janeiro de 2017
É preciso que haja um esforço concertado na qualificação deste recurso entre Estado, editores, investigadores, pais e professores, não a sua dispersão.
Why textbook counts é um documento produzido por Tim Oates, responsável pela revisão curricular de 2010 em Inglaterra. Baseado no princípio curriculum coherence, Tim Oates procura perceber de que modo os manuais escolares em Inglaterra poderão ser um factor que está na origem dos piores resultados dos alunos deste país em testes internacionais, como o PISA ou o TIMSS. Por outras palavras, enquadrar-se-ão os manuais escolares por aquele princípio?
Em substituição dos manuais escolares, a aposta informal nas fotocópias revela-se inconsequente, e os resultados dos alunos parecem assim confirmar esta afirmação.
Mas Oates fornece ainda um outro argumento. Fala da necessidade de, ao tomar-se o sistema educativo finlandês como referência, efetuar-se do mesmo uma análise que não seja alheia à (sua) história. E se, por aí, é verdade que a Finlândia é hoje um país onde a autonomia é palavra de ordem, nem sempre assim foi. Entre 1972 e 1985 foi adoptada uma monitorização muito apertada da relação entre os manuais escolares e os programas que traduzem, resultando daí uma qualificação crescente deste recurso educativo e simultaneamente uma cultura, sobretudo por parte dos professores, pró-manual escolar (que é contrária àquela que Tim Oates afirma existir em Inglaterra). A maturidade do sistema educativo finlandês, no qual o manual é um recurso central – e isto é não apenas factual, mas também atitudinal -, é hoje uma realidade que implicou políticas que contra ele não atentassem, mas, pelo contrário, o promovessem.
Essa é, aliás, a razão porque no documento em análise se afirma a necessidade de, relativamente aos manuais escolares, haver um esforço concertado entre políticos, editores, investigadores, pais e professores, e não a sua dispersão – como acontece em Inglaterra e parece acontecer em Portugal.
Em suma, conclui-se: pela estruturação que, por definição, caracteriza o manual escolar – sob pena de já não o ser -, este recurso liberta os professores para a realização de outras tarefas que também inerem à sua profissão, em vez de terem de estar sempre a criar novos instrumentos e plasmá-los em fotocópias. E de melhores professores, como todos sabemos, resulta uma melhor aprendizagem.
O resumo do estudo está disponível aqui.
Este estudo na comunicação social
Schools told: reintroduce traditional textbooks in lessons Telegraph|20.11.14
Neglect textbooks harming English education system
Nick Gibbs speaks to education publishers about quality textbooks